O basquete, um dos esportes mais populares do mundo, também tem sua versão adaptada para pessoas com comprometimento físico-motor: o basquete em cadeira de rodas.
Essa modalidade é uma das mais tradicionais na história do movimento paralímpico, estando presente em todas as edições dos Jogos Paralímpicos.
Com a proximidade da Paralimpíada de Paris, que começa em 28 de agosto de 2024, o Brasil continua na busca por sua primeira medalha na modalidade.
Quer saber quais são as principais diferenças nas regras do basquete em cadeira de rodas em comparação com o basquete que estamos acostumados a ver na NBA ou no NBB? Vamos te contar!
Fique conosco e descubra também todos os detalhes sobre a história do basquete em cadeira de rodas!
Infográfico: como funciona o basquete em cadeira de rodas
Quando surgiu o basquete em cadeira de rodas?
O basquete em cadeira de rodas foi criado como uma alternativa para reintegrar soldados americanos feridos durante a Segunda Guerra Mundial, tornando-se um meio vital para ajudá-los na recuperação.
No Brasil, essa modalidade começou a ganhar destaque a partir de 1958, quando Sérgio Del Grande e Robson Sampaio introduziram o esporte no movimento paralímpico.
Desde a primeira edição dos Jogos Paralímpicos, realizada em 1960 em Roma, o basquete em cadeira de rodas tem sido uma modalidade constante. A versão feminina estreou em 1968, em Tel Aviv.
As regras do basquete em cadeira de rodas são regulamentadas pela Federação Internacional de Basquete em Cadeira de Rodas (IWBF).
Requisitos do basquete em cadeira de rodas
O basquete em cadeira de rodas é um esporte disputado por atletas com deficiência físico-motora. Conforme as regras da IWBF, algumas padronizações devem ser seguidas.
Classificação funcional
Para assegurar um equilíbrio entre as equipes, os atletas são classificados funcionalmente com base em seu comprometimento físico-motor, em uma escala de 1 a 4,5. Quanto maior o grau de deficiência, menor será a classe atribuída.
A soma das classificações dos cinco jogadores em quadra não pode exceder 14 pontos.
Padronização das cadeiras
Para manter o equilíbrio competitivo no basquete em cadeira de rodas, a padronização das cadeiras é essencial. Os jogadores devem seguir regras rigorosas quanto ao diâmetro dos pneus, à altura do assento e do apoio para os pés.
As cadeiras podem ter três ou quatro rodas, com duas rodas grandes na parte traseira e uma ou duas menores na parte frontal. Os pneus traseiros não podem ultrapassar 69 cm de diâmetro, e cada roda traseira deve ter um suporte para as mãos.
Se o jogador optar por usar uma almofada no assento, a espessura máxima permitida é de 10 cm, exceto para os atletas das classes 3.5, 4.0 e 4.5, que têm um comprometimento físico-motor menor, e para quem a almofada não pode exceder 5 cm.
As regras permitem o uso de faixas para manter as pernas juntas ou para estabilizar o atleta na cadeira, mas pneus pretos, dispositivos de direção e freios são proibidos. Essas especificações são rigorosamente verificadas pelos árbitros antes do início de cada partida.
No jogo, a cadeira de rodas é considerada uma extensão do corpo do jogador. Ela possui uma estrutura rígida, com três ou quatro rodas, e uma roda antitombamento na parte traseira, projetada para suportar os contatos e colisões frequentes durante as partidas.
Cada cadeira é feita sob medida para o atleta, levando em consideração suas medidas corporais, deficiência e função em quadra.
Principais regras do basquete em cadeira de rodas
Muitas regras utilizadas no basquete em cadeira de rodas são similares às regras adotadas nas competições organizadas pela Federação Internacional de Basquetebol (Fiba).
- As dimensões da quadra são as mesmas do basquete olímpico: 28 metros de comprimento por 15 metros de largura;
- A cesta tem a mesma altura que a do basquetebol olímpico, ou seja, fica a 3,05 metros do chão;
- Como acontece nos torneios da Fiba e no NBB, são disputados quatro quartos de 10 minutos cada. Caso haja empate, é disputada uma prorrogação de 5 minutos.
- O relógio é pausado quando a bola sai da quadra e também nos pedidos de tempo.
- Cada equipe conta com 5 jogadores em quadra;
- A soma das classificações funcionais dos 5 jogadores em quadra não pode ultrapassar 14 pontos, seguindo uma em uma escala de 1 a 4,5;
- Depois de dois impulsos ou empurrões do atleta nas rodas da cadeira, ele deve quicar a bola, passar ou arremessar;
- Se o jogador tiver a posse de bola e estiver pressionado pelo adversário, ele só pode manter a posse de bola sem arremessar ou quicar a bola durante 5 segundos;
- A equipe que tem a posse de bola tem 8 segundos para atravessar a linha central para o campo do adversário.
- As equipes têm 24 segundos de posse de bola para tentarem um arremesso.
História do Brasil no basquete em cadeira de rodas nos Jogos Paralímpicos
O basquete em cadeira de rodas é disputado nos Jogos Paralímpicos desde a primeira edição, em 1960.
Nos dois primeiros torneios, houve duas classes. Porém, desde os Jogos Olímpicos de 1968, há apenas uma categoria. Foi naquela edição também que a modalidade feminina foi disputada pela primeira vez.
Embora o esporte seja popular no Brasil, as seleções brasileiras ainda não conquistaram medalhas paralímpicas. A estreia da equipe masculina foi nos Jogos de Heidelberg, em 1972, enquanto o time feminino fez sua primeira participação em Atlanta, em 1996.
As melhores campanhas brasileiras no basquete em cadeira de rodas nos Jogos Paralímpicos foram alcançadas no Rio de Janeiro, em 2016: 5º lugar no masculino e 7º no feminino.
Infelizmente, o Brasil não conquistará uma medalha no basquete em cadeira de rodas nos Jogos Paralímpicos de Paris, pois não se classificou para o evento, tanto no masculino quanto no feminino.
Esse resultado foi devido ao desempenho abaixo do esperado no Parapan. A equipe masculina terminou a competição em 5º lugar e a feminina conquistou a medalha de bronze. Portanto, não conseguiram vagas diretas nem através da repescagem.
Campeões paralímpicos no basquete em cadeira de rodas masculino
- Roma (1960) – Estados Unidos (classe A) e Estados Unidos (classe B)
- Tóquio (1964) – Estados Unidos (classe A) e Estados Unidos (classe B)
- Tel Aviv (1968) – Israel
- Heidelberg (1972) – Estados Unidos
- Toronto (1976) – Estados Unidos
- Arnheim (1980) – Israel
- Stoke Mandeville e Nova York (1984) – França
- Seul (1988) – Estados Unidos
- Barcelona (1992) – Holanda
- Atlanta (1996) – Austrália
- Sydney (2000) – Canadá
- Atenas (2004) – Canadá
- Pequim (2008) – Austrália
- Londres (2012) – Canadá
- Rio de Janeiro (2016) – Estados Unidos
- Tóquio (2020) – Estados Unidos
- Paris (2024) – a definir
Veja abaixo uma tabela completa com todos os 3 primeiros colocados ao longo da história:
Ano | Ouro | Prata | Bronze |
Roma 1960 | Estados Unidos (classe A)
Estados Unidos (classe B) |
Grã-Bretanha (classe A)
Holanda (classe B) |
Israel (classe A)
Grã-Bretanha (classe B) |
Tóquio 1964 | Estados Unidos (classe A)
Estados Unidos (classe B) |
Grã-Bretanha (classe A)
Argentina (classe B) |
Israel (classe A)
Israel (classe B) |
Tel Aviv 1968 | Israel | Estados Unidos | Grã-Bretanha |
Heidelberg 1972 | Estados Unidos | Israel | Argentina |
Toronto 1976 | Estados Unidos | Israel | França |
Arnheim 1980 | Israel | Holanda | Estados Unidos |
Stoke Mandeville e Nova York 1984 | França | Holanda | Suécia |
Seul 1988 | Estados Unidos | Holanda | França |
Barcelona 1992 | Holanda | Alemanha | França |
Atlanta 1996 | Austrália | Grã-Bretanha | Estados Unidos |
Sydney 2000 | Canadá | Holanda | Estados Unidos |
Atenas 2004 | Canadá | Austrália | Grã-Bretanha |
Pequim 2008 | Austrália | Canadá | Grã-Bretanha |
Londres 2012 | Canadá | Austrália | Estados Unidos |
Rio de Janeiro 2016 | Estados Unidos | Espanha | Grã-Bretanha |
Tóquio 2020 | Estados Unidos | Japão | Grã-Bretanha |
Paris 2024 | a definir | a definir | a definir |
Campeões paralímpicos no basquete em cadeira de rodas feminino
- Tel Aviv (1968) – Israel
- Heidelberg (1972) – Argentina
- Toronto (1976) – Israel
- Arnheim (1980) – Alemanha Ocidental
- Stoke Mandeville e Nova York (1984) – Alemanha Ocidental
- Seul (1988) – Estados Unidos
- Barcelona (19920 – Canadá
- Atlanta (1996) – Canadá
- Sydney (2000) – Canadá
- Atenas (2004) – Estados Unidos
- Pequim (2008) – Estados Unidos
- Londres (2012) – Alemanha
- Rio de Janeiro (2016) – Estados Unidos
- Tóquio (2020) – Holanda
- Paris (2024) – a definir
Veja abaixo uma tabela completa com todos os 3 primeiros colocados ao longo da história:
Ano | Ouro | Prata | Bronze |
Tel Aviv 1968 | Israel | Argentina | Estados Unidos |
Heidelberg 1972 | Argentina | Jamaica | Israel |
Toronto 1976 | Israel | Alemanha Ocidental | Argentina |
Arnheim 1980 | Alemanha Ocidental | Israel | Estados Unidos |
Stoke Mandeville e Nova York 1984 | Alemanha Ocidental | Israel | Japão |
Seul 1988 | Estados Unidos | Alemanha Ocidental | Holanda |
Barcelona 1992 | Canadá | Estados Unidos | Holanda |
Atlanta 1996 | Canadá | Holanda | Estados Unidos |
Sydney 2000 | Canadá | Austrália | Japão |
Atenas 2004 | Estados Unidos | Austrália | Canadá |
Pequim 2008 | Estados Unidos | Alemanha | Austrália |
Londres 2012 | Alemanha | Austrália | Holanda |
Rio de Janeiro 2016 | Estados Unidos | Alemanha | Holanda |
Tóquio 2020 | Holanda | China | Estados Unidos |
Paris 2024 | a definir | a definir | a definir |
Maiores campeões de basquete em cadeira de roda nos Jogos Paralímpicos (masculino + feminino)
- Estados Unidos – 23 medalhas (13 de ouro)
- Canadá – 8 medalhas (6 de ouro)
- Israel – 12 medalhas (4 de ouro)
- Alemanha – 8 medalhas (3 de ouro)
- Holanda – 12 medalhas (2 de ouro)
- Austrália – 8 medalhas (2 de ouro)
- Argentina – 5 medalhas (1 de ouro)
- França – 4 medalhas (1 de ouro)
- Grã-Bretanha – 9 medalhas (0 de ouro)
- Japão – 3 medalhas (0 de ouro)
Lembrando que a quantidade de medalhas de ouro é o principal critério de rankeamento. Abaixo o quadro de medalhas completo do basquete nos Jogos Paralímpicos:
# | País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
1 | Estados Unidos | 13 | 2 | 8 | 23 |
2 | Canadá | 6 | 1 | 1 | 8 |
3 | Israel | 4 | 4 | 4 | 12 |
4 | Alemanha | 3 | 5 | 0 | 8 |
5 | Holanda | 2 | 6 | 4 | 12 |
6 | Austrália | 2 | 5 | 1 | 8 |
7 | Argentina | 1 | 2 | 2 | 5 |
8 | França | 1 | 0 | 3 | 4 |
9 | Grã-Bretanha | 0 | 3 | 6 | 9 |
10 | Japão | 0 | 1 | 2 | 3 |
11 | China | 0 | 1 | 0 | 1 |
12 | Jamaica | 0 | 1 | 0 | 1 |
13 | Espanha | 0 | 1 | 0 | 1 |
14 | Suécia | 0 | 0 | 1 | 1 |
Assim como acontece no basquete olímpico, os Estados Unidos são os maiores campeões do basquete paralímpico.
A Seleção Brasileira feminina conquistou a medalha de bronze nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015, de Guadalajara 2011 e de Santiago 2023.
Marcelo Cartaxo é jornalista, redator e repórter no Esportelandia, um dos maiores sites olímpicos do Brasil. Com passagens por Futebol na Veia, Premier League Brasil, Minha Torcida, Quinto Quarto e ShaftScore, adquiriu experiências que hoje somam na equipe de redação do site.