As listas dos técnicos campeões brasileiros e daqueles que melhor exerceram a profissão na história do país se confundem facilmente. Nada mais justo, convenhamos.
Até porque os professores que conquistaram o Brasileirão não só demonstraram sua capacidade ao bater uma infinidade de candidatos diretos ao título como foram importantes na construção da identidade de uma seleção pentacampeã mundial.
É nesse clima nostálgico e professoral que convidamos você para acompanhar o texto abaixo, sobre os técnicos campeões brasileiros. Listamos os mais bem sucedidos, os estrangeiros, aqueles que fizeram jornada dupla, enfim, reunimos tudo o que você precisa saber sobre os comandantes que entraram para a história do futebol brasileiro.
Qual técnico tem mais títulos do Campeonato Brasileiro?
Lula e Vanderlei Luxemburgo dividem o posto de técnico com mais títulos do Campeonato Brasileiro. O primeiro foi o treinador do Santos pentacampeão da Taça Brasil entre 1961 e 1965, que, com Pelé, Pepe e cia, dominou o futebol jogado no Brasil.
Já Luxa alcançou o número de uma maneira inédita, vencendo o Brasileirão por quatro times diferentes entre os anos 1990 e 2000. O bi com o Palmeiras da Parmalat, em 1993 e em 1994, e o Cruzeiro da tríplice coroa de 2003 são as campanhas mais lembradas.
Treinadores com mais títulos do Campeonato Brasileiro
- Lula
- Vanderlei Luxemburgo
- Rubens Minelli
- Muricy Ramalho
- Osvaldo Brandão
- Ênio de Andrade
Ênio de Andrade (6º)
- Títulos: 3
- Times: Internacional (1979), Grêmio (1981), Coritiba (1985)
Abrimos a lista dos grandes técnicos brasileiros com a simplicidade de Ênio de Andrade. Metódico em seu trabalho mas prático em suas ideias, “Seu Ênio” alcançou um feito mais impressionante que os três títulos nacionais: vencê-los por ambos Internacional e Grêmio.
Só o fato de ser reverenciado pelas torcidas rivais do Rio Grande do Sul já o imortaliza dentro da boleiragem brasileira, mas o treinador foi além. Na beira do campo, foi responsável por liderar o Inter ao até hoje inigualável título invicto do Brasileirão de 1979.
A campanha vitoriosa do Coritiba de 1985 também é sempre lembrada pela atípica final disputada contra o Bangu, assim como o seu nome sempre vêm à tona pelos mais saudosos gremistas quando o assunto é o título mundial de 1983. Ênio não foi o técnico daquela equipe, mas começou a construí-la com a vitória no Brasileirão de 1981.
Retranqueiro para uns, estrategista para outros, o “Cabeça” pode até não ter a grife dos demais professores desta lista, mas teve a mesmíssima capacidade de liderar times vencedores.
Osvaldo Brandão (5º)
- Títulos: 3
- Times: Palmeiras (1960, 1972, 1973)
Osvaldo Brandão, tal qual Ênio de Andrade, foi um desses profissionais da bola que romperam a barreira da rivalidade e conquistar torcidas arquirrivais, no caso as de Corinthians e Palmeiras.
Brandão, ora, é o recordista de jogos em ambos e, até outro dia, era quem mais tinha títulos no comando do time alviverde. Quando o assunto é Brasileirão, inclusive, sua relação com Verdão é mais íntima. Foi com a equipe da zona oeste que se tornou um dos grandes técnicos campeões brasileiros.
O bicampeonato de 1972 e 1973, aliás, imortalizou Osvaldo para além do número de conquistas. Afinal ele comandava um dos mais famosos times da história do futebol brasileiro — time não, Academia; a segunda, para ser mais exato.
Muricy Ramalho (4º)
- Títulos: 4
- Times: São Paulo (2006, 2007, 2008), Fluminense (2010)
Um dos mais trabalhadores técnicos campeões brasileiros é também um dos mais bem-sucedidos do grupo. Muricy Ramalho se entregou ao seu famoso lema, empilhou títulos nacionais e, em cinco anos, se tornou o grande treinador do Brasil na primeira década do século XXI.
Fala-se em trabalho como balizador do trabalho de Muricy porque não há como enquadrar a sua carreira dentro de só uma ideia.
Se o tricampeonato com o São Paulo foi marcado pelos imutáveis três zagueiros, as bolas aéreas mortais e os jogadores alternativos, o Flu de 2010 tinha craques como Deco, Conca e Fred, que passaram a se achar facilmente no campo depois que o técnico chegou às Laranjeiras.
Entre os dois vitoriosos times, a semelhança de uma ética inegociável — que o fez até rejeitar a Seleção Brasileira para honrar seus acordos — uma liderança muito experiente e um carisma “ranzinza” inigualável.
Rubens Minelli (3º)
- Títulos: 4
- Times: Palmeiras (1969), Internacional (1975, 1976) São Paulo (1977)
Rubens Minelli é um dos mais importantes técnicos campeões brasileiros, e não só pela quantidade de títulos conquistados. Sua influência como comandante, gestor e estrategista vai além das vitórias.
É bem possível, por exemplo, que sem ele não houvesse o bicampeonato do Internacional nos anos setenta, a Segunda Academia do Palmeiras ou mesmo o treinador Muricy Ramalho.
O exercício teórico é divertido: sem o título do Robertão de 1969, talvez a transição entre as Academias do Verdão não fosse tão bem feita. Sem a conquista do Brasileirão de 77 (a terceira consecutiva de Minelli), possivelmente o meia Muricy não seria inspirado à seguir carreira no banco de reservas.
Por fim, é muito provável que sem suas inúmeras capacidades — táticas, estratégicas e de liderança — o Inter de Falcão, Carpegiani e cia não tivesse desenvolvido a força necessária para se manter no topo do futebol brasileiro por dois anos seguidos.
Vanderlei Luxemburgo (2º)
- Títulos: 5
- Times: Palmeiras (1993, 1994), Corinthians (1998), Cruzeiro (2003) e Santos (2004)
Além de um dos mais vitoriosos, Vanderlei Luxemburgo é um dos mais discutidos técnicos campeões brasileiros.
Entre a vanguarda dos anos 1990 e os fracassos dos anos 2010, entre o carisma boleiro e a coleção de inimizades, Luxa é debatido como um patrimônio do futebol, o que ele de fato é.
Não é todo mundo (ninguém, aliás) que consegue vencer um Brasileirão por quatro times diferentes, tampouco conquistar cinco deles sem um Pelé ou um Pepe entre os seus titulares — ainda que Rivaldo, Edmundo, Dida, Alex e Robinho não sejam assim para se jogar fora.
Fora que o folclore envolvendo o seu personagem acaba atrapalhando uma visão objetiva de sua contribuição ao esporte. Luxa foi ele próprio grande parte do futebol brasileiro nos anos noventa e começo dos anos 2000.
Suas substituições arrojadas, suas formações fluídas, suas preleções boleiras e suas conquistas, enfim, não podem jamais ser apagadas. Mesmo que ele mesmo, as vezes, contribua para isso.
Lula (1º)
- Títulos: 5
- Times: Santos (1961, 1962, 1963, 1964, 1965)
Como é comum nas listas que produzimos aqui na Esportelândia, damos preferência aos pioneiros.
Luís Alonso Pérez, o Lula, tem o mesmo número de títulos brasileiros que Vanderlei Luxemburgo, mas os conquistou bem antes do colega de profissão — todos de uma vez, inclusive.
Entre 1961 e 1965 o Santos simplesmente dominou o futebol brasileiro. Além do penta nacional, o alvinegro levou cinco títulos consecutivos do Campeonato Paulista, dois da Copa Libertadores e dois do Mundial Interclubes.
Sim, a época “coincidiu” com o auge físico de Pelé, que triturava defesas a esmo e solidificava o caminho rumo ao milésimo gol, mas não há como ignorar o papel de Lula na formação e principalmente na manutenção da máquina santista.
Além do Rei, o professor tinha de cuidar e enquadrar toda uma constelação, formada por Zito, Dorval, Pepe, Coutinho e Mengálvio. Aqueles mais vividos no futebol sabem a via de mão dupla que é ter uma equipe estrelada — sem falar no desfio de manter o nível mesmo em meio a inúmeras viagens e excursões.
Quais técnicos foram campeões brasileiros como jogadores?
Até aqui são oito campeões brasileiros como técnico e como jogador. O primeiro foi Ênio de Andrade, que levantou o título de 1960 como meia do Palmeiras e depois mais três vezes como comandante de Internacional, Grêmio e Coritiba.
O mais recente “professor” a alcançar a dobradinha foi Rogério Ceni, goleiro do São Paulo no tri de 2006, 2007 e 2008 e treinador do Flamengo em 2020. A lista completa:
- Ênio de Andrade: Palmeiras de 1960 (Jogador) e Internacional de 1979, Grêmio de 1981 e Coritiba de 1985 (Técnico)
- Paulo César Carpegiani: Internacional de 1975 e 1976 (Jogador) e Flamengo de 1982 (técnico)
- Carlos Alberto Torres: Santos de 1965 e 1968 (Jogador) e Flamengo de 1983 (Técnico)
- Pepe: Santos de 1961-65, 1968 (Jogador) e São Paulo de 1986 (Técnico)
- Joel Santana: Vasco de 1974 (Jogador) e Vasco de 2000 (Técnico)
- Emerson Leão: Palmeiras de 1969, 1972-73, Grêmio de 1981 (Jogador) e Santos de 2002 (Técnico)
- Muricy Ramalho: São Paulo de 1977 (Jogador) e São Paulo de 2006-08, Fluminense de 2010 (Técnico)
- Andrade: Flamengo de 1980, 1982, 1983, 1987, Vasco de 1989 (Jogador) e Flamengo de 2009 (Técnico)
- Rogério Ceni: São Paulo de 2006-08 (Jogador) e Flamengo de 2020 (Técnico)
Quais técnicos estrangeiros foram campeões Brasileiros?
Apenas três técnicos estrangeiros conseguiram ser campeões brasileiros, Carlos Volante, Jorge Jesus e Abel Ferreira. O primeiro, argentino que deu origem ao volante , venceu com o Bahia a primeiríssima edição do Brasileirão, a chamada Taça Brasil de 1959.
O feito só foi se repetir exatamente 60 anos depois, quando o português comandou um esquadrão do Flamengo que empilhou recordes dos pontos corridos e venceu o campeonato de 2019 com quatro rodadas de antecedência.
Em 2022 e 2023, Abel Ferreira fez história pelo Palmeiras. Se firmando como um dos principais treinadores do futebol sul-americano na atualidade, o português teve um papel determinante para que o Verdão conquistasse o bicampeonato brasileiro.
Lista de todos os técnicos campeões brasileiros
- 1959: Carlos Volante (Bahia)
- 1960: Osvaldo Brandão (Palmeiras)
- 1961: Lula (Santos)
- 1962: Lula (Santos)
- 1963: Lula (Santos)
- 1964: Lula (Santos)
- 1965: Lula (Santos)
- 1966: Ayrton Moreira (Cruzeiro)
- 1967: Aymoré Moreira (Palmeiras)
- 1967: Mário Travaglini (Palmeiras)
- 1968: Antoninho Fernandes (Santos)
- 1968: Mário Zagallo (Botafogo)
- 1969: Rubens Minelli (Palmeiras)
- 1970: Paulo Amaral (Fluminense)
- 1971: Telê Santana (Atlético Mineiro)
- 1972: Osvaldo Brandão (Palmeiras)
- 1973: Osvaldo Brandão (Palmeiras)
- 1974: Mário Travaglini (Vasco da Gama)
- 1975: Rubens Minelli (Internacional)
- 1976: Rubens Minelli (Internacional)
- 1977: Rubens Minelli (São Paulo)
- 1978: Carlos Alberto Silva (Guarani)
- 1979: Ênio Andrade (Internacional)
- 1980: Cláudio Coutinho (Flamengo)
- 1981: Ênio Andrade (Grêmio)
- 1982: Paulo César Carpegiani (Flamengo)
- 1983: Carlos Alberto Torres (Flamengo)
- 1984: Carlos Alberto Parreira (Fluminense)
- 1985: Ênio Andrade (Coritiba)
- 1986: Pepe (São Paulo)
- 1987: Jair Picerni (Sport)/ Nunes (Flamengo)
- 1988: Evaristo de Macedo (Bahia)
- 1989: Nelsinho Rosa (Vasco da Gama)
- 1990: Nelsinho Baptista (Corinthians)
- 1991: Telê Santana (São Paulo)
- 1992: Carlinhos (Flamengo)
- 1993: Vanderlei Luxemburgo(Palmeiras)
- 1994: Vanderlei Luxemburgo(Palmeiras)
- 1995: Paulo Autuori (Botafogo)
- 1996: Luiz Felipe Scolari (Grêmio)
- 1997: Antônio Lopes Vasco da Gama
- 1998: Vanderlei Luxemburgo (Corinthians)
- 1999: Oswaldo de Oliveira (Corinthians)
- 2000: Joel Santana (Vasco da Gama)
- 2001: Geninho (Atlético Paranaense)
- 2002: Emerson Leão (Santos)
- 2003: Vanderlei Luxemburgo (Cruzeiro)
- 2004: Vanderlei Luxemburgo (Santos)
- 2005: Antônio Lopes (Corinthians)
- 2006: Muricy Ramalho (São Paulo)
- 2007: Muricy Ramalho (São Paulo)
- 2008: Muricy Ramalho (São Paulo)
- 2009: Andrade (Flamengo)
- 2010: Muricy Ramalho (Fluminense)
- 2011: Tite (Corinthians)
- 2012: Abel Braga (Fluminense)
- 2013: Marcelo Oliveira (Cruzeiro)
- 2014: Marcelo Oliveira (Cruzeiro)
- 2015: Tite (Corinthians)
- 2016: Cuca (Palmeiras)
- 2017: Fábio Carille (Corinthians)
- 2018:Luiz Felipe Scolari (Palmeiras)
- 2019: Jorge Jesus (Flamengo)
- 2020: Rogério Ceni (Flamengo)
- 2021: Cuca (Atlético-MG)
- 2022: Abel Ferreira (Palmeiras)
- 2023: Abel Ferreira (Palmeiras)
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Jornalista formado pela UNESP, foi repórter da Revista PLACAR. Cobriu NBB, Superliga de Vôlei, A1 (Feminino), A2 e A3 (Masculino) do Campeonato Paulista e outras competições de base na cidade de São Paulo. Fanático por esportes e pelas histórias que neles acontecem, dos atletas aos torcedores.