Chegamos, enfim, nas finais da NBA 2020. Depois de um início cheio de expectativa, de duros meses de paralisação e de outros de luta e adrenalina, a decisão da maior liga de basquete do mundo já está entre nós.
Los Angeles Lakers e Miami Heat se enfrentam em um duelo de estilos e de filosofias. Há ainda uma série de histórias de superação, de exemplos de gestão e de homenagens aos grandes da história da NBA.
Dentro de quadra, lendas, estrelas em ascensão, calouros abusados e veteranos dando caldo. No fim, o maior desafio desse confronto é do espectador, que terá que se desdobrar para assistir tanta coisa acontecendo.
Mas pode ficar tranquilo, fã do basquete. No nosso Guia das Finais da NBA 2020, você encontra absolutamente tudo o que precisa saber para curtir ainda mais a grande decisão.
Lakers x Heat: o confronto das finais da NBA 2020
Dá para dizer que, em certa medida, as finais da NBA 2020 são surpreendentes. O Lakers, por exemplo, por mais favoritos que fosse ao início da temporada, chegou à decisão sem o “crédito” de passar pelo teste de fogo da “Batalha de LA”, contra o LA Clippers.
O Heat, por sua vez, é um caso curioso. Das projeções iniciais ao elenco, passando ainda pela posição na classificação da fase regular (5º), pode ser chamado, com todas as letras, de azarão.
Só que a equipe que entrou em quadra nos playoffs foi uma verdadeira protagonista, dando as cartas em todos os confrontos e operando na excelência da sua cultura de trabalho.
As filosofias e gestões de Lakers e Heat
No fim das contas, duelam as duas equipes mais consistentes frente aos desafios da pós-temporada. Essa, aliás, é uma das poucas semelhanças entre elas.
As finais da NBA 2020 opõem estilos, histórias e filosofias distintas. O Lakers entra com toda a tradição de seus 16 títulos, que fez a franquia se reerguer mesmo após complicadas gestões.
Tankings (ir mal propositalmente para conseguir boas escolhas de draft), brigas internas e uma remontagem completa do grupo em alguns meses, ao redor das duas estrelas. De alguma maneira, tudo isso culminou num time de boa defesa e de um voluntarioso ataque, sempre no comando de LeBron James e Anthony Davis.
O Heat, por sua vez, põe à prova, talvez mais do que nunca, a tal da Heat Culture. Moldada pelo ex-treinador e atual presidente Pat Riley, a franquia da Flórida se fez a partir de uma filosofia de um trabalho árduo, de viés militar, beirando o excessivo.
A cultura foi especialmente importante após o desmanche do Big Three — LeBron James, Dwayne Wade, Chris Bosch —, que liderou franquia ao bicampeonato de 2012 e 2013.
A remontagem do elenco se baseou em escolhas de draft baixas, mas precisas, na evolução paciente dos jovens e nas trocas cirúrgicas quanto aos líderes, como Jimmy Butler, Goran Dragic e Andre Iguodala.
Respeito e homenagem aos ídolos
Há ainda outra proximidade entre Los Angeles e Miami. E não estamos falando das praias. Ambas as franquias competem pelo legado de suas lendas.
O Heat, claro, de uma maneira bem mais leve, atrás de fazer jus à tudo que Dwayne Wade deixou em quadra. Aposentado na temporada 2018/2019, Wade esteve presente nos três títulos da franquia e bateu na trave dos playoffs em seu último ano como profissional.
Já o Lakers tem uma causa com a qual todo o mundo dos esportes simpatiza: homenagear a vida e as conquistas de Kobe Bryant, ídolo da franquia morto após um acidente aéreo em janeiro de 2020.
A catarse de um possível título do time de Los Angeles pode ser um daqueles momentos para a eternidade.
O caminho até as finais da NBA 2020
Como falamos, Lakers e Heat foram as duas equipes mais consistentes dos playoffs, pelo menos em relação aos resultados.
Considerando como são os confrontos de pós-temporada, ambos permaneceram no controle de suas respectivas séries por praticamente toda a fase final.
A confirmação dos Lakers
O time de Los Angeles teve uma campanha de confirmação. Apesar de começar perdendo nas séries de quartas e semi finais, nos momentos decisivos apareceram os fatores que o colocaram como favoritos ao título lá no começo de outubro.
Em outras palavras, LeBron James e Anthony Davis fizeram acontecer. Mais do que isso, foram capazes de elevar a competitividade e até o desempenho dos coadjuvantes ao seu redor. Essa dinâmica foi decisiva para as viradas contra o Trail Blazers de Damian Lillard e o Rockets de James Harden.
A final da Conferência Oeste exigiu mais das estrelas. Anthony Davis fez um magistral jogo 2 contra o “copeiro” Denver Nuggets, pontuando no buzzer beater que foi o grande momento do time nos playoffs. A vez de LeBron foi no jogo 6, quando colocou a bola debaixo dos braços e o Lakers na final.
A campanha do Los Angeles Lakers nos playoffs da NBA 2020
- Round 1: 4 – 1 Portland Trail Blazers
- Round 2: 4 – 1 Houston Rockets
- Final da Conferência Oeste: 4 – 1 Denver Nuggets
A surpresa do Heat
Mais do que uma surpresa, o Heat foi a grande atração da fase final da NBA 2020, competindo talvez com o “insistente” Denver Nuggets, que virou dois revezes de 3 a 1.
Ao contrário da superação dos jovens do Oeste, o campeão do Leste foi absolutamente dominante, varrendo na primeira rodada, abrindo três a zero contra o melhor time do campeonato na segunda e fazendo dois a zero na final de conferência com certa facilidade.
Chamou a atenção a ótima execução do jogo coletivo, com direito a muitas bolas de três e grande versatilidade ofensiva.
Goran Dragic foi o cestinha da série contra o Pacers; Jimmy Butler arrasou na pontuação contra o Bucks; Bam Adebayo foi “o cara” contra o Boston Celtics, seja no ataque, seja na defesa, quando protagonizou o grande lance da equipe na pós-temporada, um espetacular toco em ninguém menos que a Jayson Tatum, o franchise player Celta.
A campanha do Miami Heat nos playoffs da NBA 2020
- Round 1: 4 – 0 Indiana Pacers
- Round 2: 4 – 1 Milwaukee Bucks
- Final da Conferência Oeste: 4 – 2 Boston Celtics
Candidatos a MVP das Finais da NBA
No papel e nas quadras, Lakers e Heat apresentam gritantes diferenças. Estilo de jogo, montagem de elenco, filosofia de trabalho, enfim, tudo aquilo que torna as finais muito mais interessantes.
Porém, quando o assunto é candidatos a MVP das Finais da NBA 2020, os times são bastante parecidos. Um ala líder e All-Star e um versátil pivô de cada lado.
Estamos falando, claro, de LeBron James e Anthony Davis, no time de Los Angeles, e Jimmy Butler e Bam Adebayo, na equipe de Miami.
LeBron James
Médias dos Playoffs:
- Pontos: 26,7
- Assistências: 8,9
- Rebotes: 10,3
- Aproveitamento: 57,4% (Quadra), 34,9% (3PTS)
A estrela maior do confronto chega a sua décima final de NBA em 17 anos de carreira. Mais experiente, LeBron James tem um impacto mental e moral cada vez maior. Em quadra, um média nos playoffs beirando o triplo-duplo. O “Papai” tá ON.
Anthony Davis
Médias dos Playoffs:
- Pontos: 28,8
- Assistências: 1,2
- Rebotes: 9,3
- Aproveitamento: 57,1% (Quadra), 36,6% (3PTS)
Anthony Davis é uma máquina de pontuar, dono de uma habilidade e de uma agilidade absolutamente irreais para o seu tamanho. Nos seus primeiros playoffs “pra valer”, manteve seu desempenho defensivo de elite e tomou conta de pelo menos um jogo em cada série. E se ele fizer isso num jogo 7?
Jimmy Butler
Médias dos Playoffs:
- Pontos: 20,7
- Assistências: 4,5
- Rebotes: 5,7
- Aproveitamento: 45,7% (Quadra), 36,7% (3PTS)
Absolutamente focado — só conversando com companheiros de equipe na bolha — Jimmy Butler se encontrou como líder do Heat. Sua contribuição é maior do que indicam os números. Trabalha exclusivamente para o time durante os três primeiros quartos e chama todas as bolas difíceis nos últimos 12 minutos.
Bam Adebayo
Médias dos Playoffs:
- Pontos: 18,5
- Assistências: 4,9
- Rebotes: 11,4
- Aproveitamento: 57,1% (Quadra)
Quem vê esse pivô móvel em quadra nem desconfia que trata-se de um jogador de apenas 23 anos. A maturidade nas decisões ofensivas e a completude nos momentos defensivos o qualificam para partidas dignas de MVP.
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Os coadjuvantes das finais da NBA
Quem assistiu à um jogo sequer de pós-temporada de NBA sabe da importância dos coadjuvantes, que inclusive aumenta conforme avançam as tecnologias das ferramentas de análise de oponentes.
São os coadjuvantes os verdadeiros pontos de desequilíbrio das séries, até porque o poder de decisão das estrelas é sempre contabilizado nas estratégias pré-jogo.
Os guerreiros de LeBron e Playoff Rondo
O conjunto de coadjuvantes do Los Angeles Lakers é notavelmente menos qualificado que o do Heat. Apenas Rajon Rondo, dono de um anel com os Celtics em 2008, tem mostrado maior consistência e poder decisão, e mesmo assim só a partir da metade das semifinais.
Em compensação, Caruso, Morris e Caldwell-Pope fazem de tudo um pouco numa rotação difícil de se encontrar na NBA atualmente. Se matam nas coberturas na defesa em zona e disparam para os contra-ataques, e sem medo de fazer faltas.
No garrafão, Dwight Howard, até mais do que Javale McGee, faz o trabalho sujo, contribuindo positivamente nos rebotes ofensivos.
Experiência, defesa e artilharia do Heat
Se o time de Miami não tem ninguém próximo de LeBron e “AD”, absolutamente todos os seus coadjuvantes estão acima dos auxiliares dos Lakers.
Duncan Robinson e Tyler Herro são máquinas de três pontos. O primeiro tem 40% de aproveitamento nos playoffs; o segundo, 37,8%. Jae Crowder também tem comparecido no perímetro, mas contribuiu principalmente na defesa, versátil e vocal como Andre Iguodala. Aos 36 anos, o veterano vai para a sua sexta final consecutiva.
Chega a ser um menosprezo chamar Dragic de um coadjuvante, ainda que tenha sido reserva na maior parte da temporada regular. Ganhou a vaga de titular na bolha, sendo o maestro do jogo espaçado do Heat e muito eficiente nas infiltrações. Seu poste baixo é surreal para alguém do seu tamanho.
Os técnicos dos finalistas da NBA
No banco de reservas, o confronto dos técnicos dos finalistas da NBA é também bastante interessante. Erik Spoelstra e Frank Vogel tem histórias muito diferentes e estilo distintos, ainda que com algumas estratégias similares.
Certamente, o quebra-cabeça dos diversos mismatches (incompatibilidades físicas e técnicas nos confrontos individuais) desse confronto ocupa todos os pensamentos dos treinadores desde as finais de conferências.
As alternativas ofensivas e os ajustes defensivos que ambos devem mandar para a quadra farão um capítulo à parte desses, esperamos, diversos jogos.
Erik Spoelstra
Erik Spoelstra é um dos mais longevos técnicos da NBA atualmente, comandando o Miami Heat desde 2008.
Apadrinhado por Pat Riley, que o bancou nos momentos mais difíceis no cargo, Spoelstra teve que se import sobre o Big Three e depois se provar sem eles, tudo sem história alguma nas quadras da NBA.
Auxiliar de análise de vídeo ao fim dos anos noventa, o treinador é dono de um dos mais apurados olhares na beira das quadras da Liga.
Antenado às tendências, Spoelstra armou seu Heat de 2020 emulando o Golden State Warriors ofensivamente, desenhando infinitos bloqueios no perímetro para liberar a artilharia de seus melhores arremessadores. Só a velocidade que é um pouco mais cadenciada do que o time californiano.
Na defesa, armou uma zona que tem quebrado paradigmas, sendo utilizada na maior parte do tempo e complicando ataques. Parte dos créditos têm de ser compartilhados com a versatilidade defensiva nos matchups de Butler, Adebayo, Crowder e Iguodala.
Frank Vogel
Frank Vogel também não foi jogador. Teve de conquistar seu espaço na NBA na base da rodagem, sendo assistente de Celtics, 76ers e Pacers antes de se tornar treinado de fato.
Seus cinco anos na franquia de Indiana foram os seus melhores. O trabalho defensivo era a maior força da equipe, que teve seu auge nas finais da Conferência Leste de 2013, justamente contra o Heat. Os comandados de Vogel seguraram o time de LeBron James, que seria campeão, até o jogo 7.
O trabalho no Pacers certamente foi decisivo para a chegada ao Lakers em 2019, com a chancela, é claro, do “Rei”. Tanto é que a defesa é sua grande contribuição ao time californiano que, ao contrário do Heat de hoje, utiliza a zona em momentos-chave do jogo.
No ataque, a palavra de ordem é velocidade e força. Muitos contra-ataques e, quando o negócio aperta, bola na dupla de estrelas.
Calendário das finais da NBA
- Jogo 1 – Lakers x Heat – quarta-feira (30/9), 22h
- Jogo 2 – Lakers x Heat – sexta-feira (2/10), 22h
- Jogo 3 – Heat x Lakers – domingo (4/10), 20h30
- Jogo 4 – Heat x Lakers – terça-feira (6/10), 22h
- Jogo 5* – Lakers x Heat – sexta-feira (9/10), 22h
- Jogo 6* – Heat x Lakers – domingo (11/10), 20h30
- Jogo 7* – Lakers x Heat – terça-feira (13/10), 22h
* Se necessário. O primeiro a vencer quatro partidas será campeão.
Onde assistir às finais da NBA 2020
Você pode assistir às finais da NBA 2020 pela televisão aberta, pela TV a cabo e pela internet.
Nos canais gratuitos, a Band transmite todas as partidas. Nos canais fechados, a ESPN detém a exclusividade das finais na TV paga. Pela internet, a NBA League Pass também cobre todas partidas.
Os assinantes da ESPN também a opção de assistir às partidas pelo ESPN App, no celular, e do Watch ESPN, no computador.
Depois de entender como serão as finais da NBA 2020, aproveite para conferir outros conteúdos sobre Basquete:
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*Última atualização em 30 de setembro de 2020
Jornalista formado pela UNESP, foi repórter da Revista PLACAR. Cobriu NBB, Superliga de Vôlei, A1 (Feminino), A2 e A3 (Masculino) do Campeonato Paulista e outras competições de base na cidade de São Paulo. Fanático por esportes e pelas histórias que neles acontecem, dos atletas aos torcedores.