Gritos e expressões faciais intensas à beira da quadra, uma cobrança extrema de seus jogadores e uma impressionante coleção de troféus. Ao ler essas características, você imediatamente pensou em Bernardinho, não foi?
Um dos treinadores mais vitoriosos da história do voleibol, Bernardinho ainda segue em atividade, mas já tem seu nome marcado para sempre no esporte brasileiro. Campeão à frente das seleções feminina e masculina de vôlei, ele também conquistou títulos durante sua carreira como jogador.
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Quem é Bernardinho?
Carioca, Bernardo Rocha de Rezende, conhecido como Bernardinho, nasceu em 25 de agosto de 1959. Ele é ex-jogador e um dos treinadores mais bem-sucedidos da história do vôlei mundial.
Após levar a seleção feminina brasileira a suas primeiras medalhas olímpicas, Bernardinho se destacou como bicampeão olímpico à frente da seleção masculina, acumulando uma impressionante variedade de títulos ao longo de sua carreira.
Quando e como Bernardinho começou no vôlei?
Embora seja lembrado principalmente por suas conquistas como treinador, Bernardinho também teve uma carreira de sucesso como atleta. No Rio de Janeiro, ele jogou por Fluminense, Flamengo, Vasco e Boavista, conquistando o Campeonato Brasileiro em 1981.
Sua trajetória na Seleção Brasileira de vôlei começou em 1979. Cinco anos depois, ele integrou a famosa geração de prata do Brasil, que conquistou o vice-campeonato olímpico em Los Angeles, em 1984, marcando a primeira grande conquista do vôlei brasileiro.
Após se aposentar em 1986, Bernardinho atuou como auxiliar de Bebeto de Freitas, que era o treinador da Seleção Brasileira masculina durante os Jogos Olímpicos de Seul, em 1988.
Sua primeira experiência como treinador ocorreu na Itália, onde comandou o Perugia entre 1990 e 1992. No ano seguinte, ele assumiu o Modena.
Como foi a trajetória de Bernardinho na seleção feminina de vôlei?
Em 1994, Bernardinho retornou ao Brasil para ser treinador na seleção feminina de voleibol. Logo em seu primeiro ano à frente do time nacional, ele conquistou o vice-campeonato do mundial disputado no Brasil e foi campeão do Grand Prix. No ano seguinte, foi a vez de conquistar a medalha de prata na Copa do Mundo.
Sob a liderança de Bernardinho, uma geração que incluía jogadoras como Fernanda Venturini, Ana Moser, Leila, Ana Paula, Virna, Márcia Fu, Ana Flávia, Ida, Hilma e Fofão levou o vôlei feminino brasileiro a conquistar sua primeira medalha olímpica.
Durante as semifinais dos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, a Seleção Brasileira foi derrotada no tie-break por Cuba, em um jogo marcado por uma discussão entre Ana Moser e Márcia Fu com Regla Torres e Mireya Luis. No entanto, na disputa pelo terceiro lugar, o Brasil superou a Rússia por 3 a 2, garantindo a medalha de bronze.
Mais tarde, Bernardinho também levou a seleção feminina a conquistar outra medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000. Essa geração contou com Fofão, Leila e Virna como remanescentes da Olimpíada anterior, além de jogadoras como Érika, Elisângela e Valewska.
A equipe brasileira venceu todos os sete jogos que disputou até as semifinais, onde foi novamente derrotada por Cuba. A medalha de bronze foi garantida com uma vitória sobre os Estados Unidos por 3 a 0. Em 2000, Bernardinho deixou o comando da seleção feminina.
Além das duas medalhas de bronze em Olimpíadas, ele conquistou o tricampeonato do Grand Prix em 1994, 1996 e 1998, foi bicampeão do Montreux Volley Master em 1994 e 1995, tricampeão do Campeonato Sul-Americano em 1995, 1997 e 1999, e ainda levou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos em Winnipeg, em 1999.
Como foi o desempenho de Bernardinho na seleção masculina de vôlei?
Em toda a história do esporte, é difícil encontrar uma seleção tão vitoriosa quanto a de vôlei masculino do Brasil sob o comando de Bernardinho.
Ao longo de 16 anos da “era Bernardinho”, foram 4 medalhas olímpicas (dois ouros e duas pratas), 3 Campeonatos Mundiais, 8 Ligas Mundiais, 8 Campeonatos Sul-Americanos, duas Copas do Mundo de vôlei e dois Jogos Pan-Americanos, além de títulos de torneios de menor expressão.
Bernardinho assumiu o comando da seleção brasileira de vôlei masculino em 2001. Naquele mesmo ano, ele ganhou a Liga Mundial, o Campeonato Sul-Americano e a Copa América. Já no ano seguinte, levou o Brasil ao primeiro título do Campeonato Mundial em sua história.
Ele ainda foi bicampeão sul-americano e da Liga Mundial, além de erguer o troféu da Copa do Mundo, antes de disputar sua primeira Olimpíada com o time masculino do Brasil.
Quatro medalhas olímpicas
À frente de uma equipe que contava com Giba, Ricardinho, Nalbert, Dante, Serginho, Gustavo, Rodrigão, André Nascimento, Anderson, Maurício, Giovane e André Eller, Bernardinho conduziu o Brasil ao seu segundo ouro olímpico no voleibol — em 1992, José Roberto Guimarães comandou o time campeão em Barcelona.
O lugar mais alto do pódio foi alcançado em Atenas, em 2004, após vitórias sobre os Estados Unidos nas semifinais e a Itália na final. Nos Jogos Olímpicos de Pequim e em Londres, em 2008 e 2012, a equipe de Bernardinho chegou às finais, mas ficou com a prata em ambas.
Em Pequim, o Brasil foi derrotado na final pelos Estados Unidos por 3 a 1. Já em Londres, a derrota foi ainda mais amarga, com um revés no tie-break contra a Rússia. A segunda medalha de ouro de Bernardinho veio com o apoio da torcida no Rio de Janeiro, em 2016.
Na fase de grupos, o Brasil ficou em quarto lugar, com 3 vitórias em 5 jogos. Nas quartas de final, superou a Argentina, que havia sido líder de sua chave. Nas semifinais e na final, o Brasil foi implacável, derrotando a Rússia e a Itália por 3 a 0.
Foi a vez então de uma geração de Bruninho (filho de Bernardinho), Lipe, Wallace, Lucão, Lucarelli, Maurício Borges e Maurício Souza, Evandro, William, Éder e Douglas celebrar o ouro olímpico.
Em janeiro de 2017, Bernardinho deixou o comando da seleção masculina, sendo sucedido por Renan Dal Zotto. Em 2021, ele assumiu a seleção da França, atual campeã olímpica e país sede dos próximos Jogos em Paris 2024.
No entanto, Bernardinho deixou o cargo em 2022, dois anos antes das Olimpíadas, devido a problemas pessoais.
É uma das decisões mais difíceis e dolorosas de toda a minha carreira. Estou muito triste, porque amo este time francês, o grupo, os jogadores, a equipe que construímos”, afirmou Bernardinho na época.
Retorno à Seleção Brasileira
Após a demissão de Renan Dal Zotto da Seleção Brasileira, apenas um nome surgiu como o grande favorito para assumir o cargo: Bernardinho.
Em meados de novembro de 2023, a imprensa anunciou que o treinador havia acertado seu retorno à Seleção Brasileira, assumindo a equipe a partir de 2024.
Assim, Bernardinho foi o técnico que comandou a Seleção Brasileira Masculina de vôlei e na fase final do ciclo olímpico de 2024 e durante a Olimpíada de Paris. Vale ressaltar que a Confederação Brasileira de Vôlei confirmou a permanência do treinador para LA 2028.
Lista dos times treinados por Bernardinho
- Perugia
- Modena
- Rexona
- Rexona-Ades/Rio de Janeiro
- Unilever/Rio de Janeiro
- Rexona-Sesc/Rio de Janeiro
- Sesc-RJ
Trajetória e títulos de Bernardinho por clubes
Foi como técnico do Rexona que Bernardinho ganhou seus primeiros títulos nacionais. No comando do time do Paraná, ele foi campeão da Superliga Feminina em 1997/98 e 1999/2000.
Em 2004, o treinador retornou ao Rexona-Ades, mas em uma nova era, dessa vez no Rio de Janeiro. E, como não poderia deixar de ser com Bernardinho, veio mais uma coleção de taças, além de uma grande rivalidade.
Entre as temporadas 2004/2005 e 2012/2013, as finais da Superliga sempre foram decididas entre o time de Bernardinho e o Osasco. Depois de ser vice-campeão em 2004/2005, o Rexona-Ades/Rio de Janeiro conquistou o tetracampeonato da Superliga feminina entre 2005/2006 e 2008/2009.
Com o nome Unilever/Rio de Janeiro, a equipe de Bernardinho conquistou a Superliga mais cinco vezes (2010/11, 2012/13, 2013/14, 2014/15 e 2015/16). O projeto Rexona no voleibol feminino chegou ao fim com mais um título na Superliga, a de 2016/2017, quando a equipe competiu como Rexona-Sesc/Rio de Janeiro.
Ao todo, foram 12 títulos de Superliga feminina em 20 anos de projeto, que começou em Curitiba e depois se trasladou para o Rio de Janeiro. Após a conquista de 2016/2017, o copatrocinador Sesc passou a ser o gestor do time, ainda sob o comando de Bernardinho.
Na temporada 2018/2019, pela primeira vez desde a criação do projeto, o Sesc-RJ, de Bernardinho, não chegou às semifinais da Superliga Feminina. Antes de ser eliminado pelo Sesi Bauru nas quartas de final, a equipe alcançou uma série de 14 finais consecutivas.
Entre títulos nacionais, Bernardinho conduziu o Sesc-RJ ainda ao tetracampeonato da Copa Brasil de Vôlei Feminino. Com o projeto Rexona, Bernardinho foi também tetracampeão sul-americano (2013, 2015, 2016 e 2017) e conquistou 15 vezes o Campeonato Carioca.
Quantas vezes Bernardinho foi campeão?
Um dos recordes de Bernardinho é o número impressionante de títulos. Ao longo de sua carreira, incluindo conquistas com clubes e seleções brasileiras, ele soma mais de 50 troféus.
Como técnico de seleções, Bernardinho conquistou 6 medalhas olímpicas consecutivas, de 1996, em Atlanta, até 2016, no Rio de Janeiro: dois bronzes, duas pratas e dois ouros. Com a prata que já havia conquistado em Los Angeles, em 1984, ele totaliza 7 medalhas olímpicas.
Além disso, como treinador de clubes, Bernardinho acumula 12 títulos da Superliga feminina.
Lista de títulos de Bernardinho na seleção feminina de vôlei
- Grand Prix de Voleibol: 1994, 1996, 1998
- Campeonato Sul-Americano de Voleibol Feminino: 1995, 1997, 1999
- Jogos Pan-Americanos: 1999
- Montreux Volley Masters: 1994 e 1995
- 1994 – Vice-campeão no Mundial de Voleibol Feminino
- 1996 – Bronze na Olimpíada de Atlanta
- 1997 – Bronze na Copa dos Campeões
- 1999 – Prata no Grand Prix
- 1999 – Bronze na Copa do Mundo de Voleibol
- 2000 – Bronze no Grand Prix
- 2000 – Bronze na Olimpíada de Sydney
Lista de títulos de Bernardinho na seleção masculina de vôlei
- Medalha de ouro nos Jogos Olímpicos: 2004 e 2016
- Campeonato Mundial de Vôlei: 2002, 2006 e 2010
- Copa dos Campeões de Voleibol: 2005, 2009 e 2013
- Copa do Mundo de Voleibol: 2003 e 2007
- Liga Mundial de Voleibol: 2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009 e 2010
- Jogos Pan-Americanos: 2007 e 2011
- Campeonato Sul-Americano de Voleibol Masculino: 2001, 2003, 2005, 2007, 2009, 2011, 2013 e 2015
- 2001 – Copa América de Voleibol
- 2001 – Campeão do Torneio Ponte di Legno, na Itália
- 2001 – Campeão do Torneio Consorzio Metano de Vellecamonica, na Itália
- 2001 – Vice-campeão da Copa dos Campeões de Voleibol, no Japão
- 2002 – Vice-campeão da Liga Mundial de Voleibol
- 2002 – Campeão do Torneio Sei Nazioni
- 2003 – Bronze no Pan-americano de Santo Domingo
- 2004 – Ouro na Olimpíada de Atenas
- 2005 – Vice-campeão da Copa América de Voleibol
- 2007 – Vice-campeão da Copa América de Voleibol
- 2008 – Prata na Olimpíada de Pequim
- 2010 – Campeão do Torneio Hubert Jerzy Wagner, na Polônia
- 2011 – Vice-campeão da Liga Mundial de Voleibol, na Polônia
- 2011 – Bronze da Copa do Mundo
- 2012 – Prata na Olimpíada de Londres
- 2013 – Vice-campeão da Liga Mundial de Voleibol, na Argentina
- 2014 – Vice-campeão da Liga Mundial de Voleibol, na Itália
- 2014 – Vice-campeão Mundial, na Polônia.
- 2015 – Prata no Pan-americano de Toronto
- 2016 – Vice-campeão da Liga Mundial na Polônia
- 2016 – Ouro na Olimpíada do Rio, no Brasil
Lista de títulos de Bernardinho por clubes
- Torneio Top Volley: 2006 e 2009
- Salonpas Cup: 2004, 2006 e 2007
- Campeonato Sul-Americano de Clubes de Vôlei Feminino: 2013, 2015, 2016 e 2017
- Superliga Brasileira de Voleibol: 97/98, 99/00, 05/06, 06/07, 07/08, 08/09, 10/11, 12/13, 13/14, 14/15, 15/16 e 16/17
- Copa do Brasil de Vôlei Feminino: 2007, 2016, 2017 e 2019
- Supercopa Brasileira de Voleibol: 2015 , 2016 e 2017
- Campeonato Carioca de Voleibol: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012,2013,2014,2015, 2017, 2018 e 2019
- Campeonato Paranaense de Voleibol: 2003
- Supercopa dos Campeões de Vôlei: 2001
- Copa Rio de Vôlei: 2009
- Copa Nacional de Clubes: 2024
Quais membros da família de Bernardinho também se destacaram no esporte?
A família de Bernardinho é bastante envolvida com esportes. Filho de seu relacionamento com Vera Mossa, também ex-jogadora de vôlei, Bruninho é levantador da Seleção Brasileira e foi campeão olímpico no Rio de Janeiro, além de medalhista de prata em Londres e Pequim.
Após seu relacionamento com Vera Mossa, Bernardinho se casou com outra ex-jogadora. Sua esposa, Fernanda Venturini, foi levantadora da Seleção Brasileira na década de 1990 e conquistou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996.
Frases famosas e inspiradoras de Bernardinho
- “Creio que errar na forma é aceitável, desde que não se duvide jamais da intenção”
- “A vontade de se preparar tem que ser maior do que a vontade de vencer. Vencer será consequência da boa preparação”
- “No fundo, é um paradoxo: sou um perfeccionista que sabe que a perfeição jamais será atingida. E, se isso fosse possível, também não gostaria de alcançá-la. Seria o fim dos objetivos e eu não conseguiria viver sem eles”
- “Expectativa gera responsabilidade, o que leva à necessidade de mais trabalho e a uma atenção ainda maior aos detalhes”
- “Existem dois tipos de dor, a dor da disciplina e a dor do arrependimento, garanto que a dor do arrependimento é a mais dolorosa”
Livro do Bernardinho: Transformando suor em ouro
Agora que você sabe tudo sobre Bernardinho, aproveite para continuar no mundo do vôlei:
- Vôlei de Praia nas Olimpíadas: história e maiores campeões
- Todos os MVPs do vôlei na história das Olimpíadas
- Regras do Voleibol [2024]: Pontuação, Posições e Fundamentos
- História do Voleibol: Quando surgiu e chegada ao Brasil
- Dicionário do vôlei [2024]: Conheça todos os termos do esporte
Repórter do Esportelândia desde 2024. Formada em arbitragem pela Federação Paulista de Voleibol. Fundadora e administradora da página Passe Na Mão, uma das maiores referência de voleibol feminino do país.