Com a 3ª etapa da temporada neste final de semana, a Stock Car celebra os 45 anos do Autódromo de Interlagos na categoria. Presente no calendário do campeonato desde 1979, o circuito já recebeu uma porção de lendas, como no caso de Lourival Pereira dos Santos, mais conhecido como Losa.
Nascido em 5 de março de 1960, o mecânico é natural da cidade de Londrina, no estado do Paraná. Entretanto, possui uma belíssima trajetória de vida por todo o Brasil, com vários de seus serviços prestados ao automobilismo nacional.
A inspiradora história de Losa no automobilismo brasileiro
Atual mecânico da Lubrax, Losa lembra de quando teve a sua primeira participação na Stock Car. Para ser mais exato, a história do profissional e da categoria se misturam, uma vez que o paranaense estava presente quando tudo se iniciou.
Em entrevista exclusiva ao Esportelândia, Lourival conta que veio ainda muito cedo para São Paulo e que tudo começou por meio de uma procura de emprego. A oportunidade de trabalhar em Interlagos apareceu e não foi desperdiçada.
Eu não recebi convite, eu vim procurar um emprego. Aí eu cheguei até uma equipe que estava precisando. Foi onde eu cheguei, me adaptei e estou até hoje.
Eu comecei no kart. Fiquei um ano no kartódromo e logo vim para o Autódromo. Comecei nas categorias de fórmula, turismo e, quando chegou em 1979, que foi a primeira etapa da Stock Car, eu fiz parte dela. Não parei mais.
Hoje em dia, pode parecer até um pouco estranho, mas Losa afirma que não fazia ideia da proporção que aquele jovem campeonato poderia tomar décadas depois.
No começo eu achava que era mais tranquilo, porque o próprio kart já era mais tranquilo. E eu não acreditava que a categoria [Stock Car] ia chegar no auge que chegou hoje.
A relação com os ídolos
Losa explica que, dentre as grandes experiências de vida dentro do automobilismo nacional, ter dividido áreas de trabalho com grandes estrelas do esporte brasileiro foi uma das melhores partes.
Fã declarado de Ingo Hoffmann, o profissional relembra, com carinho, de momentos que jamais serão apagados de sua memória, não exatamente pelas conquistas, mas sim por reconhecer que sempre foi peça fundamental nos resultados que marcaram época.
Sou muito orgulhoso de ter trabalhado com uma pessoa como o Ingo Hoffman, porque quando começou a categoria da Stock Car, ele se adaptou e foi deslanchando.
Quando o Ingo se adaptou, ele casou com o carro. É um piloto excepcional. É fora do comum você trabalhar com o Ingo. Se você trabalhar com ele é alegria garantida.
O atual integrante da Lubrax revelou um dos seus casos favoritos dentro da Stock Car ao longo desses anos. E, é claro, foi em um título de Ingo Hoffmann. Um dos 12, já que ele é o maior campeão de todos os tempos da categoria.
O que mais me marcou foi o campeonato que a gente ganhou com o Ingo, em 1994. Acho que seis ou sete pilotos estavam disputando o campeonato junto com a gente. Só que nós quebramos o motor e já tínhamos jogado a toalha fora.
Ficamos parados no box, assistindo à corrida. Aí a turma que estava disputando o campeonato com a gente, foi quebrando, foi batendo, foi rodando, enfim, não chegou. Nós fomos campeões no box, parados.
Admiração por Ingo Hoffmann
Mas Losa também lembra muito bem de quando foram campeões com o mestre Ingo, em um ano em que o piloto chamou a responsabilidade para si e fez tudo acontecer.
Em 2007, um ano antes do Ingo Hoffmann encerrar a carreira, a gente não estava bem no campeonato. Ele estava mal, os resultados não apareciam, não vinham. A gente se sentia muito mal, porque você quer ver o carro andar bem, não lá atrás.
A gente falava: ‘O que vamos fazer agora? Não tem mais o que fazer'. Aí o Ingo chegou, sentou e disse: ‘ Deixa comigo, que eu vou e resolvo'. E resolveu.
A partir daí deu uma mudada e o carro melhorou da noite para o dia. Ele começou a fazer pole position, ganhar corrida, andar na frente. Isso foi muito bacana.
Apesar do grande apreço por Hoffmann, Losa reconhece outros diversos nomes do automobilismo brasileiro como grandes talentos de uma geração.
Paulo Gomes, Alencar Júnior, Fábio Souto Maior e Wilson Fittipaldi Júnior. Todos esses que passaram por aqui nos deram muita alegria, eram todos pilotos combativos.
Tem até o Adalberto Jardim, que na época andou muito também. Ângelo Giombelli, que fez parceria com o Ingo. E a gente foi campeão junto, então isso aí só fez crescer.
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O nascimento da lenda Ayrton Senna
Durante o papo-bate exclusivo com o Esportelândia, o mecânico citou diversos nomes relevantes na história do esporte brasileiro. No entanto, tem um em especial que percebeu ser diferente desde a primeira vez em que botou os seus olhos.
Losa conta que trabalhou com Ayrton Senna ainda quando o piloto era uma promessa correndo no kart. Lembrou, inclusive, de algo que ninguém mais se lembra: Senna rodou quando fez a sua primeira volta com umF carro de corrida.
O Ayrton Senna, eu trabalhei com ele no kart. Quando ele começou a andar de fórmula, o primeiro teste com o carro dele foi na equipe em que eu trabalhava, que era na Fórmula V 1300.
Foi o primeiro contato do Ayrton Senna com um carro de corrida aqui. Só que na mesma volta que ele deu, rodou três vezes (risos). Isso eu não esqueço!
Apesar do ocorrido, Lourival admite que o que via diante dos seus olhos era algo inimaginável. Dono de um talento absurdo, Ayrton Senna estava muito a frente dos demais atletas, exceto um.
Eu lembro como se fosse hoje. No kart ele já era diferenciado. A diferença era muito grande.
Só tinha um piloto que conseguia acompanhar ele, mas mesmo assim era difícil. Se chamava Mário Sérgio de Carvalho.
Dec 11, 1991. Official opening* event of Ayrton Senna's private go-kart track.
1st @TonyKanaan (16 y.o.)
2nd Mario Sergio de Carvalho (Senna's old rival in go-kart in the 70s and early 80s).
3rd "The Boss" himself.Maurício Gugelmin handed over the trophies to the winners. pic.twitter.com/a2Pi4G9zB7
— Petrolhead 🏁 (@NuvolariTazio1) July 13, 2021
Stock Car conta a história de uma vida
De todos esses anos, Losa assume que uma das coisas que mais gostava no lendário Autódromo de Interlagos, era o seu traçado antigo. A paixão pelos 8 mil metros de extensão da pista era uma conexão muito forte.
Eu gostava muito do autódromo antigo. Ali você separava os homens dos meninos. Era top! Hoje diminuiu. Não deixa de ser uma baita autódromo, com toda a estrutura, mas eu preferia o traçado antigo.
Mesmo assim, o profissional admite que nunca pensou, em momento algum, deixar a Stock Car. Para Losa, a categoria de elite dos esportes a motor do Brasil representa a história de uma vida.
Eu tenho uma paixão tão grande pela Stock Car que, eu trabalhei por várias categorias, fui campeão em várias categorias, mas a que me chama muito a atenção é essa.
A Stock Car, hoje, é a Fórmula 1 do Brasil. É a categoria mais badalada e, como eu estou há 45 anos nela, eu pretendo chegar aos 50. Essa é a minha meta.
A Stock Car me deu a oportunidade de chegar onde eu cheguei. A história que eu tenho hoje vale mais do que um monte de dinheiro no bolso. Só de falar que eu estou aqui, já é grandioso.
Reconhecimento
Depois de uma vida de serviços prestados à categoria pela qual tem o maior apreço possível, Losa foi homenageado pelos integrantes da equipe Lubrax, que se reuniram para reconhecer e reverenciar a sua importância.
De todo esse tempo que eu tenho na Stock Car, uma equipe que veio a lembrar desses 45 anos foi a Lubrax, junto com a TMG, que pegou e fez uma homenagem a mim. Isso aí não tem preço. Você tem que agradecer muito, e eu sou muito grato a eles.
Me pegaram de surpresa. Eu achava que era uma entrevista normal e, no fim, já era uma armação com a medalha que eles estavam me dando e uma placa, Foi muito emocionante.
Atualmente, aos 64 anos de idade, Lourival Pereira dos Santos é mecânico da equipe Lubrax, time que tem o ex-piloto da Fórmula 1 Felipe Massa como sua grande estrela, e que briga para terminar o ano com o título de campeão do torneio no qual Losa será lembrado eternamente.
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Editor no Esportelândia e redator no site Showmetech. Comentarista no portal “De Olho no Peixe” e diretor do documentário “Futebol do Espetáculo”, disponível no YouTube. Passou por Cinerama, PL Brasil e Futebol na Veia. Está no Esportelândia desde 2022.