Craque, marrento, falastrão, vencedor. Todos esses adjetivos cabem quando o assunto é Renato Gaúcho, um dos grandes personagens modernos do futebol brasileiro.
Só que o mais carioca dos gaúchos é muito mais do que uma figura pitoresca. Conquistou títulos e anotou gols marcantes por Grêmio, Fluminense, Flamengo e Cruzeiro e até para Copa do Mundo foi.
Como técnico, foi praticamente um protagonista de uma forte equipe do Fluminense e rodou a Série A do Brasileirão antes de se encontrar no seu verdadeiro o lar, o Grêmio.
Tanto como jogador quanto como técnico, Renato nunca perdeu jeito para duas coisas: as vitórias e as histórias. Você pode conferir ambas no texto a seguir.
O que você vai conferir neste post:
- 1 História de Renato Gaúcho como jogador: craque e marrento
- 2 A história de Renato Gaúcho como treinador
- 3 As curiosidades sobre Renato Gaúcho, o Renight
- 4 Títulos de Renato Gaúcho como jogador
- 5 Títulos de Renato Gaúcho como técnico
- 6 Prêmios de Renato Gaúcho como jogador
- 7 Prêmios de Renato Gaúcho como técnico
História de Renato Gaúcho como jogador: craque e marrento
O jovem Renato começou sua carreira no pequeno Esportivo, clube de Guaporé, no Rio Grande do Sul, sua cidade natal. Forte, driblador e confiante, o ponta direita demorou pouco tempo para chamar a atenção do Grêmio, que passou a tê-lo na equipe principal em 1981.
Em 1983, já era ídolo. Também, quem não seria após dar um título mundial ao clube?
Depois de formar o melhor ataque da campanha vitoriosa da Libertadores, Renato completou seu ano mágico ao anotar os dois gols gremistas no triunfo sobre o Hamburgo, da Alemanha, nz final do Mundial Interclubes de 1983.
O primeiro, aos 38 minutos do primeiro tempo, foi bem ao seu estilo. Recebendo a bola na intermediária, arrancou pela direita e, já dentro da área, cortou seu marcador duas vezes antes de chutar. O tiro saiu quase sem ângulo e entrou no único espaço disponível entre o goleiro e a trave.
O gol da vitória saiu de novo na direita. Na prorrogação, o atacante recebeu na sua zona quente, deu outro de seus clássicos cortes curtos e chutou de esquerda no canto oposto, para a glória Imortal.
O Gaúcho mais carioca
O atacante seguiu em ótima fase em 1985 e 1986, quando comandou o Grêmio no Bicampeonato Gaúcho. Chegou a ser convocado para a Copa do Mundo, mas foi cortado por Telê Santana por indisciplina durante a preparação.
A ausência do Mundial no México o fez procurar novos ares e, em 1987, Renato foi para o Flamengo virar Renato Gaúcho. O curioso é que lá ele começou a, na verdade, se tornar o mais carioca dos gaúchos, com uma rápida e certeira identificação com a Cidade Maravilhosa.
Em campo, essa nova identidade se refletiu em bola na rede e taça para o alto. Ao lado de Bebeto, Renato conquistou o Carioca de 87 e a polêmica Copa União, um dos módulos do confuso Campeonato Brasileiro do fim dos anos oitenta.
Gaúcho jogou tanto que levou a Bola de Ouro da Revista Placar, que premiava o craque do Brasileirão. De quebra, arrumou uma transferência para a Roma.
Renato Gaúcho, de “Gullit Brasileiro” ao tour carioca
O período italiano de Renato, o único momento em que jogou fora do Brasil, não deu muito certo. Em pouco mais de um ano, aquele que lá era para ser o “Gullit Brasileiro” voltou para o Flamengo e para as “suas” praias do Rio de Janeiro.
Depois de vencer a Copa América de 1989 e a Copa do Brasil de 1990 — e de jogar apenas alguns minutos na Copa do Mundo do mesmo ano — Renato deu início a uma certa rodagem pelo futebol carioca. Foi vice do estadual de 1991 com o Botafogo e campeão com o Fluminense em 1995, quando fez outro de seus gols eternos, dessa vez de barriga.
No meio de seu tour carioca, jogou e venceu a Supercopa Sul-Americana pelo Cruzeiro, quando fez uma histórica partida de cinco gols marcados. O 8 a 0 contra o Atlético Nacional em 1992 é até hoje a maior vitória da Raposa em competições internacionais.
Depois, fez mais algumas partidas pelo Flamengo e pelo Bangu antes de encerrar a carreira para cursar Educação Física.
A história de Renato Gaúcho como treinador
Renato Gaúcho aposentou-se com 502 partidas, 233 gols marcados e pelo menos um de cada um dos principais títulos do calendário brasileiro. Como técnico, a carreira de Renight, quer dizer, Renato Portaluppi, emulou, de certa forma, seu período como jogador.
O novo professor rodou pelo Rio de Janeiro e falou um monte mas fez sucesso mesmo no Grêmio. Porém, foi por bem pouco que não teve sucesso na sua “segunda casa'.
O vice da Libertadores
Já mais experimentado como técnico, Renato Gaúcho fez seu primeiro grande trabalho no Fluminense entre 2007 e 2008.
Vice da Copa do Brasil em 2006, pelo Vasco, o treinador não deixou o título de 2007 escapar com o Flu, que como “prêmio”, lhe montou um forte time para Libertadores de 2008.
Comandando Darío Conca, Thiago Neves, Dodô e Washington, além de jovens Arouca e Thiago Silva, Renato mostrou suas principais qualificações como “professor”. Armou um time ofensivo e copeiro, que eliminou o São Paulo tricampeão brasileiro e o Boca Juniors no caminho para a final.
Foram dois jogaços no confronto contra a LDU. 4 a 2 na ida para os equatorianos e 3 a 1 para os brasileiros na volta no Maracanã. Nos pênaltis, deu LDU.
Idas e vindas no Grêmio
A derrota na Libertadores marcou uma nova e difícil fase da carreira de Renato como técnico.
Rebaixado com o Vasco, demitido do Fluminense na zona de rebaixamento e com passagens relâmpago por Bahia e Atlético Paranaense, o treinador só encontrou um pouco mais de paz no Grêmio.
Ainda assim, foram necessárias três passagens em seis anos para dar certo. Nas duas primeiras, montou bons times, sempre ofensivos e competitivos, mas sempre entrando na eterna dança das cadeiras que é ser técnico de futebol no Brasil.
Na terceira passagem, porém…
A Libertadores de Renato Portaluppi
Na esteira da demissão de Roger Machado, Renato Gaúcho virou novamente o treinador do Grêmio, em 2016. Ele pegou uma equipe bem montada por aquele que foi seu auxiliar em 2013 e seu comandado em 2007 e em 2008.
No fim, Renato só não repetiu o feito do Fluminense de 2007 porque foi melhor. Vencendo a Copa do Brasil de 2016 um tanto quanto “na marra”, o Grêmio se classificou para a edição da Libertadores que definiria sua identidade nos anos seguintes.
Numa mescla de experiência defensiva e juventude criativa, o Tricolor de Renato Portaluppi não só venceu a Liberta de 2017 como conquistou o respeito de todo o futebol brasileiro.
Travestindo confiança e autoridade na forma de um personagem marrento, Renato fez seus jogadores atuarem sempre com a bola no chão e a cabeça no lugar. Mais: estabeleceu um modelo de jogo duradouro, baseado na posse de bola e no drible, que conseguiu se segurar até a saída de mais da metade de sua base, já em 2020.
Nesse último trabalho Renato se tornou o mais longevo técnico do século XXI no futebol brasileiro. Ganhou busto no clube, o respeito do mercado e o reconhecimento da imprensa. Só não deixou de ser falastrão.
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As curiosidades sobre Renato Gaúcho, o Renight
Como falamos, Renato Gaúcho foi marcante no futebol brasileiro não só pelo que fez dentro de campo mas também pela sua coleção de falas e histórias fora dele.
Abaixo, reunimos apenas algumas das principais.
Flores para as “namoradas”
Em 1985, Renato fez uma brincadeira com a reportagem do Globo Esporte que deu o que falar. Direto da concentração da Seleção Brasileira, Renato olhava para a câmera da Globo enquanto beijava flores e as jogava ao chão, cada um em homenagem a uma mulher.
O problema era que os nomes das supostas namoradas eram, na verdade, nomes das mães de seus companheiros! Coincidência ou não, o atacante foi cortado por Telê Santana da Copa do Mundo de 1986 por indisciplina.
Churrasco no inimigo
Em 1991, Renato enfureceu a torcida do Botafogo. O atacante jogava no Fogão que foi derrotado por 3 a 0 pelo Flamengo na final do Campeonato Carioca. Até aí, estava todo mundo de cabeça quente.
O problema mesmo foi quando ele apareceu no churrasco de comemoração dos jogadores rubro-negros, tendo ele mesmo sido um no ano anterior. Uma foto sua saiu no jornal e ele do Botafogo.
Praia com Romário e Edmundo
Em 1996, Renato Gaúcho foi o protagonista de uma das melhores reportagens da história do jornalismo de esportes para a televisão. Foi um dos protagonistas, na verdade.
O atacante dividiu a cena com Romário e Edmundo, os três numa praia do Rio de Janeiro e em litígio financeiro com seus respectivos clubes. É clicar abaixo e prestigiar.
“Vamos brincar no Brasileiro”
Já como treinador, Renato deu uma de suas mais famosas declarações.
Mesmo de cabeça inchada depois da derrota por 4 a 2 para a LDU, na ida das finais da Libertadores de 2008, o técnico convocou a torcida ao Maracanã, anunciou desde já a vitória e ainda disse que, com o título, o Fluminense iria “brincar no Brasileiro”.
O Flu, vale dizer, não foi campeão e nem brincou no Brasileirão. Renato foi inclusive demitido após entrar com o Tricolor na zona de rebaixamento.
Melhor que Cristiano Ronaldo
Nem quando Renato Gaúcho virou Renato Portaluppi ele deixou a marra de lado. Em entrevista antes do Mundial Interclubes de 2017, na qual o Grêmio enfrentaria o Real Madrid, o técnico afirmou categoricamente que tinha sido melhor que Cristiano Ronaldo.
Se antigo camisa 7 foi ou não, não cabe a nós a dizer. Mas que irritou o craque português…ah, isso, com certeza.
Títulos de Renato Gaúcho como jogador
Grêmio
- Campeonato Gaúcho: 1985, 1986
- Copa Libertadores: 1983
- Mundial Interclubes: 1983
Flamengo
- Taça Guanabara: 1987
- Copa do Brasil: 1990
- Copa União: 1987
Cruzeiro
- Campeonato Mineiro: 1992
- Supercopa Libertadores: 1992
Fluminense
- Campeonato Carioca: 1995
Seleção Brasileira
- Copa América: 1989
Títulos de Renato Gaúcho como técnico
Fluminense
- Copa do Brasil: 2007
Grêmio
- Campeonato Gaúcho: 2018, 2019, 2020
- Copa do Brasil: 2016
- Copa Libertadores: 2017
- Recopa Sul-Americana: 2018
- Recopa Gaúcha: 2019
Prêmios de Renato Gaúcho como jogador
- Bola de Ouro (Revista Placar): 1987
- Bola de Prata (Revista Placar): 1984, 1987, 1990, 1992, 1995
- Craque da final do Mundial Interclubes: 1987
Prêmios de Renato Gaúcho como técnico
- Melhor Treinador da Copa Libertadores: 2017
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*Última atualização feita em 7 de outubro de 2020
Jornalista formado pela UNESP, foi repórter da Revista PLACAR. Cobriu NBB, Superliga de Vôlei, A1 (Feminino), A2 e A3 (Masculino) do Campeonato Paulista e outras competições de base na cidade de São Paulo. Fanático por esportes e pelas histórias que neles acontecem, dos atletas aos torcedores.