Os maiores enxadristas do mundo em todos os tempos são mais do que meros personagens da secular história do xadrez. São peças importantíssimas de todo o rico universo do esporte.
Afinal, os grandes nomes dos tabuleiros são também grandiosas mentes, com personalidades e comportamentos tão diversos e complexos quanto o jogo em si.
O texto abaixo, portanto, não se resume a somente listar os melhores jogadores da história. Contamos seus estilos, seus feitos e suas contribuições — o que os eternizam no esporte, enfim.
Os maiores enxadristas do mundo em todos os tempos
- Garry Kasparov
- Bobby Fischer
- Mikhail Botvinnik
- Anatoly Karpov
- José Raúl Capablanca
- Alexander Alekhine
- Magnus Carlsen
- Emanuel Lasker
- Mikhail Tal
- Viswanathan Anand
Viswanathan Anand (10º)
Iniciamos nossa lista com uma “abertura indiana”. Um dos únicos jogadores desta seleção que seguem ativos (e vivos), Viswanathan Anand é um dos cinco maiores enxadristas do mundo já fazem quase três décadas.
Tido como um dos grandes talentos natos do esporte, Anand é um dos únicos jogadores a ser campeão nas mais diversas modalidades. Seu tino para finalizar partidas rapidamente, inclusive, é algo especial.
Ainda que não tenha mantido por muito tempo a condição de campeão mundial — pelos comparado aos principais nomes listados aqui —, o Grande Mestre indiano tem uma importante marca, sendo um dos únicos seis enxadristas a superar a marca dos 2800 pontos do ranking mundial aos 37 anos.
Mikhail Tal (9º)
Mikhail Tal pode não ser um dos mais famosos mas é certamente um dos maiores enxadristas do mundo em todo os tempos. O letão foi o oitavo campeão mundial da história aos 24 anos, na época (1960) o mais jovem a conquistar o título.
Uma explicação para a menor notoriedade do “Mago” como um jogador de altíssimo nível seja o seu enorme carisma. Um sujeito ético, bem-humorado e de conduta desportiva invejável, Tal pode ter sublimado seu talento com sua personalidade.
Em frente ao tabuleiro, o letão adotava quase sempre um estilo ofensivo, buscando sufocar o adversário, quando não confundi-lo. Adorava sacrificar peças para ganhar posições. Era, sim, chegado num “Gambito da Rainha”.
Emanuel Lasker (8º)
Para o nosso terceiro lance, vamos com um dos mais antigos campeões mundiais de xadrez — o segundo, para ser mais exato.
Nascido na Polônia, Emmanuel Lasker é um jogador pré-União Soviética. Ao menos o seu auge, que se deu entre 1894 e 1921, quando foi o imbatível campeão mundial. O período, aliás, é o maior já alcançado por um jogador (27 anos).
Estratégico, Lasker é dito como um dos pioneiros do jogo psicológico no xadrez, da exploração de fraquezas e momentos das partidas, capaz até de errar movimentos propositalmente para explorar a virada em lances seguintes.
Magnus Carlsen (7º)
Não há dúvidas que Magnus Carlsen já está entre os maiores enxadristas do mundo em toda a história. Sua prodigalidade — Grande Mestre na Noruega aos 15 anos e o mais jovem campeão mundial, aos 22 anos — seu entendimento do jogo. Nem sua capacidade para ganhar.
O “Mozart do Xadrez”, afinal, não é somente o rapaz que aos 13 anos empatou com Garry Kasparov. É o líder do ranking mundial desde 2011 que em 2014 alcançou a maior pontuação da história, com 2889 pontos.
Francamente, Carlsen deveria, pelos números e feitos, estar em uma posição até maior nesta lista. Mas, recém-chegado aos 30 anos, ainda tem muita tempo de tabuleiro pela frente, inclusive os que pode ser ruins.
Será a sua capacidade para se reerguer ou mesmo adiar a sua queda que vai definir sua real posição na história. Alta certamente ela já é.
Alexander Alekhine (6º)
Até onde você iria pelo sucesso? Alexander Alekhine não foi a nenhum lugar. Mas nenhum lugar mesmo. O russo se exilou por quase sete anos para se concentrar em melhorar o seu jogo e a montar a estratégia para bater o seu rival pelo título mundial, José Raúl Capablanca.
O auto-exílio talvez seja a melhor maneira de ilustrar a personalidade e o estilo de Alekhine, considerado um dos mais jogadores mais “trabalhadores”. O quarto campeão mundial não tinha o talento de muitos desta lista mas tinha uma determinação que equilibrava os terrenos.
A dedicação ao estudo para as partidas não só deixou um legado para o preparo — e portanto a maior profissionalização — visando partidas de xadrez. Ela resultou numa lógica de jogo que quebrava com o chamado padrão posicional da época.
Sua maneira de jogar era descrita como uma certa “ode ao caos”, deixando as possibilidades muito abertas e a leitura do tabuleiro mais complicada para o adversário. Foi o grande ídolo de Garry Kasparov.
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José Raúl Capablanca (5º)
Tido como o maior talento da história do xadrez, José Raúl Capablanca foi o terceiro campeão mundial, batendo Emmanuel Lasker em 1921. Manteve o título por seis anos, até 1927, quando foi derrotado por Alexander Alekhine.
O estilo de jogo do cubano era de muita criatividade, com um apreço especial por movimentos de fechamento de jogo, os famosos “endgames”. Com suas habilidades, foi capaz de ficar oito anos sem perder uma única partida.
Maior que o talento de Capablanca, somente a mitologia por trás de seu personagem. Poucos enxadristas contam com tamanha bibliografia quanto o americano.
Nela, o jogador é retratado como um homem “relaxado” por conta de sua enorme capacidade natural. Tivesse aliado seus dotes com uma preparação tal qual a de Alekhine, por exemplo, poderia ser o maior de todos.
Anatoly Karpov (4º)
Anatoly Karpov é certamente um dos maiores enxadristas do mundo em todos os tempos. Se fosse um jogador de pôquer era capaz de ter alcançado o mesmo tipo de sucesso. Se não maior.
Karpov foi o 12º campeão mundial de xadrez com um estilo absolutamente frio (e calculista, claro). Escondendo reações com seu inigualável controle emocional e dotado de técnica impecável para finalizar partidas, o russo foi o dono do mundo por 16 anos somados (1975-1985, 1993-1999).
Só o match final de 1984 com Kasparov, que durou mais de cem partidas, já seriam o bastante para colocá-lo entre os grandes do esporte. Mas suas jogadas, antes e depois da finalíssima, seguem estudadas e referenciadas até hoje.
Mikhail Botvinnik (3º)
Na lista dos maiores enxadristas do mundo, o nome Mikhail Botvinnik consta não somente como jogador mas também como professor. O russo foi um dos idealizadores da chamada “escola soviética”, que produziu nomes como Karpov e Kasparov e mudou o jogo para sempre.
O sexto Campeão mundial defendeu o título por 15 anos em três oportunidades diferentes. É inclusive o único até hoje a recuperar a coroa do xadrez em duas oportunidades. Para alcançar tal feito, usou de seu inovador método de preparo para as partidas, baseado em análises matemáticas dos oponentes.
Tamanha era a precisão de técnica pré-jogo que Botvinnik, ao encerrar a sua carreira nos tabuleiros, dedicou-se a criar um algoritmo para automatizar o raciocínio humano no xadrez — essencial, portanto, para a transição de uma era “romântica” para uma computadorizada do esporte.
Bobby Fischer (2º)
Bobby Fischer é um dos melhores e mais enigmáticos enxadristas que já existiram.
O décimo campeão mundial foi um prodígio que virou Grande Mestre aos 15 anos, acabou “sozinho” com a hegemonia soviética nos campeonatos e que chegou a sumir por dois anos após conquistar o título mundial.
A cinebiografia do estadunidense, um dos grandes filmes de xadrez já produzidos, retrata um homem obcecado pelo jogo, incapaz de se desligar dos movimentos possíveis do tabuleiro. Uma inspiração clara para a personagem Beth Harmon, do seriado “O Gambito da Rainha”.
Ainda que a personalidade e os problemas tenham um peso grande na sua trajetória, Bobby Fischer não foi apenas um pitoresco enxadrista. O seu auge, entre 1970 e 1971, talvez tenha sido o maior já alcançado.
No período, jogou vinte partidas contra os adversários do maior nível possível dentro do xadrez. Não perdeu nenhuma.
É também vasto o seu legado nos tabuleiros. Suas soluções, o domínio das posições, a criatividade para encerrar jogos e antecipar movimentos, tudo é intensamente estudado nos dias de hoje pelos mais diferentes aspirantes.
Garry Kasparov (1º)
No topo da lista dos maiores enxadristas do mundo em todos os tempos, o homem que mudou o jogo para sempre. Garry Kasparov é a cara do xadrez em si, complexo, inteligente, diverso, eterno.
Nascido no Azerbaijão, o “Ogro de Baku” foi o último grande campeão soviético. Até porque a União caiu durante seu reinado no campeonato mundial de xadrez, que durou entre 1985 e 2000.
Maior que seus 15 anos no trono foram os 21 anos em que ficou no topo do ranking da FIDE, a Federação Internacional de Xadrez. No seu auge, foram 2856 pontos somados no índice, número superado somente por Magnus Carlsen.
O impacto de Kasparov no esporte vai além de suas vitórias, no entanto. Absoluto mestre das aberturas, trouxe novidades teóricas ao jogo que hoje são consideradas praxe dentro do alto nível do xadrez.
Mas sua visão sobre o tabuleiro vai além das peças, com reflexões sobre competitividade, sobre condições psicológicas de uma partida sobre desempenho, enfim. Auxiliou até Pep Guardiola, treinador de futebol, a desenvolver seu estilo de trabalho.
Kasparov era tão grande no xadrez que foi o escolhido para a histórica partida contra o computador Deep Blue, da IBM, nos anos noventa. O azerbaijano venceu a primeira partida, o que foi somente uma de suas inúmeras contribuições para a era computadorizada do esporte.
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