A Copa do Mundo de Rugby Masculino é o principal torneio internacional de rugby, realizado a cada quatro anos, reunindo as melhores seleções do mundo.

Desde sua primeira edição, em 1987, o campeonato tem sido palco de partidas épicas, onde força, habilidade e estratégia se combinam para definir os campeões de um dos esportes mais tradicionais e intensos do planeta.

Ao longo das décadas, gigantes do rugby como Nova Zelândia, África do Sul e Inglaterra inscreveram seus nomes na história do torneio, quebrando recordes e encantando fãs.

Este texto explora a rica trajetória da Copa do Mundo de Rugby, seus vencedores e os feitos memoráveis que marcaram cada edição.

A história da Copa do Mundo de Rugby

A Copa do Mundo de Rugby foi a última grande competição internacional de um esporte amplamente popular a ser criada, surgindo com um considerável “atraso” em comparação não apenas a outros esportes como futebol e basquete, mas também à sua própria longa trajetória.

O rugby, afinal, já havia ultrapassado o centenário quando surgiram as primeiras conversas sobre um torneio desse porte — e você pode conferir aqui o que aconteceu ao longo da sua história até esse ponto —, sendo preciso mais de 140 anos para que ele realmente acontecesse.

A razão para isso estava na resistência da International Rugby Board (IRB, hoje conhecida como World Rugby) em aceitar a profissionalização do esporte.

De acordo com a instituição, o dinheiro comprometeria os valores e a essência do rugby (um esporte profundamente baseado na ética, como mostram suas regras). Para ter uma ideia, os atletas só passaram a receber salários de forma oficial em 1995.

Na visão da IRB, que não era equivocada, um torneio internacional seria um marco decisivo para o profissionalismo no esporte — o que, de fato, acabou acontecendo, mas voltaremos a esse ponto em breve.

História da Copa do Mundo de Rugby
(John Selkirk/FairfaxNZ)

A pressão do hemisfério sul

É claro que a pressão sempre esteve presente. Desde 1958, há relatos de tentativas para a criação de uma Copa do Mundo de Rugby, mas essas iniciativas foram sistematicamente rejeitadas pela IRB. A decisão, contudo, não era unilateral; todas as deliberações eram submetidas a votação.

O problema residia no fato de que o processo de votação estava nas mãos das federações nacionais que compunham a instituição, com cinco delas, todas britânicas, já tendo um torneio internacional consolidado — o atual Six Nations.

Assim, as potências do hemisfério sul, como Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, acabavam sempre em desvantagem, vendo suas propostas rejeitadas.

Nos anos 1980, no entanto, a pressão começou a vir de todos os lados. No Reino Unido, o sucesso do primeiro Mundial de Críquete acendeu o interesse dos fãs de rugby; o afastamento da África do Sul devido ao Apartheid também reduziu o apelo das competições para as equipes da Oceania, que passaram a intensificar seus pedidos à IRB para a criação do Mundial.

Por fim, o sucesso avassalador das transmissões ao vivo das Olimpíadas e da Copa do Mundo de Futebol, tanto em termos financeiros quanto de audiência, deu o “empurrão final”.

França, Inglaterra e Gales mudaram sua posição e apoiaram a proposta de Austrália e Nova Zelândia para sediar o primeiro mundial, que foi finalmente confirmado para 1987.

Enfim, a Copa do Mundo de Rugby

A previsão da IRB mostrou-se, como mencionamos, bastante acertada. O torneio de 1987, realizado na Austrália e Nova Zelândia, rapidamente se estabeleceu como o quarto maior evento esportivo em audiência global, reunindo 600 mil espectadores nos estádios e alcançando 300 milhões de telespectadores ao redor do mundo.

Dezesseis seleções competiram sem fases classificatórias. A Nova Zelândia superou a França na final e conquistou o primeiro troféu Webb Ellis. Em 1991, o campeonato atraiu mais de 1,7 bilhão de telespectadores e gerou um lucro superior a quatro milhões de libras.

Na icônica edição de 1995, sediada na África do Sul, que havia sido reintegrada ao esporte apenas três anos antes, o impacto foi imenso: mais de 2,5 bilhões de pessoas acompanharam o evento, com 1 milhão de torcedores presentes e uma receita bruta acima de 30 milhões de libras.

Este momento consolidou o caminho para o rugby se tornar um esporte profissional, uma vez que já era considerado um dos maiores do planeta.

Formato de disputa da Copa do Mundo de Rugby

O formato de disputa da Copa do Mundo de Rugby é um misto de qualificatórias e eliminatórias. O torneio começa com uma fase de grupos com 20 seleções, divididas em quatro grupos (A, B, C e D).

Todas as equipes se enfrentam dentro de seus respectivos grupos e as duas melhor classificadas de cada avançam às quartas de final — as três melhores também se classificam para a edição seguinte do torneio.

Quem está acostumado com futebol pode estranhar a pontuação: cada vitória vale quatro pontos e cada empate, dois. Há ainda a possibilidade de pontos bônus, dados aos times que marcarem quatro tries ou que perderem por sete pontos ou menos, um para cada situação — se ambas as situações acontecerem, são dois pontos bônus.

Das quartas em diante o esquema é mata-mata, com o vencedor da partida avançando e os derrotados nas semifinais conquistando o direito de disputar o terceiro lugar da Copa do Mundo. O vencedor da finalíssima, claro, levanta a cobiçada Taça Webb Ellis.

Os maiores campeões da Copa do Mundo de Rugby

O posto de maior campeão da Copa do Mundo de Rugby é da África do Sul, com quatro títulos. A equipe africana venceu o Mundial de 1995, o de 2007 e os mais recentes, em 2019 e 2023.

Em segundo lugar, vem a Nova Zelândia, com três conquistas. O time da Oceania faturou a primeira edição, em 1987, e as outras duas de maneira consecutiva, em 2011 e 2015.

Todos os campeões da Copa do Mundo de Rugby

Edição Campeão Vice
1987 Nova Zelândia França
1991 Austrália Inglaterra
1995 África do Sul Nova Zelândia
1999 Austrália França
2003 Inglaterra Austrália
2007 África do Sul Inglaterra
2011 Nova Zelândia França
2015 Nova Zelândia Austrália
2019 África do Sul Inglaterra
2023 África do Sul Nova Zelândia

Sedes da Copa do Mundo de Rugby

  • Austrália e Nova Zelândia (1987)
  • Inglaterra (1991)
  • África do Sul (1995)
  • País de Gales (1999)
  • Austrália (2003)
  • França (2007)
  • Nova Zelândia (2011)
  • Inglaterra (2015)
  • Japão (2019)
  • França (2023)

Maiores pontuadores da Copa do Mundo de Rugby

  • 1987: Grant Fox-NZE (126)
  • 1991: Ralph Keyes-IRL (68)
  • 1995: Thierry Lacroix-FRA (112)
  • 1999: Gonzalo Quesada-ARG (102)
  • 2003: Jonny Wilkinson-ING (113)
  • 2007: Percy Montgomery-AFS (93)
  • 2011: Morné Steyn (93)
  • 2015: Nicolás Sánchez-ARG (97)
  • 2019: Handré Pollard (69)
  • 2023: Owen Farrel (75)

Recordes da Copa do Mundo de Rugby

  • Maior pontuador: Jonny Wilkinson-ING (243)
  • Mais tries marcados: Jonah Lomu-NZE (15)
  • Mais drop-goals: Jonny Wilkinson-ING (13)
  • Mais penalidades convertidas: Jonny Wilkinson-ING (51)
  • Mais conversões completas: Gavin Hastings-ESC (39)
  • Maior pontuador em uma única edição: Grant Fox-NZE (126)
  • Mais tries marcados em uma única edição: Julian Savea-NZE, Bryan Habana-AFS, Jonah Lomu-NZE (8)
  • Mais treis marcados em uma única partida: Marc Ellis-NZE (6)
  • Mais drop-goals marcados em uma única partida: Jannie de Beer (5)
  • Maior placar: Austrália 142 x 0 Namíbia (2003)

Curiosidades da Copa do Mundo de Rugby

  • O mesmo apito é usado na abertura de todas as edições da Copa do Mundo de Rugby. O instrumento é literalmente centenário, usado pela primeira vez em 1905;
  • A Copa do Mundo de Rugby já virou filme de Hollywood: dirigido por Clint Eastwood, o filme Invictus contou a história da seleção da África do Sul na edição de 1995. Lançado em 2009, teve os atores Matt Damon e Morgan Freeman concorrendo ao Oscar;
  • Se o rugby é um esporte pautado pela ética, a Copa do Mundo é o grande estandarte do valor. Somente uma vez em nove edições que um time recebeu mais de um cartão vermelho: o Canadá, em 1995.

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