O tênis em cadeira de rodas é um esporte paralímpico que, embora não receba tanta atenção midiática, carrega em si uma forte carga emocional, misturando força de vontade, superação e determinação.
Voltado para atletas com membros amputados ou com dificuldades no sistema de locomoção, o tênis em cadeira de rodas não é apenas uma modalidade competitiva, mas também uma ferramenta poderosa de reabilitação.
Este esporte segue muitas das regras do tênis convencional, mas com algumas adaptações específicas para atender às necessidades dos atletas em cadeira de rodas.
Se você ficou curioso para saber mais, continue no texto e aprenda as principais informações e detalhes sobre o tênis em cadeira de rodas.
A história do tênis em cadeira de rodas
O tênis em cadeira de rodas surgiu há 47 anos nos Estados Unidos, fruto da iniciativa do tenista americano Brad Parks e do atleta de esqui acrobático Jeff Minnenbraker, ambos cadeirantes.
A ideia de adaptar o esporte para pessoas com deficiência física nasceu da necessidade de incluir atletas que buscavam continuar suas atividades esportivas, mesmo após lesões que comprometeram sua mobilidade.
No ano seguinte à criação da modalidade, Brad Parks desenvolveu uma cadeira de rodas projetada para a prática esportiva, dando maior conforto e equilíbrio aos atletas.
Essa inovação contribuiu para o crescimento da modalidade, atraindo um número crescente de adeptos.
Tênis em cadeira de rodas no Brasil
O tênis em cadeira de rodas chegou ao Brasil nove anos depois, em 1985, pelas mãos de José Carlos Morais.
Pioneiro na modalidade no país, Morais se destacou ao se tornar o primeiro brasileiro a competir em uma Paralimpíada, além de participar de nove mundiais e conquistar cinco títulos nacionais.
A estreia do tênis em cadeira de rodas nos Jogos Paralímpicos ocorreu em 1992, em Barcelona, marcando um importante passo na inclusão da modalidade no programa paralímpico.
As regras do tênis em cadeira de rodas são muito semelhantes às do tênis convencional, com uma única diferença significativa: os atletas podem permitir que a bola quique duas vezes antes de ser rebatida. Confira com mais detalhes nas próximas linhas!
Regras do tênis em cadeira de rodas
O tênis em cadeira de rodas é uma modalidade em crescimento, e para garantir a igualdade de condições entre os competidores, foram criadas duas categorias principais: “Open” e “Quad.”
Cada uma delas apresenta particularidades que refletem as diferentes necessidades dos atletas, permitindo que todos possam competir de maneira justa e competitiva.
Categoria Open do tênis em cadeira de rodas
Na categoria “Open,” participam atletas que possuem uma perda substancial ou total de movimento em uma ou ambas as pernas. Esta categoria também abrange aqueles com lesões nos membros inferiores.
As disputas na categoria “Open” demandam dos atletas habilidades técnicas e resistência, características essenciais para competir em alto nível.
Categoria Quad do tênis em cadeira de rodas
A categoria “Quad,” por sua vez, é voltada para atletas com deficiências que afetam tanto os membros superiores quanto os inferiores, os quais utilizam cadeiras de rodas motorizadas.
Para esses competidores, a escolha da cadeira é crucial, uma vez que as limitações físicas exigem um equipamento adaptado para maximizar a performance.
As competições na categoria “Quad” podem ocorrer em formatos de partidas simples, duplas ou duplas mistas, garantindo versatilidade e oportunidades para todos.
Principais diferenças entre o tênis convencional e o em cadeira de rodas
Há uma diferença crucial entre as regras do tênis em cadeira de rodas e às do tênis convencional: a bola pode quicar duas vezes, sendo a primeira obrigatoriamente dentro da quadra e a segunda podendo ocorrer tanto dentro quanto fora das linhas.
Além disso, jogadores tetraplégicos que têm dificuldades para sacar podem contar com a ajuda de um assistente para lançar a bola.
Outro aspecto importante é que a cadeira de rodas é considerada uma extensão do corpo do jogador.
Qualquer contato indevido da cadeira com a bola ou com as linhas resulta na perda do ponto, e os atletas devem permanecer sentados durante todo o jogo.
A falta de contato com o assento ou o uso dos membros para estabilização são infrações que resultam em penalidades, garantindo que o jogo seja disputado dentro das regras estabelecidas.
Equipamentos do esporte
O tênis em cadeira de rodas segue os mesmos padrões de equipamentos do tênis convencional, com raquetes, bolas e a altura da rede definidos pela Federação Internacional de Tênis (ITF).
Porém, o grande diferencial está nas cadeiras de rodas, que são especialmente adaptadas para a prática do esporte.
Essas cadeiras possuem rodas com uma curvatura exclusiva, projetada para proporcionar maior velocidade e equilíbrio durante os movimentos em quadra. Além disso, são mais leves que as cadeiras de rodas tradicionais, permitindo maior precisão nos deslocamentos.
Os tenistas em cadeira de rodas também podem utilizar diversos acessórios para otimizar sua performance. Faixas de tórax e cintura são comumente empregadas para garantir uma maior estabilidade torácica durante a movimentação da cadeira.
As faixas para as pernas, colocadas acima dos joelhos, têm a função de manter as pernas unidas, aumentando a estabilidade do atleta enquanto compete. Além disso, faixas nos pés proporcionam conforto e facilitam o deslocamento após as partidas.
Em Paris 2024, o tênis em cadeira de rodas mais uma vez demonstrará como a tecnologia e o design podem se unir ao esporte, permitindo que os atletas superem limites e encantem o público com suas habilidades e determinação.
Atletas internacionais e nacionais
Embora o tênis em cadeira de rodas ainda não receba a atenção merecida na mídia esportiva, a modalidade tem crescido globalmente.
No cenário internacional, a holandesa Esther Vergeer é considerada como a maior jogadora da história do tênis em cadeira de rodas. Vergeer dominou o ranking mundial por impressionantes 15 anos, acumulando 42 títulos de Grand Slam.
Sua carreira foi marcada por uma invencibilidade de 10 anos, durante os quais permaneceu imbatível em 470 partidas consecutivas.
Além disso, Vergeer conquistou seis medalhas de ouro e uma de prata em Jogos Paralímpicos, solidificando seu legado como uma das maiores atletas paralímpicas de todos os tempos.
Brasil no tênis em cadeira de rodas
No Brasil, o esporte também tem seus representantes de destaque. Natalia Mayara Azevedo da Costa, que competiu nos Jogos Paralímpicos de 2016, é uma das principais figuras femininas da modalidade no país.
Em 2015, ela foi reconhecida como a melhor atleta de tênis em cadeira de rodas no Brasil, consolidando sua posição entre as melhores do mundo.
No masculino, Maurício Pommê se destaca com suas conquistas nos Jogos Parapan-americanos.
Ele conquistou uma medalha de ouro no Rio de Janeiro em 2007 e uma de bronze em Guadalajara em 2011.
Com esses atletas de alto nível, o Brasil continua a se afirmar como uma potência emergente na modalidade, enquanto se prepara para os desafios e oportunidades que os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 trarão.
Paris 2024
Para as Olímpiadas de Paris 2024, o tênis em cadeira de rodas do Time Brasil irá contar com uma delegação de quatro competidores, sendo todos atletas homens.
Confira todos os nomes que irão representar o Brasil no tênis em cadeira de rodas em Paris 2024 na postagem abaixo:
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Repórter do Esportelândia. Jornalista pela Belas Artes. Responsável pela popularização da mídia do fisiculturismo de forma jornalística. Acadêmico de nutrição e criador da página Notícias Sobre Fisiculturismo. Está no Esportelândia desde 2021.