O boxe nas Olimpíadas é um dos esportes mais aguardados, com diversas disputas durante o calendário oficial. Com o seu formato moderno estabelecido no final do século XIX, está entre as artes mais admiradas pelo grande público.

Mas, ao contrário do que muitos pensam, no evento que acontece de quatro em quatro anos, a modalidade é amadora. Entenda a diferença do boxe olímpico para o profissional aqui, no Esportelândia.

Início do boxe nas Olimpíadas

Registros pré-históricos de lutas com as mãos (Ancient Olympics)
Registros pré-históricos de lutas com as mãos (Reprodução/Ancient Olympics)

Existem registros pré-históricos de lutas com as mãos, realizadas tanto por diversão quanto por autodefesa. As primeiras manifestações esportivas da nobre arte foram documentadas por volta de 3000 a.C. no Egito e, séculos depois, se popularizaram na Grécia.

O boxe nas Olimpíadas fez sua primeira aparição em 668 a.C., durante a 23ª edição da era antiga. Entretanto, o formato moderno da modalidade foi estabelecido no final do século XIX, quando as primeiras competições amadoras ocorreram na Inglaterra.

As regras que serviram de base para as atuais foram desenvolvidas em 1867, por John Graham Chambers, com a aprovação do Marquês de Queensberry, na Escócia.

A integração do Boxe nas Olimpíadas

Faixas de couro para mãos e pulsos representadas em bronze
Faixas de couro para mãos e pulsos representadas em bronze (Reprodução/Universidade do Boxe)

Conhecido como “a nobre arte”, o boxe nas Olimpíadas foi integrado em Saint Louis 1904, inicialmente apenas para homens. De Los Angeles 1984 até Londres 2012, os pugilistas olímpicos eram obrigados a usar capacetes protetores.

A regra foi removida para os homens no Rio 2016, permanecendo apenas para as mulheres. No profissional, o uso de capacetes é proibido.

A competição feminina só começou em Londres 2012 e tem crescido desde então. Em Paris 2024, haverá seis categorias femininas e sete masculinas, com o mesmo número de atletas (124) de cada gênero.

Boxeadores profissionais podem competir nas Olimpíadas?

Anthony Joshua faz parte do grupos de pugilistas que brilhou em Olimpíadas antes da transição para o boxe profissional
Anthony Joshua faz parte do grupo de pugilistas que brilhou no boxe nas Olimpíadas antes da transição para o profissional (Reprodução/Olympics)

A modalidade tem sido disputada em todos os Jogos Olímpicos desde que foi introduzida pela primeira vez, em 1904. Mas você sabe se os boxeadores profissionais podem competir nesse grande evento esportivo?

A regra dos capacetes de proteção não foi a única introduzida durante os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio. Na mesma época, os boxeadores profissionais foram autorizados a competir nas Olimpíadas.

A inclusão de boxeadores profissionais foi decidida pelas federações nacionais com a aprovação de 84 dos 88 delegados presentes em um congresso extraordinário em Lausanne, na Suíça, em 2016.

Permitir que profissionais compitam nas Olimpíadas não é uma ideia nova. O Dream Team do basquete americano de 1992 foi o primeiro a usar jogadores da NBA e acabou ganhando a medalha de ouro, isso depois de humilhar todas as equipes contra as quais jogou.

No entanto, há um “pequeno” detalhe nesse imbróglio. A maioria dos boxeadores de alto nível escolhe não participar dos Jogos Olímpicos.

Por que as Olimpíadas não atraem muitos boxeadores profissionais?

Floyd Mayweather Jr. disputou Atlanta 1996, conquistando a medalha de bronze. No entanto, o sucesso na carreira profissional o afastou de qualquer sequência em busca de um ouro olímpico.
O sucesso na carreira profissional afastou Floyd Mayweather Jr. do boxe nas Olimpíadas (IconSport)

O boxe nas Olimpíadas tem regras diferentes em comparação com o profissional, disputado nos Estados Unidos, como o número de rounds, o formato da pontuação e o nível de competição.

Por esses motivos, os boxeadores profissionais não se sentem confortáveis o suficiente para participar das provas olímpicas. Outro fator a considerar é o risco de lesões, pois sua condição física é extremamente importante para os atletas e suas equipes.

Levando em conta que, mesmo que a modalidade seja vista como mais um torneio amador nas Olimpíadas, se quiserem buscar o ouro e entregar um bom desempenho, precisarão estar em ótima forma e saudáveis.

Os principais boxeadores profissionais podem ganhar milhões em uma luta, valores que nem podem sonhar no torneio olímpico, sem mencionar o risco de lesões e a perda de receitas futuras em suas carreiras.

O que pode fazer um boxeador profissional disputar os Jogos Olímpicos?

Beatriz Ferreira busca a medalha de ouro em 2024 para depois focar somente no boxe profissional
Beatriz Ferreira busca a medalha de ouro em 2024 para, depois, focar somente no profissional (Reprodução/Olympics)

Os atletas olímpicos são, geralmente, pagos por órgãos governamentais ou patrocinadores, enquanto os medalhistas recebem um prêmio em dinheiro entre 10 e 30 mil dólares.

Isso é consideravelmente menos do que um boxeador profissional de alto nível, que pode ganhar 50 mil euros apenas por uma luta, com campeões mundiais faturando bem mais de 100 mil euros por duelo.

O que pode ser um incentivo é a autopromoção no início de carreira, com nomes como Anthony Joshua tendo perfis fantásticos antes de se tornar profissional. Isso pode ajudar nos primeiros dias dos lutadores, mas um profissional veria o mesmo aumento no perfil após ganhar as Olimpíadas?

Um boxeador profissional teria que ser intrinsecamente motivado para ganhar a medalha de ouro, completando um feito ou ambição de ganhar o prêmio máximo. Se não for pelo legado, muitos não se motivam a participar.

Críticas contra permissão de boxeadores profissionais em Olimpíadas

Lennox Lewis
Lennox Lewis é contra profissionais no boxe olímpico (IconSport)

A ideia de colocar lutadores profissionais contra amadores foi criticada como irresponsável e potencialmente perigosa por muitos conhecedores do esporte.

Ex-campeão mundial de peso pesado e membro do Hall da Fama, Lennox Lewis disse à BBC Radio que é parcialmente contra tal medida.

Acho que é um tanto absurdo, até certo ponto. O sistema amador é feito para amadores — é por isso que colocamos o capacete para protegê-los, porque eles têm falta de experiência e ainda não estão preparados como profissionais.

De repente, você coloca um campeão mundial ou alguém entre os 10 melhores profissionais contra basicamente um amador, alguém com falta de experiência — não vejo isso como justo.

Diferenças entre o boxe nas Olimpíadas e o profissional

Robson Conceição
Robson Conceição faturou a medalha de ouro em Rio 2016 (Reprodução/Olympics)

Os Jogos Olímpicos são destinados a atletas amadores e, historicamente, boxeadores profissionais não podiam participar para manter a distinção entre esportes amadores e profissionais.

Isso era feito para dar aos atletas amadores de todo o mundo a oportunidade de mostrar seus talentos em um palco global sem enfrentar profissionais experientes que poderiam ter vantagens significativas em termos de experiência e treinamento.

Os Jogos Olímpicos frequentemente são o ponto de partida para carreiras brilhantes de alguns dos maiores nomes do esporte, incluindo ninguém menos que Muhammad Ali, campeão na categoria peso meio-pesado nas Olimpíadas de 1960, em Roma.

Uma mudança de regra aprovada antes dos Jogos de 2016 permite que boxeadores profissionais participem das Olimpíadas.

Para se qualificarem, os boxeadores profissionais ainda precisam competir em um dos torneios oficiais de qualificação olímpica.

Cada nação pode enviar apenas um boxeador para esses torneios, então a participação precisa ser aprovada pela entidade governamental de boxe do país.

Alternativamente, um boxeador profissional pode conquistar uma vaga em Paris recebendo um convite de universalidade, reservado para atletas de países com uma delegação olímpica historicamente pequena.

Tempo de combate

  • Olimpíadas: 3 rounds de 3 minutos no masculino e 4 rounds de 2 minutos no feminino;
  • Profissional: lutas podem ter até 12 rounds no masculino e 10 rounds de 2 minutos no feminino;

Número de juízes

  • Olimpíadas: cinco árbitros;
  • Profissional: três árbitros;

Protetor de cabeça

  • Olimpíadas: obrigatório para mulheres;
  • Profissional: proibido;

Foco principal

  • Olimpíadas: somatório de pontos;
  • Profissional: nocaute;

Quantas categorias existem no boxe profissional?

Categorias

  • Peso Palha: até 47,63 kg
  • Peso Mosca Ligeiro: até 48,99 kg
  • Peso Mosca: até 50,80 kg
  • Peso Supermosca: até 52,16 kg
  • Peso Galo: até 53,42 kg
  • Peso Super Galo: até 55,34 kg
  • Peso Pena: até 57,15 kg
  • Peso Super Pena: até 58,97 kg
  • Peso Leve: até 61,23 kg
  • Peso Super Leve: até 63,50 kg
  • Peso Meio-Médio: até 66,68 kg
  • Peso Super Meio-Médio: até 69,85 kg
  • Peso Médio: até 72,58 kg
  • Peso Super Médio: até 76,20 kg
  • Peso Meio-Pesado: até 79,38 kg
  • Peso Cruzador: até 90,71 kg
  • Peso Ponte: até 101,60 kg
  • Peso Pesado: mais de 90,71 kg

Categorias de peso do Boxe nas Olimpíadas de Paris em 2024

Masculino

  • 51 kg
  • 57 kg
  • 63,5 kg
  • 71 kg
  • 80 kg
  • 92 kg
  • +92 kg

Feminino

  • 50 kg
  • 54 kg
  • 57 kg
  • 60 kg
  • 66 kg
  • 75 kg

Curiosidades do boxe nas Olimpíadas

  • Nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, os boxeadores amarravam faixas de couro amaciado nos punhos. Posteriormente, em Roma, essas faixas foram substituídas por luvas com estruturas metálicas, muitas vezes resultando na morte de um dos lutadores.
  • Oliver L. Kirk, dos EUA, foi o primeiro pugilista a ganhar medalhas em duas categorias (galo e pena) em uma única edição do boxe nas Olimpíadas, conquistando dois ouros em Saint Louis 1904.
  • As luvas de boxe pesam entre 225g e 280g e protegem as mãos dos pugilistas.
  • Até os Jogos Rio 2016, apenas pugilistas amadores podiam competir no boxe nas Olimpíadas.

Medalhas de atletas brasileiros no boxe

Ouro

Prata

Bronze

  • Tóquio 2020: Abner Teixeira
  • Londres 2012: Adriana Araújo
  • Londres 2012: Yamaguchi Falcão
  • Cidade do México 1968: Servílio de Oliveira

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