Depois de um ciclo olímpico de muitas dúvidas, a Seleção Brasileira de basquete conseguiu a classificação para a Olimpíada de Paris 2024. A comissão técnica do treinador croata Aleksandar Petrović conta com o ex-jogador da NBA Tiago Splitter.
Em entrevista ao Esportelândia, Splitter refletiu sobre o momento da Seleção Brasileira, destacando a geração talentosa – com atletas tendo passagem pela NBA e pelo basquete europeu – além da alegria de estar de volta aos Jogos Olímpicos.
Entrevista com Tiago Splitter – Auxiliar técnico da Seleção Brasileira de Basquete
Brasil de volta à Olimpíada após 8 anos
Primeiramente, Tiago Splitter abriu o jogo sobre a felicidade de voltar a uma Olimpíada após ficar de fora dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Agora como auxiliar técnico, ajudou o Brasil a chega à Paris 2024.
O sentimento de ter o Brasil de novo classificado é uma sensação ótima. Sempre estar numa Olimpíada é uma alegria.
É, de novo, conquistar esse sonho olímpico: de um atleta, de um profissional, de um técnico, é sempre ótimo.
Eu consegui a primeira vez em Londres e a alegria é a mesma, a felicidade é a mesma. Você está no topo do esporte e isso é uma satisfação enorme.
As chances do Brasil brigar por medalha em Paris 2024
Em 2019, a Seleção Brasileira disputou o torneio Pré-Olímpico, mas perdeu na final para a Alemanha, de Dennis Schröder e Franz Wagner. Dessa vez, sem os alemães no caminho para a classificação, o Brasil volta a disputar uma Olimpíada. Contudo, enfrentarão os alemães na fase de grupos.
Favoritos ao título no basquete masculino
Os brasileiros caíram em um grupo complicadíssimo, com França, Alemanha, duas das quatro seleções tidas como as grandes favoritas ao título olímpico, além do Japão. Para Tiago Splitter, para a Seleção Brasileira conquistar uma medalha em Paris 2024, terá que ser “quase perfeita”.
Eu diria que para a gente conseguir uma medalha olímpica a gente tem que ser quase perfeito. Essa é a dificuldade de um torneio como esse. Mas não só para o Brasil, para qualquer time que tá lá.
Talvez Estados Unidos, Sérvia e França sejam os favoritos, junto com a Alemanha, que foi campeã mundial. Mas, para os outros times, é uma campanha perfeita. Realmente é muito difícil, muito equilibrado.
A ambição da Seleção Brasileira em busca da medalha na Olimpíada
Por outro lado, Splitter tem em mente que, exceto as seleções favoritas, todas as outras equipes têm chances iguais e, sim, estas precisam se dedicar ainda mais. Mas o ex-jogador dos San Antonio Spurs afirmou que o Brasil tem ambição, sim, de ganhar uma medalha, enfatizando que a equipe brasileira não pode ser descartada.
Mesmo a Letônia, que a gente eliminou no Pré-Olímpico, é um time que tinha a chance de ganhar medalha. Então, não pode descartar o Brasil! Claro que, humildemente falando, vamos lá para fazer o nosso melhor, mas sempre pensando um pouquinho a mais.
Sempre tem uma ambição e isso faz parte do esporte. Sempre temos que pensar no mais alto possível, tratar cada jogo como se fosse uma final. E depois ver onde a gente pode chegar.
Grandes ensinamentos com Gregg Popovich, Steve Nash, Kenny Atkinson, Jack Vaughn, Mike D'Antoni e Aleksandar Petrović
Após encerrar sua carreira como jogador, Tiago Splitter resolveu seguir no basquete e se tornar assistente técnico. Com passagens por Houston Rockets e Brooklyn Nets como assistente, Splitter pôde aprender com alguns treinadores de destaque da NBA.
Tive a sorte de jogar para vários grandes técnicos da minha carreira. Aprendi muito com eles, tanto dentro de quadra quanto depois de parar de jogar. Tive uma visão muito mais macro do que é o basquete nesses últimos 7 anos como assistente na NBA e na Seleção Brasileira.
Tive a sorte de estar com Kenny Atkinson, com Jack Vaughn, com Steve Nash, com Mike D'Antoni, grandes técnicos da NBA. O Petrović também, um mestre da motivação, do gerenciamento do dia a dia. Estou muito feliz com a minha caminhada como técnico e o que eu aprendi até hoje.
Análise dos rivais em Paris 2024: Alemanha, França e Japão
Os alemães são os atuais campeões mundiais, enquanto a França chega na disputa com grande nomes da NBA, como Victor Wembanyama e Rudy Gobert. No entanto, Splitter tirou um momento para enaltecer também o Japão, que conta com dois jogadores da NBA. O auxiliar da Seleção Brasileira avaliou o grupo brasileiro.
França e Alemanha são os times duros do nosso grupo. Claro, não podemos descartar o Japão, mas a França vem com um time muito forte, com a sensação mundial, que é o [Victor] Wembanyama, com o jogador de defesa que é o [Rudy] Gobert e outros jogadores muito experientes no time, como o Nando de Colo e outros mais.
Na Alemanha, campeã mundial, tem o Franz Wagner e o Dennis Schröder, que vêm jogando muito bem no basquete FIBA. Mas Japão tem um time que joga num estilo diferente, com o [Rui] Hachimura, que está na NBA, com o [Yuta] Watanabe, que estava na NBA. Então, não tem mais bobo no basquete mundial. A gente tem que estar muito bem concentrado a cada jogo.
Tiago Splitter revela uma das estratégias do Brasil contra a dupla defensiva da França: Rudy Gobert e Victor Wembanyama
Em preparação para enfrentar as melhores seleções do mundo, Tiago Splitter revelou o que pode ser feito para impedir a intervenção defensiva de Victor Wembanyama e Rudy Gobert, dois grandes defensores da NBA. O brasileiro tem planos estratégicos para brecar os rivais.
Rudy Gobert e Wembanyama são jogadores de grande envergadura, mas que também têm defeitos. Velocidade contra eles seria muito importante. Um jogo físico contra o Wembanyama… usar uma gravidade central mais baixa contra ele e não deixar ele entrar do garrafão…
Atacar ele com formas dentro do pick and roll que são possíveis para não deixar ele defender o aro. São estratégias de jogo que a gente usa, e está estudando muito bem, para ganhar desse time tão forte que é a França.
Tiago Splitter ensina a fórmula mágica para o Brasil se tornar potência no basquete mundial
Após o Brasil não ter se classificado à Olimpíada de Tóquio, Splitter avalia que foram detalhes e não é o fim do mundo. Indo além da ausência da Seleção na Olimpíada de 2020, o ex-jogador ensinou o que o país deveria fazer para se tornar uma potência no esporte.
A não classificação para Tóquio são detalhes. Você joga um jogo, acaba perdendo e não classificando, mas nem sempre é um desastre. Sabemos que o Brasil é um país que gosta de basquete, que tem atletas e técnicos apaixonados pelo basquete, mas, mesmo assim, isso acontece também em outros países.
A diferença para o Brasil ser uma potência mundial estabilizada no basquete seria a estrutura. Estrutura dos nossos ginásios, de ter mais garotos jogando ter basquete nas escolas, de ter um desenvolvimento desses técnicos de base, para que eles possam aprender e se renovar.
Essa é a grande diferença e é isso que precisamos para sermos consistentes a nível mundial e performar nesse tipo de competição. Pensar a longo prazo também: não adianta a gente querer investir agora e achar que daqui a 4 anos está tudo bem, não!
A gente tem que investir agora e pensar daqui a 12 anos, daqui a 16 anos, porque os atletas que a gente está investindo agora vão vir só daqui a 12 anos. Então, isso que a gente tem que pensar: a longo prazo.
Opinião de Tiago Splitter sobre o Dream Team dos Estados Unidos em Paris 2024
Questionado sobre o time dos Estados Unidos na Olimpíada, Tiago Splitter destacou LeBron James, Kevin Durant e Anthony Edwards como os grandes jogadores do grupo. Porém, ressaltou que ninguém joga com o nome. Ou seja, precisam mostrar que funcionam como coletivo. Por fim, ainda pontuou que é, sim, o time mais forte da Olimpíada.
O time dos Estados Unidos é um time muito forte. No papel, tem diferença, é o time mais forte da Olimpíada. Mas o jogo é jogado e só tem uma bola.
Eles têm jogadores de muito destaque individual, Kevin Durant, Lebron James, Anthony Edwards, que vem jogando muito bem no último ano.
Os times vão ter que se preparar muito bem para conseguir ganhar desse time fortíssimo que é o time dos Estados Unidos.
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Marcelo Cartaxo é jornalista, redator e repórter no Esportelandia, um dos maiores sites olímpicos do Brasil. Com passagens por Futebol na Veia, Premier League Brasil, Minha Torcida, Quinto Quarto e ShaftScore, adquiriu experiências que hoje somam na equipe de redação do site.