O fim da Olimpíada de Paris 2024 marca também o início do 3ª maior torneio do esportivo do mundo em termos de vendas de ingresso: os Jogos Paralímpicos. Assim, vamos lhe mostrar quais as regras dos esportes paralímpicos, adaptadas para os atletas com deficiência.
De acordo com o Movimento Paralímpico Internacional, os competidores são separados em categorias para um encaixe melhor na disputa, sendo distribuídos em: amputados, paralisados cerebrais, deficientes visuais, lesionados na medula espinhal (a primeira categoria criada na história) e deficientes mentais.
Regras dos esportes paralímpicos
Atualmente, as Paralimpíadas possuem 22 modalidades esportivas, enquanto os Jogos Paralímpicos de Inverno possuem apenas cinco.
As regras são alteradas para melhor encaixar a pessoa e sua deficiência no esporte que disputa e, com isso, algumas alterações de disciplinas convencionais, como ciclismo, basquete e levantamento de peso, mudam.
Atletismo paralímpico
O atletismo paralímpico é um dos esportes que todas as classificações de deficiência física, visual e intelectual podem competir. Notável pela quantidade de eventos em cada edição, as disciplinas atléticas são as que mais chamam a atenção do público nos Jogos.
Enquanto na Olimpíada os 100 metros tem duas finais (uma masculina e outra feminina), na Paralimpíada de Tóquio 2020 aconteceram 29 finais, sendo 16 masculinas e 13 femininas. Como um dos primeiros esportes no programa Paralímpico dos Jogos de Roma, em 1960, no decorrer dos anos foi ganhando várias disciplinas.
Dessa forma, existem decisões para as mais diferentes deficiências, tornando a disputa mais abrangente e inclusiva. Dependendo da limitação, o atleta pode competir com cadeira de rodas, próteses ou assento de arremesso. Além disso, atletas com deficiência visual podem ser acompanhados por um guia nas provas de corrida, ou por um treinador em salto ou lançamento.
Badminton Paralímpico
Um dos esportes mais jovens no torneio, o badminton paralímpico fez sua estreia em Tóquio 2020. No entanto, já era disputado em alto nível no cenário internacional desde a década de 90. Animados com a inclusão do esporte, 28 Comitês Paralímpicos Nacionais enviaram atletas para os Jogos no Japão, com 14 disputas de medalhas.
Os atletas de badminton competem em eventos individuais e em duplas, como na Olimpíada, mas o tamanho da quadra pode ser adaptado para determinadas categorias, como é o caso do individual, com cadeira de rodas. A disputa dura três sets, mas quem atingir 21 pontos em dois sets primeiros, vence a partida.
Basquete em cadeiras de rodas
O basquete em cadeiras de rodas foi criado como atividade de reabilitação para veteranos feridos na Segunda Guerra Mundial, mas acabou se tornando um fenômeno paradesportivo. Combinando velocidade, habilidade, controle da cadeira e da bola ao mesmo tempo, é um dos esportes que mais cativa na Paralimpíada.
Praticado em mais de 108 países em todo o mundo, as regras do basquete de cadeira de rodas é semelhante ao basquete olímpico. A partida é disputada por duas equipes de cinco atletas em uma quadra com o mesmo tamanho e altura da tabela do esporte tradicional. Por outro lado, o modo de guiar a bola é diferente.
Rugby em cadeira de rodas
O rugby em cadeira de rodas é um esporte inclusivo jogado por homens e mulheres com paralisia em todos os quatro membros. Como uma alternativa ao basquete em cadeira de rodas, oferece aos atletas com esse tipo de deficiência a oportunidade de competir em condições iguais.
As partidas de rugby em cadeira de rodas são compostas por quatro períodos de oito minutos cada. O jogo é disputado com uma bola de vôlei modificada em uma quadra de 28 metros por 15, dividida ao meio, com um círculo central e uma linha de try em cada extremidade.
Bocha
A bocha é um dos esportes exclusivos dos Jogos Paralímpicos. É praticado por atletas em cadeiras de rodas e por atletas que possuem deficiência física que afete a função motora. Fazendo sua primeira aparição na Paraolimpíada de 1984, o esporte inicialmente foi criado para pessoas com paralisia cerebral.
Jogada em quadra de 12,5 metros x 6, cada atleta começa ou encerra a rodada com seis bolas. O objetivo principal do esporte é lançar ou rolar elas o mais próximo possível de uma pequena bola branca, chamada de bolim ou jack. Com disputas individuais, duplas e trios, a quantidade de sets varia entre quatro e seis – caso seja disputado pela equipe de três atletas.
Canoagem paralímpica
Muito semelhante ao esporte Olímpico, a maior diferença é que eventos de canoagem paralímpica são realizados em águas calmas. Nesse sentido, são permitidos caiaques e va'as (canoa pequena original da polinésia). As provas de caiaque aconteceram pela primeira vez em 2016, no Rio de Janeiro, enquanto os va'as foram incluídos apenas em Tóquio 2020.
As regras da canoagem são as mesmas dos Jogos Olímpicos. A única diferença nos equipamentos é que os caiaques paralímpicos possuem um fundo maior para dar estabilidade aos atletas.
Remo paralímpico
O remo paralímpico estreou nos Jogos de Pequim 2008, com provas de 1.000 metros, que foram estendidas para 2.000 metros em Tóquio 2020, igualando-se à distância do remo olímpico. Atualmente, há cinco provas paralímpicas, incluindo três mistas (dois skiffs duplos PR2 e PR3 e um quatro com PR3).
Os barcos possuem assentos fixos, adequados para remadores sem função nas pernas. As regras do remo paralímpico são similares às dos Jogos Olímpicos, com os remadores participando em provas específicas conforme o gênero e a categoria de deficiência: PR1, PR2 ou PR3.
Ciclismo de pista paralímpico
Fazendo sua estreia nos Jogos Paralímpicos de Atlanta em 1996, o ciclismo de pista possui três modalidades: contrarelógio, sprint (individual ou dupla) e perseguição individual. De acordo com a deficiência, os atletas utilizam diferentes tipos de bicicleta, o que também os coloca em categorias distintas.
Os atletas podem competir no contrarelógio individualmente ou em equipes em um velódromo de 250 metros, nas distância de 500 metros ou um quilômetro a partir da posição de largada. Em perseguição individual, os atletas podem chegar a percorrer entre três e quatro quilômetros na pista.
Ciclismo de estrada paralímpico
O ciclismo de estrada paralímpico acontece nas ruas da cidade escolhida para sediar os Jogos. Incluído no cronograma paralímpico em 1984, atletas com deficiência visual podem competir nesta modalidade, sendo instruídas por um guia que fica à frente do ciclista.
As distâncias das competições variam de acordo com a deficiência dos atletas nas modalidades: convencionais, handbikes, triciclos e tandem, podendo alcançar os 150km de prova dependendo da disciplina. O mínimo em provas individuais são 26km nas bicicletas convencionais.
Esgrima de cadeira de rodas
A esgrima para cadeiras de rodas foi desenvolvida por Sir Ludwig Guttmann, no Hospital Stoke Mandeville, após a Segunda Guerra Mundial, para ajudar na reabilitação de pessoas com lesões na medula espinhal, fortalecendo os músculos e melhorando o equilíbrio.
A esgrima em cadeira de rodas rapidamente se tornou popular e o esporte foi incluído nos primeiros Jogos Paralímpicos, em 1960.
A esgrima em cadeira de rodas é um esporte estático no qual os atletas competem em cadeiras de rodas em uma estrutura especial firme, ancorada ao solo. Os esgrimistas não podem avançar ou recuar e estão sempre próximos dos adversários. Assim como as provas olímpicas, a esgrima em cadeira de rodas é dividida em três provas: florete, espada e sabre.
Futebol de cegos
O futebol para cegos é uma modificação do futebol convencional, que usa uma bola sonora para jogadores com deficiência visual. Foi incluído nos Jogos pela primeira vez nas Paralimpíadas de Atenas em 2004. O Brasil domina o esporte, sendo responsável por todas as medalhas de ouro conquistadas até Paris 2024.
O time de futebol para cegos é composto por quatro jogadores de linha e um goleiro. O jogo é dividido em dois tempos de 15 minutos cada e a superfície de jogo é de 40m x 20m. As tábuas correm pelas laterais para manter a bola dentro do campo de jogo.
Goalball
Esporte exclusivo da Paralimpíada, o goalball foi criado em 1946, após a Segunda Guerra Mundial, para veteranos que perderam a visão. Incluído no calendário paralímpico desde Montreal 1976, é disputado em uma quadra com as mesmas medidas do vôlei. A equipe atacante arremessa uma bola com guizos dentro.
Marcações táteis ajudam os jogadores a se localizarem em quadra. Para que a jogada seja válida, a bola deve ser quicada pelo menos uma vez dentro da área do defensor. Assim como no handball, as equipes se revezam constantemente.
Halterofilismo paralímpico
A variação do levantamento de peso serviu como percursor do halterofilismo paralímpico, feito em um supino reto. Realizado nos Jogos desde Sidney 1984, apenas em 2000 a modalidade feminina foi incluída. Neste esporte, diferentemente dos outros, não há classificação de deficiência.
Cada levantador escolhe o peso a ser colocado na barra e, ao comando do árbitro, desce até o peito, faz uma breve pausa e empurra a barra mais uma vez para o ponto em que foi retirado. No entanto, só deve ser colocada no lugar quando ficar claro que o atleta completou a repetição.
Hipismo paralímpico
Ao contrário da Olimpíada convencional, que conta com três disciplinas, o programa de hipismo paralímpico possui apenas um: adestramento. Ou seja, não há obstáculos, e o atleta que demonstrar melhor seu domínio do cavalo, como o guia e, na tradução literal da modalidade, o adestra, vence.
As competições paralímpicas de adestramento incluem eventos de teste individuais, eventos de teste de equipe com música (nos quais as montarias executam uma rotina definida) e testes de estilo livre individuais (que são exclusivos para cada cavaleiro conforme ele escolhe sua própria rotina e música).
Judô paralímpico
O judô paralímpico é uma das duas modalidades de artes marciais incluídas no torneio (Taekwondo). Disputado por atletas com deficiência visual, segue as mesmas regras da disciplina olímpica. Incapazes de ver o adversário se aproximando, devem usar o tato para tentar prever e impedir o golpe do adversário.
Os atletas devem segurar o kimono um do outro durante toda a luta. Se perderem o contato, o árbitro interrompe a disputa e reconecta os lutadores. Assim como no judô tradicional, caso o atleta consiga fazer um ippon, a luta acaba imediatamente. Por outro lado, pontos são somados se uma imobilização do braço acontecer.
Taekwondo paralímpico
O Taekwondo Paralímpico segue as mesmas diretrizes do tradicional, sendo exclusivo para atletas com deficiência de membros superiores. Incluso no calendário paralímpico desde Tóquio 2020, a modalidade foi desenvolvida em 2005. O primeiro campeonato mundial foi realizado em 2009.
No Taekwondo Paralímpico, as competições são realizadas em turno único, com duração máxima de cinco minutos. Os atletas usam equipamentos de proteção e “meias sensoriais” que determinam se um ponto é marcado quando um golpe é feito no torso do oponente.
Os lutadores recebem dois pontos por um chute tradicional, três pontos por um chute circular e quatro pontos por um chute giratório.
Natação paralímpica
A natação paralímpica, um dos esportes inaugurais dos Jogos Paralímpicos, estreou em Roma 1960 e, desde então, tornou-se uma das modalidades mais populares. Acessível a atletas com diversas deficiências físicas e mentais, a natação não exige equipamentos específicos e o uso de próteses não é permitido.
As provas incluem nado peito, costas, borboleta, estilo livre e medley, em diversas distâncias, exceto as de meio fundo (800m e 1.500m). Os nadadores iniciam com um mergulho ou já na água, dependendo de suas limitações, e recebem ajuda se não conseguirem segurar a plataforma de partida.
Tênis em cadeira de rodas
No cronograma paralímpico desde Barcelona 1992, o tênis em cadeira de rodas é um dos esportes que mais parecem com o tradicional, mas algumas regras mudam. Os atletas, divididos em duas categorias, Open e Quad, tem o esporte adaptado para que, mesmo com as limitações, possam disputar uma medalha.
O Open é para tenistas que possuem deficiência permanente de uma ou ambas as pernas, enquanto o Quad é para aqueles que tem restrições no braço que costuma usar a raquete, o que também limita a capacidade de manobrar a cadeira de rodas, algo tão importante no esporte que, ao contrário do tênis tradicional, é permitido que bola bata duas vezes na quadra no adversário.
Tênis de mesa
O tênis de mesa paralímpico é uma das modalidades que estão incluídas nos Jogos desde o início em 1960, ao contrário da modalidade tradicional, que se tornou olímpica apenas em 1988. Praticado por 40 milhões de atletas em 100 países ao redor do mundo, o “ping-pong” é um dos esportes em maior número de atletas nas Paralimpíadas.
Uma partida é decidida em melhor de cinco sets, com cada set vencido ao atingir 11 pontos com dois de vantagem. No tênis de mesa paralímpico, as regras são praticamente idênticas às do Olímpico, com ajustes no saque para cadeirantes: um “let” é chamado se a bola, após quicar na mesa, voltar em direção à rede e sair pelas linhas laterais em provas individuais.
Tiro com arco paralímpico
Assim como vários esportes, foi utilizado pelo percursor dos paralímpicos, Sir Ludwig Guttman, para veteranos da Segunda Guerra Mundial que voltaram dos confrontos com algum tipo de deficiência. O tiro com arco está presente desde a primeira Paralimpíada, que aconteceu em Roma, no ano de 1960.
Os arqueiros competem em duas classes nos Jogos Paralímpicos: Open e W1. No categoria aberta, os atletas podem competir em cadeiras de rodas, em pé ou apoiados em um banco. Nessa categoria, os competidores são caracterizados pelo movimento limitado do tronco e membros. Já no W1, demonstram algum grau de perda de força.
Tiro esportivo paralímpico
O tiro esportivo paralímpico é um desafio duplo para os atletas, exigindo que eles controlem o nervosismo e superem seus adversários, o que é uma tarefa complexa. Durante competições que podem durar até três horas, os competidores precisam realizar uma série de tiros, buscando a maior precisão possível no centro do alvo.
Essa modalidade estreou nos Jogos Paralímpicos em Toronto, em 1976, e inclui provas de carabina e pistola em distâncias de 10m, 25m e 50m. Dependendo da prova e da classe esportiva, os atletas competem de joelhos, em pé (ou em cadeira de rodas/se sentados), ou deitados, com o uso de mesas de apoio para os cotovelos, quando necessário.
Triatlo paralímpico
O triatlo paralímpico foi introduzido nos Jogos Paralímpicos de Verão Rio 2016, sendo disputado na distância “sprint,” que é metade da distância Olímpica. Os atletas percorrem 750m de natação, 20km de ciclismo e 5km de corrida. Atletas com deficiência visual competem acompanhados por um guia e usam bicicletas tandem.
Nas classes em pé, podem ser usadas próteses ou feitas adaptações na bicicleta conforme a deficiência. Na classe sentada, os competidores utilizam uma handbike para o ciclismo e uma cadeira de rodas para a corrida. Nas transições entre as modalidades, auxiliares oferecem suporte, pois essas etapas são cruciais no triatlo.
Vôlei sentado
O vôlei sentado é uma adaptação do vôlei tradicional, jogado por duas equipes de seis jogadores. Os atletas deslizam pela quadra usando a força dos braços, permanecendo sentados e se movimentando com agilidade e segurança.
Neste esporte, podem competir atletas com comprometimento ortopédico, hemiplegia, paralisia cerebral, problemas neurológicos degenerativos. A quadra no vôlei sentado é menor, medindo 6m x 10m, e a rede é mais baixa (1,15m para homens e 1,05m para mulheres) em comparação com o vôlei Olímpico, tornando o jogo intenso e de ritmo acelerado.
Ver essa foto no Instagram
Gosta de acompanhar esportes paralímpicos? Então dê uma olhada em outro conteúdos sobre o tema!
- Saiba tudo sobre a Olimpíada de Paris 2024
- Moedas das Olimpíadas Paris 2024
- Tipos de futebol 2024: conheça todos os que existem
- Daniel Dias: biografia, medalhas e recordes na natação
- Hortência toa na ferida e comenta polêmica de mulheres trans no esporte: “Eu sou contra a…”
Marcelo Cartaxo é jornalista, redator e repórter no Esportelandia, um dos maiores sites olímpicos do Brasil. Com passagens por Futebol na Veia, Premier League Brasil, Minha Torcida, Quinto Quarto e ShaftScore, adquiriu experiências que hoje somam na equipe de redação do site.