Para o bem ou para o mal, poucas coisas são tão nossas quanto a Seleção Brasileira de Futebol. É, ao mesmo tempo, um repositório de memórias e expressões da mais ilustre brasilidade e um produto das mais mesquinhas e intermináveis cabeças brasileiras.
Esguia, a Seleção se aproxima e se afasta do torcedor com a mesma naturalidade do drible de um craque, como os tantos que vestiram a sua camisa. É, afinal, a Seleção que tanto ocupou mentes e sonhos com fantásticas equipes e igualmente a que permitiu a poucos o privilégio de vê-las ao vivo.
É a mesma que acatou a proibição presidencial da convocação de jogadores negros na década de 1920 e que também teve neles os principais protagonistas na primeira conquista mundial, ao fim da década de 1950.
O que torna tudo tão ambíguo é que o que há de sórdido em suas gerências há de glorioso em sua história. Os “times numéricos” — o Brasil de 50, de 58, 70, 82, 94, etc — são imensos registros históricos e emocionais.
Todo mundo tem uma história para contar sobre a Seleção. Todo mundo já projetou nela uma emoção. Enfim, da alegria do gol à dor da eliminação, da admiração do craque ao desprezo do cartola, a Seleção Brasileira é muita coisa, menos irrelevante.
É só acompanhar este texto e notar a quantidade de títulos, de conquistas e de craques que pela Seleção Brasileira passaram. Um pouco de história e de contexto não faz mal também. Tudo isso você lê aqui e logo abaixo.
História da Seleção Brasileira
Ninguém na maior das clarividências possíveis no começo do século XX poderia imaginar no que se tornaria a Seleção Brasileira de Futebol. Foram pelos menos duas décadas desde o início da prática no país até sair um protótipo de “escrete nacional”.
A primeira Seleção Brasileira de fato só aconteceu no meio da década de 1910, resultado de um processo até certo ponto natural. No início do século XX, o que era mais comum eram os selecionados estaduais.
São inúmeros registros de partidas amistosas entre combinados do Rio de Janeiro e de São Paulo, por exemplo, e até mesmo de clubes e selecionados internacionais contra esses selecionados estaduais, que podiam ser também de Minas Gerais, Bahia e outros centros “pioneiros” do futebol brasileiro.
O processo de formação da Seleção Brasileira seguiu o mesmo tom da profissionalização do esporte durante as décadas de 1910 e 1930, algo empírico e pseudo institucional. Dos anos 1940 para frente que aí sim, estimulado pelas políticas do Estado Novo que houve uma crescimento de uma organização de fato.
Tanto que, de 1940 a meados de 1960, a Seleção saltou de um misto estadual com um par de títulos amistosos para um escrete nacional de fato, bicampeão mundial e com mais de uma dezenas de troféus conquistados entre torneios oficiais e de exibição.
Daí em diante, com a CBD e posteriormente a CBF, a equipe do Brasil caminhou com as próprias pernas e até com as próprias ambições, políticas e idiossincrasias.
A história a partir daí é mais conhecida: a potência absoluta do futebol mundial em 1970, com o Tri, as doídas eliminações dos anos oitenta e a redenção Tetra, o Penta da Família Scolari, as ilusões de 2006 e 2010, o vexame do 7 a 1 e a retomada (e a rejeição) com Neymar e Tite.
Independentemente do processo e da história, o fato é que depois de mais de 100 anos, a Seleção Brasileira de Futebol tornou-se um produto bilionário e, se não é um estandarte do futebol atual, é uma inegável referência técnica e histórica. Por que, pelo menos por enquanto, é a maior campeã do mundo.
Primeiro jogo da Seleção Brasileira
O primeiro jogo da Seleção Brasileira de Futebol foi um amistoso contra o Exeter City, clube inglês, no dia 21 de julho de 1914.
Na data, a equipe era basicamente um combinado das seleções paulista e carioca. O placar terminou em 2 a 0 para o novíssimo Brasil. Os gols foram de Oswaldo Gomes e Osman.
Agora, a primeira partida da Seleção em um compromisso oficial foi contra Argentina, também em 1914, no dia 27 de setembro. O duelo foi válido pela Copa Rocca, torneio apenas entre as duas seleções rivais, hoje chamado de Superclássico das Américas.
Primeiro título da Seleção Brasileira
A Seleção Brasileira venceu os argentinos por um 1 a 0, com gol de Ruben Salles. A vitória na Copa Rocca também representou o primeiro título da história da equipe brasileira.
Agora, a primeira conquista oficial do Brasil, isto é, num torneio chancelado pela Fifa, foi o Campeonato Sul-Americano de 1919. O torneio, que foi o embrião da atual Copa América, foi disputado em terras brasileiras.
Foram quatro partidas disputadas pela equipe até o título, vencido sobre o Uruguai por 1 a 0. O gol da vitória saiu somente na prorrogação, marcado por Artur Friedenreich, o grande craque brasileiro dos anos “amadores”.
Curiosidades da Seleção Brasileira
O único estrangeiro a treinar a Seleção
Apenas um único estrangeiro treinou a Seleção Brasileira de Futebol Masculino (a equipe feminina é treinada pela sueca Pia Sundhage desde 2019). O agraciado gringo foi o argentino Filpo Nuñez, na época técnico do Palmeiras, que comandou a Amarelinha apenas uma vez.
A ocasião, no entanto, foi especial. O ano era 1965 e o Mineirão estava sendo inaugurado. A Seleção fez um amistoso contra o Uruguai e foi inteiramente formada por jogadores do clube paulista, do goleiro ao técnico.
Times que representaram a Seleção
A partida, que terminou em 3 a 0 para o Brasil — gols de Rinaldo, Tupãzinho e Servílio — é também uma das primeiras “fake news” da história do futebol brasileiro. Sim, ela aconteceu e o Palmeiras foi de fato o único fornecedor de jogadores na convocação. Mas não foi a única fez em que isso ocorreu.
O Corinthians teve a mesma honra, também em 1965, num amistoso contra o Arsenal, em Londres. A partida terminou em 2 a 0 para os ingleses. Mais à frente, em 1968, a vez foi do Atlético Mineiro, que venceu de virada a Ioguslávia. Os gols brasileiros foram de Vaguinho, Amauri Horta e Ronaldo.
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Todos os títulos da Seleção Brasileira
- Copa do Mundo: 5 (1958, 1962, 1970, 1994, 2002)
- Copa das Confederações: 4 (1997, 2005, 2009, 2013)
- Copa América: 9 (1919,1922, 1949, 1989, 1997, 1999, 2004, 2007, 2019)
- Campeonato Pan-Americano: 2 (1952, 1956)
- Olimpíadas: 1 (2016)
- Jogos Pan-Americanos: 4 (1963, 1975, 1979, 1987)
- Superclássico das Américas: 12 (1914, 1922, 1945, 1957, 1960, 1963, 1971, 1976, 2011, 2012, 2014, 2018)
- Copa Rio Branco: 7 (1931, 1932, 1947, 1950, 1967, 1968, 1976)
- Taça Oswaldo Cruz: 8 (1950, 1955, 1956, 1958, 1961, 1962, 1968, 1976)
- Taça Bernardo O'Higgins: 4 (1955, 1959, 1961, 1966)
A Seleção Brasileira venceu uma série de títulos não-oficiais, de torneios amistosos e de exibição. Você pode conferir todos aqui.
Recordes da Seleção Brasileira
- Jogador com o maior número de jogos: Cafu, 142 partidas
- Maior artilheiro: Pelé, 77 gols
- Maior artilheiro em Copas do Mundo: Ronaldo, 15 gols
- Maior artilheiro em Eliminatórias para a Copa do Mundo: Zico e Romário, 11 gols
- Treinador com o maior número de jogos: Zagallo, 126 jogos
- Maior vitória: Brasil 10 x 1 Bolívia (1949)
- Maior derrota: Alemanha 7 x 1 Brasil (2014)
Jogadores que mais defenderam a Seleção Brasileira
- Cafu: 142 (1990–2006)
- Roberto Carlos: 125 (1992–2006)
- Daniel Alves: 118 (2006–)
- Lúcio: 105 (2000–2011)
- Neymar: 103 (2010–)
- Taffarel: 101 (1987–1998)
- Robinho: 100 (2003–2017)
- Djalma Santos: 98 (1952–1968)
- Ronaldo: 98 (1994–2006)
- Ronaldinho Gaúcho: 97 (1999–2013)
- Gilmar: 94 (1956–1969)
- Gilberto Silva: 93 (2001–2010)
- Pelé: 92 (1957–1971)
- Kaká: 92 (2002–2016)
- Rivellino: 92 (1965–1978)
- Dunga: 91 (1987–1998)
- Dida: 91 (1995–2006)
- Júlio César: 87 (2004–2014)
- Thiago Silva: 86 (2008–)
- Jairzinho: 81 (1965–1974)
Maiores artilheiros da Seleção Brasileira (jogos oficiais)
- Pelé: 77 gols
- Neymar: 64 gols
- Ronaldo: 62 gols
- Romário: 55 gols
- Zico: 48 gols
- Jairzinho: 44 gols
- Rivellino: 43 gols
- Bebeto: 39 gols
- Leônidas da Silva: 37 gols
- Rivaldo: 37 gols
- Tostão: 36 gols
- Ademir de Menezes: 35 gols
- Ronaldinho Gaúcho: 34 gols
- Zizinho: 31 gols
- Kaká: 31 gols
- Careca: 29 gols
- Robinho: 28 gols
- Luís Fabiano: 28 gols
- Gérson: 28 gols
- Adriano: 27 gols
Todos os técnicos da Seleção Brasileira
- Silvio Lagreca e Ruben Salles (1914)
- Silvio Lagreca e Benedito Montenegro (1916)
- Chico Netto e Mario Pollo (1917)
- Arnaldo Silveira e Amílcar Barbuy (1919)
- Fortes e Oswaldo Gomes (1920)
- Ferreira Vianna Netto (1921)
- Amílcar Barbuy e Célio de Barros (1922)
- Clodô e Ferreira Netto (1922)
- Chico Netto (1923)
- Joaquim Guimarães e Ramón Platero (1925)
- Píndaro de Carvalho (1930)
- Luís Vinhaes (1931-1934)
- Ademar Pimenta (1936-1938, 1942)
- Carlos Nascimento (1939)
- Silvio Lagreca (1940)
- Jayme Barcellos (1940)
- Flávio Costa e Joreca (1944)
- Flávio Costa (1945-1950, 1955, 1956)
- Zezé Moreira (1952)
- Aymoré Moreira (1953, 1961-1963, 1967-1968)
- Vicente Feola (1955, 1958-1960, 1964-1966)
- Osvaldo Brandão (1955-1956, 1957, 1975-1977)
- Teté (1956)
- Sylvio Pirillo (1957)
- Pedrinho (1957)
- João Saldanha (1969-1970)
- Zagallo (1970-1974, 1994-1998
- Cláudio Coutinho (1977-1979)
- Telê Santana (1980-1982, 1985-1986)
- Carlos Alberto Parreira (1983, 1991-1994, 2003-2006)
- Eduardo Coimbra (1984)
- Evaristo de Macedo (1985)
- Carlos Alberto Silva (1987-1988)
- Sebastião Lazaroni (1989-1990)
- Falcão (1990-1991)
- Vanderlei Luxemburgo (1998-2000)
- Emerson Leão (2001)
- Luiz Felipe Scolari (2001-2002, 2013-2014)
- Dunga (2006-2010, 2014-2016)
- Mano Menezes (2010-2012)
- Tite (2016-)
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*Última atualização feita em 16 de outubro de 2020
Jornalista formado pela UNESP, foi repórter da Revista PLACAR. Cobriu NBB, Superliga de Vôlei, A1 (Feminino), A2 e A3 (Masculino) do Campeonato Paulista e outras competições de base na cidade de São Paulo. Fanático por esportes e pelas histórias que neles acontecem, dos atletas aos torcedores.