A esgrima em cadeira de rodas é um esporte que exige agilidade, estratégia e autocontrole, sendo considerado como uma das modalidades mais antigas dos Jogos Paralímpicos.
Com origem nos anos 1950, a modalidade foi criada para permitir que atletas com deficiência física pudessem competir em pé de igualdade.
O Brasil, embora tenha adotado a esgrima em cadeira de rodas apenas nos anos 2000, já conquistou espaço significativo na modalidade, especialmente na década de 2010, quando atletas brasileiros alcançaram ouro em campeonatos mundiais e Jogos Paralímpicos.
Onde surgiu a esgrima em cadeira de rodas?
A esgrima em cadeira de rodas teve suas raízes fincadas na Europa durante os anos 1950, fruto de uma colaboração internacional.
O esporte foi idealizado por Sir Ludwig Guttmann, um neurologista alemão que, radicado na Inglaterra, iniciou competições esportivas para veteranos da Segunda Guerra Mundial em recuperação no Stoke Mandeville Hospital.
Entre essas modalidades, a esgrima em cadeira de rodas começou a ganhar forma, com desenvolvimento posterior na Holanda, e teve suas regras oficialmente estabelecidas na França.
Guttmann, conhecido como o “pai dos esportes paralímpicos”, teve um papel fundamental na inclusão da esgrima em cadeira de rodas no cenário internacional.
A modalidade se solidificou em 1953, após uma competição na Holanda, e, dois anos depois, passou a fazer parte do programa oficial da primeira Paralimpíada, em Roma, 1960.
Desde sua introdução nos Jogos Paralímpicos de Roma, a esgrima em cadeira de rodas cresceu e se tornou uma modalidade importante no movimento paralímpico.
Quais as categorias da esgrima em CR?
Para melhor organizar a prática do esporte e principalmente as competições, a esgrima em cadeira de rodas conta com três categorias.
Conheça como os atletas da esgrima em cadeira de rodas são classificados logo abaixo:
- Categoria A: reservada aos atletas com bom equilíbrio sentado, de paraplégicos com lesões entre a T10 e a L12 a amputados abaixo do joelho ou com outras limitações similares;
- Categoria B: faixa de atletas com total equilíbrio sentado, mas com paraplegia entre a T1 e a T9 ou tetraplegia incompleta, com movimento do braço;
- Categoria C: nesta competem os chamados “atletas PC”, que tem dificuldades motoras nos braços e mãos e sem equilíbrio sentados.
Quais os tipos de provas da esgrima em CR?
As modalidades da esgrima em cadeira de rodas são as mesmas da esgrima: florete, sabre e espada. Elas são disputadas em todas as categorias. Assim, são nove tipos de provas:
- Sabre Categoria A
- Florete Categoria A
- Espada Categoria A
- Sabre Categoria B
- Florete Categoria B
- Espada Categoria B
- Sabre Categoria C
- Florete Categoria C
- Espada Categoria C
Regras da esgrima em cadeira de rodas
As regras da esgrima em cadeira de rodas são semelhantes às da esgrima convencional, com adaptações para os competidores.
Desenvolvidas pela Federação Internacional de Esgrima (FIE), elas asseguram que o esporte seja praticado com a mesma intensidade e complexidade que a esgrima convencional, com adaptações necessárias para os atletas cadeirantes.
Os atletas utilizam cadeiras fixadas ao solo, o que garante a estabilidade durante os combates, mas mantém a intensidade e rapidez das ações.
Existem três categorias principais na modalidade: florete, sabre e espada, cada uma com suas particularidades em termos de técnica e pontuação.
Assim, a principal regra se diz respeito sobre as cadeiras: elas não podem ser movidas. Se um dos atletas a move, o combate é imediatamente interrompido.
A duração das partidas na esgrima em cadeira de rodas é também diferente. Em duelos de primeira rodada em competições são 4 minutos ou cinco pontos.
Nas rodadas seguintes, três tempos de três minutos ou 15 pontos. A prorrogação com golden score é a mesma, com um minuto para algum dos esgrimistas pontuar.
A adaptação da esgrima em cadeira de rodas
Os materiais da esgrima em cadeira de rodas é muito similar aos equipamentos da esgrima. Armas, capacetes, itens de proteção, quase tudo é o mesmo. Mas são inevitáveis algumas adaptações pensando numa melhor e mais segura prática do esporte.
A pista, por exemplo, é menor. Mede quatro metros de comprimento por um metro e meio de largura. As menores dimensões fazem sentido, já que as cadeiras são fixadas em uma barra de ferro.
Entre os equipamentos, existe uma saia especial para os esgrimistas de espada e sabre. Como nestas duas modalidades só é possível pontuar da cintura para cima, esta peça adicional protege tanto as pernas quanto a cadeira.
De quebra, facilita o controle da pontuação ao impedir a condução elétrica na parte inferior do traje. No florete, há uma proteção somente para as cadeiras.
Outra adaptação são as espadas amarradas nos esgrimistas. Nas categorias A e B, elas ficam penduradas nos pulsos, já que a mão oposta geralmente é usada pelos atletas para se apoiar na cadeira.
Já na categoria C, de competidores com maiores dificuldades nos movimentos, as armas são amarradas nos pulsos e fixadas nas mãos.
Pontuação da esgrima em cadeira de rodas
Objetivamente falando, a pontuação da esgrima em cadeira de rodas é igual a da esgrima, isto é, com diferenças entre modalidades no que diz respeito às áreas válidas do corpo e da arma:
- Florete: Pontuação somente com a ponta da lâmina tronco do rival. Como é uma modalidade de convenção, só se pontua com a preferência de ataque.
- Sabre: Pontua-se tanto com a ponta quanto com a lâmina, mas somente com a vantagem e apenas acima do quadril.
- Espada: Pontuação somente com a ponta da arma, mas sem convenção e em qualquer parte acima do quadril do rival.
Quando, porém, vemos as partidas, vê-se que maneira de pontuar é muito diferente. A esgrima em cadeira de rodas é um esporte de muita estratégia. A principal mudança está na dinâmica de defesa, já que ambos os esgrimistas são alvos fixos.
Principais atletas da esgrima em cadeira de rodas
Pontuamos quem são os principais atletas da esgrima em cadeira de rodas dos últimos anos, incluindo tanto brasileiros quanto os melhores do mundo e suas respectivas conquistas.
- Jovane Gussone (BRA), campeão paraolímpico (2012) e campeão mundial (2020);
- Piers Gilliver (ING), campeão mundial, vice-campeão olímpico (2016) e número 1 do ranking mundial no Sabre A Masculino;
- Saysunee Jana (THA), bicampeã paraolímpica, tetracampeã mundial e número 1 do ranking mundial da Espada B Feminino;
- Ksenia Ovsyannikova (RUS), tricampeã paraolímpica, bicampeã mundial e número 1 do ranking mundial Florete C Feminino.
Esgrima em cadeira de rodas em Paris 2024
Para Paris 2024, o Brasil irá contar com uma delegação de sete competidores, sendo quatro homens e três mulheres.
A oportunidade de disputar a Paraolimpíada de Paris 2024 marca a sétima entrada do Brasil dentro da esgrima paralímpico e, se depender das expectativas, há grandes chances de medalha.
Com Jovane Guissone entre os inscritos, o Time Brasil está com todos os requisitos para voltar para casa com ao menos uma medalha de bronze no peito. Confira o restante dos nomes abaixo:
- Carminha Oliveira;
- Kevin Damasceno;
- Lenilson Oliveira;
- Mônica Santos;
- Rayssa Veras;
- Anderson Chaves.
Ver essa foto no Instagram
Depois de conhecer melhor a esgrima em cadeira de rodas, que tal se aprofundar em outros esportes paralímpicos?
- Ciclismo paralímpico: estrada, pista, medalhas e regras
- Canoagem paralímpica: história, regras e Paris 2024
- Bocha paralímpica: regras, medalhas e Paris 2024
- Basquete em cadeira de rodas: tudo sobre a modalidade paralímpica e Paris 2024
Repórter do Esportelândia. Jornalista pela Belas Artes. Responsável pela popularização da mídia do fisiculturismo de forma jornalística. Acadêmico de nutrição e criador da página Notícias Sobre Fisiculturismo. Está no Esportelândia desde 2021.