Craque Neto, conhecido pelo seu papel fundamental no primeiro título brasileiro do Corinthians e suas habilidade dentro das quatro linhas do gramado, é uma figura marcante tanto dentro quanto fora dos campos.
Hoje, o ex-jogador é apresentador de programas esportivos, chamando a atenção pelos diversos bordões e memes que virilizam nas redes sociais.
Embora Neto não tenha sido unanimidade, sua relevância no futebol é inegável. Ídolo do Guarani e do Corinthians, ele se destacou como um dos grandes jogadores e personagens do futebol brasileiro nas décadas de 1980 e 1990.
Quem é Neto?
José Ferreira Neto é um ex-jogador de futebol. Nasceu no dia 9 de setembro de 1966 em Santo Antônio da Posse, no interior de São Paulo, e jogou profissionalmente entre 1984 e 1999. Hoje, é comentarista e apresentador da Rede Bandeirantes.
Antes da carreira na televisão, o “Craque Neto” ficou marcado pelos anos em que atuou pelo Corinthians e pela enorme habilidade em cobranças de faltas, escanteios e pela batida na bola no geral.
Como profissional das câmeras, ficou conhecido pela sua irreverência e absoluta autenticidade, características que já apresentava durante sua jornada como jogador. O “personagem”, por vezes, extrapolava o atleta.
Apesar de muito talentoso, Neto teve uma carreira conturbada por problemas extracampo e pela constante briga com a balança. Ainda assim, foi o líder do primeiro título do Corinthians no Campeonato Brasileiro e tem seu nome sempre lembrado quando o assunto é a Copa do Mundo de 1990.
História de Neto
Até estrear no Guarani aos 17 anos, Neto teve uma trajetória comum à maioria dos jogadores de sua época. Dando seus primeiros chutes no União Possense, o clube de sua cidade natal, foi levado ainda muito jovem pelo pai para fazer testes na Ponte Preta. Tinha 13 anos quando passou na peneira campineira.
No entanto, a falta de condições da família em mantê-lo em Campinas e principalmente a negativa da diretoria da Macaca em bancar seu alojamento o fizeram mudar de cores, ainda quem sem mudar de cidade.
Dando as condições necessárias ao jovem jogador, o Guarani não só acolheu Neto como o valorizou. Tanto que o alçou ao time profissional direto dos juniores ( a equipe sub-18 da época).
Neto, a grande promessa do Guarani
O Bugre, é bom dizer, já tinha na época a fama de “celeiro de craques”. Dali para frente revelaria um monte de jogadores de alto nível, de Evair à Djalminha. Em 1984, foi a vez de Neto.
Atuando como meia esquerda, ele já demonstrava a batida na bola de qualidade, que era combinada com a agilidade e a impetuosidade de garoto. Saíram alguns bons golaços a partir daí, ao ponto de o projetar nacionalmente como uma das grandes promessas brasileiras.
Tamanha era a sua projeção que, em 1986, Castor de Andrade, o pitoresco presidente do Bangu, pagou uma grana daquelas para tê-lo por 3 meses no Rio de Janeiro. O período carioca, sempre lembrado com muito carinho pelo ex-jogador, não deu lá tão certo.
Serviu para duas coisas coisas, porém: aumentar a sua “fama” fora de campo e valorizá-lo para o futebol paulista. Este último devido à boa partida que fez contra o Palmeiras no Brasileirão, quando deu dois passes para gols na partida que terminou em 2 a 2 no Parque Antártica.
Então, em 1987, acertou sua transferência para o São Paulo. Foi mais um empréstimo, já que o Guarani pedia alto pela transação em definitivo. No Tricolor, um acidente automobilístico o tirou da maioria dos jogos.
Ainda assim, conseguiu entrar em campo na final do Paulistão daquele ano, sagrando-se campeão estadual junto dos “Menudos” Silas, Pita e Müller.
O título não contribuiu para diminuir o valor do passe de Neto, muito pelo contrário. Dessa forma, em 1988 o meia estava de volta ao Bugre. Ele até queria sair de Campinas mas não nada teve corpo mole.
Neto foi, inclusive, o grande destaque da campanha do vice-campeonato paulista — perdido, veja só, para o Corinthians. Ficou marcado o seu golaço de bicicleta no jogo de ida, que terminou empatado em 1 a 1; na volta, o jovem Viola deu a vitória ao Timão na prorrogação.
Em que ano Neto jogou no Palmeiras?
O desempenho do Guarani no Paulistão de 1988 fez barulho, ainda mais seguindo o vice-campeonato do Brasileirão de 1986. E começou o desmanche. O zagueiro Ricardo Rocha foi para Portugal; Evair, para a Itália; Careca Bianchesi e Neto, para o Palmeiras.
Sim, um dos 10 maiores ídolos da história do Corinthians jogou antes no maior rival. Dá até para dizer que passagem pelo Parque Antártica foi essencial para que começasse sua história no Parque São Jorge.
Não que Neto tenha jogado mal no Verdão. Ele fez parte do time que ficou 23 jogos invictos no Paulista de 1989, sequência que até rendeu a Taça dos Invictos ao time paulistano. Até gol no Dérbi ele fez.
Mas a relação com o técnico Émerson Leão não era das melhores. Mal escalado e muito preso à ponta esquerda, o meia não rendia o seu melhor. Por outro lado, não fazia o seu melhor para manter-se em forma.
A derrota para o Bragantino na segunda fase do estadual de 1989, que acabou com a fase invicta e eliminou o Palmeiras, acabou encerrando passagem de Neto. Ele foi envolvido numa troca com o Corinthians, que cedeu o meia Ribamar como contrapartida.
História de Neto no Corinthians
Neto chegou ao Corinthians em 1989. Fez, em duas passagens, mais de 220 jogos e marcou oitenta gols. Conquistou três títulos oficiais e mais um punhado de torneios amistosos e simbólicos. Foi de longe o clube onde foi mais produtivo.
Em retrospectiva, não havia como o meia não ser um grande ídolo do clube. Se ponha no lugar do torcedor: Neto foi um bom jogador que saiu brigado do rival e que, com muita qualidade e vontade, liderou o Timão ao seu primeiro título do Campeonato Brasileiro.
Fora que o ano de 1990 de Neto foi mágico. Começou com um gol antológico contra a Ponte Preta, seu antigo rival, enfileirando adversários, inclusive o goleiro. Marcou seu primeiro gol no Brasileirão justamente numa vitória contra o Palmeiras — e de falta, ainda por cima.
Foram cinco gols do meia em cobranças de falta na competição, sendo nove gols marcados no total. Três deles foram de suma importância para a campanha vitoriosa do Timão. O desempenho acabou por consagrar a alcunha de “Craque” do jogador.
O Craque Neto simplesmente marcou três gols entre as quartas e as semis do Brasileiro de 1990. Dois deles saíram da sua histórica partida contra o Atlético Mineiro, no Pacaembu, em que comandou a virada corintiana para cima do Galo.
Por conta de um segundo turno um tanto abaixo da média, Neto acabou ficando de fora da seleção do Prêmio Bola de Prata da Revista Placar. Já em 1991, fez por valer: marcou 11 gols e deixou o Timão a apenas um ponto da classificação para a segunda fase.
O gol de Neto no Flamengo e a Bola de Prata
O grande momento do Corinthians naquele ano foi a Supercopa do Brasil. O título veio em cima do Flamengo, claro com gol de Neto. E olha que nem foi o melhor lance do meia contra os rubro-negros.
No Brasileirão, o Craque Neto fez outro de seus antológicos gols. Era o segundo tempo no Maracanã e o Timão tinha uma falta para bater de longe, na direita. O goleiro flamenguista, Gilmar Rinaldi, não achou que era necessário uma barreira. Se surpreendeu:
O mesmo ano de 1991 marcaria o “início do fim” da carreira de alto nível do Craque Neto. Depois de uma derrota para o Palmeiras no Morumbi, o camisa 10 acertou uma cusparada no árbitro José Aparecido de Oliveira. Pelo ato, pegou 4 meses de gancho.
Depois da suspensão, os problemas extracampo e principalmente de peso começaram a se acumular. Tanto que deixou o Corinthians em 1993 sem ser uma das principais peças do elenco que ficou com o vice do Campeonato Paulista.
Ainda fez mais uma última passagem no Timão entre 1996 e 1997, na qual foi importante para a conquista de mais um outro estadual, o segundo de sua carreira.
Antes e depois desses cerca de vinte jogos finais pelo Alvinegro paulista, o meia rodou pelo Brasil, atuando em times do nível de Santos e Atlético Mineiro mas também de Araçatuba e Matsubara. Teve até um terceiro ano no Guarani, em 1995.
Encerrou a carreira em 1999, após vencer o Campeonato Venezuelano pelo Deportivo Italia.
Quantos gols tem o Neto?
Neto, aliás, teve um bom faro artilheiro para um meia — segundo o próprio, teria marcado mais se fosse escalado como segundo atacante, sua posição favorita. Como meia, atacante, com a bola parada ou rolando, foram 184 gols anotados em 470 partidas oficiais.
Quantos gols de falta o Neto fez?
Não existem fontes oficiais para a quantidade de gols de falta que Neto marcou na carreira. Em entrevista ao site Terra, o ex-jogador disse que suas contas pessoais chegaram em 60 tentos de bolas paradas diretas.
O que temos de oficial é o número de gols de falta em que ele marcou pelo Corinthians. Foram 24 em 228 partidas.
Trajetória de Neto na Seleção Brasileira
O Craque Neto não deixou de fazer seus gols pela Seleção Brasileira. Depois de arrebentar no Paulistão de 1988, foi convocado para as Olimpíadas de Seul, no mesmo ano. Fez parte do grupo que ficou com a medalha de prata.
O período olímpico lhe deu certa força para o time principal, fazendo parte de algumas convocações no ciclo de preparação para a Copa do Mundo de 1990, mas não estava na lista final.
Jogou, sim, a Copa América de 1991, vestindo a camisa 10 da equipe treinada pelo ex-meia Falcão, ídolo do Internacional. A camisa 7 era de ninguém menos de Renato Gaúcho. Imagina a resenha no vestiário?
Ainda que o Brasil tenha terminado em segundo lugar, o torneio foi um importante momento de transição, com uma grande presença de jogadores que formariam a base do tetra em 1994.
Ao todo, foram 26 partidas de Neto com a Seleção Brasileira e 7 gols marcados.
Quantas Copas do Mundo Neto disputou?
Ainda que tenha participado da campanha da Prata Olímpica em 1988, o Craque Neto acabou ficando de fora da Copa do Mundo de 1990, a única em que teve de fato chances de disputar. Na época, a especulação era que o técnico Sebastião Lazaroni o tinha preterido pelo seus problemas de comportamento.
Anos mais tarde, o hoje ex-treinador falou que, apesar de reconhecer essas questões extracampo, não o convocou para o Mundial por não entender que o meia tinha nível para a Seleção Brasileira. Lazaroni usou a até a expressão “balão japonês”.
Relação de Craque Neto com Augusto Melo
Em 2023, Neto foi peça fundamental para eleger o novo presidente do Corinthians, Augusto Melo.
Durante a eleição, o apresentador afirmou que pretende ser presidente do Corinthians no próximo mandato em 2026.
Todos os times de Neto
- Guarani (1984-1986, 1988, 1995)
- Bangu (1986)
- São Paulo (1987)
- Palmeiras (1988)
- Corinthians (1989-1993, 1996-1997)
- Millonarios-COL (1993)
- Atlético Mineiro (1993)
- Santos (1994)
- Matsubara (1994)
- Araçatuba (1995)
- Osan Indaiatuba (1997)
- Paulista (1998)
- Deportivo Italia-VEN (1998-1999)
Todos os títulos de Neto
- Campeonato Brasileiro (1990)
- Supercopa do Brasil (1991)
- Campeonato Paulista (1987, 1997)
- Campeonato Venezuelano (1999)
- Troféu Ramon Carranza (1996)
Quando Neto parou de jogar?
Neto encerrou a carreira de jogador em 1999. No mesmo ano, começou a trabalhar na Rede Bandeirantes. Crescendo na emissora como comentarista de jogos do Brasileirão e dando suas opiniões sem rodeio algum no famoso programa “Jogo Aberto”, o ex-jogador consagrou-se como um personagem irreverente e bastante comunicativo.
De meados de 2010 para cá, assumiu o comando do programa “Donos da Bola”, em que apresenta e comenta. E viraliza nas redes dia sim dia não.
Curiosidades do Craque Neto
- O Craque Neto foi mais um do seleto grupo de jogadores que atuaram pelos quatro grandes clubes de São Paulo (Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos)
- Neto também foi dirigente: trabalhou no Guarani e no Rio Claro
- Antes de se consagrar como apresentador e comentarista, Neto chegou a fazer uma espécie de stand-up comedy, relembrando nos palcos seus causos como jogador
- O Craque Neto tem uma inusitada amizade com Tom Zé. O músico chegou a fazer uma canção para o jogador como “protesto” pela sua ausência da Copa do Mundo de 1990
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