As regras da esgrima, apesar da intensidade e da velocidade da esgrima, com espadas se flexionando e atletas se movendo rapidamente, são relativamente simples de entender.

O conjunto claro de regras da esgrima define como os pontos são marcados e como as técnicas devem ser aplicadas.

Para aqueles que desejam se aprofundar no universo das regras da esgrima, é essencial conhecer não apenas as básicas, mas também a história do esporte, os diversos golpes utilizados e o vocabulário técnico que enriquece as competições.

História da Esgrima

A origem da esgrima é envolta em mistério, uma vez que o combate com armas remonta às primeiras civilizações.

Porém, o esporte moderno tem suas raízes traçadas a partir do século XIV na Europa, quando as técnicas de combate começaram a se sistematizar.

A transformação desse combate em uma atividade desportiva é atribuída a uma combinação de influências da Espanha, Itália e Alemanha, onde espadachins pioneiros estabeleceram as primeiras normas de ética e etiqueta no duelo.

Foi somente no século XIX que as armas de esgrima começaram a ser adaptadas para competições esportivas, com o desenvolvimento de espadas sem pontas usadas em disputas acadêmicas e formais.

Este processo culminou com a estreia oficial da esgrima nos Jogos Olímpicos de Atenas em 1896, marcando a inclusão da modalidade no cenário internacional.

A evolução continuou com a realização do primeiro Campeonato Mundial de Esgrima em 1921 e a inclusão da esgrima feminina nos Jogos Olímpicos em 1924, completando a formalização da modalidade competitiva.

“Academie de l’Espée de Girard Thibaultera”, de Girard Thibault.
(“Academie de l’Espée de Girard Thibaultera”/Girard Thibault)

Quais são as regras da esgrima?

A esgrima é um esporte bastante simples em suas regras. É constituída basicamente de combates individuais entre adversários, que, dentro de uma área demarcada, buscam marcar pontos ao encostar suas armas nos oponentes.

As principais regras da esgrima se alternam entre as categorias. São elas quem definem a superfície válida e os meios para a pontuação, assim como pormenores. Veremos todos mais abaixo.

Entre os aspectos gerais, há o impedimento do esgrimista sair da pista — o local onde é disputado o combate — pelo fundo, sob a penalidade de um ponto para o adversário.

Outra questão é o derrubar da arma. Se ela acontece durante um movimento de ataque do adversário que vira um toque válido, o golpe vale o ponto.

Já se a arma é derrubada antes de um movimento, a partida é paralisada para o reposicionamento dos oponentes, ambos com suas armas novamente empunhadas.

Dia 1 no Grand Palais em 27 de julho de 2024 pelos Jogos Olímpicos Paris 2024 (Iconsport)
Dia 1 no Grand Palais em 27 de julho de 2024 pelos Jogos Olímpicos Paris 2024 (Iconsport)

Qual é o principal o objetivo na esgrima?

O principal objetivo na esgrima é tocar o oponente com a arma ao mesmo tempo em que se evita ser tocado. É nessa dinâmica de ataque, contra-ataque que se baseia a “arte” da esgrima.

Já dentro de uma partida, o objetivo é, primeiro, terminar o duelo com mais pontos que o adversário. Em um segundo momento, o ideal é somar 15 pontos, que encerram automaticamente a partida.

Quais as modalidades da esgrima?

Existem três modalidades da esgrima, que são definidas pela arma empunhadas pelos adversários: Florete, Sabre e Espada.

Além de tamanhos e pesos diferentes, elas impactam em algumas regras de pontuação, como a área de contato permitida, seja do corpo, seja da arma em si. São elas:

  • Florete: Arma mais leve e de flexibilidade mediana, faz da categoria a mais popular. Medindo 90cm e com 500g, pontua somente com a ponta e só pode atingir o tronco.
  • Sabre: O sabre é a arma mais flexível e portanto mais rápida da esgrima. Tem 88cm e 500g. É empunhada pelos esgrimistas mais atléticos, já que pode atingir tudo da cintura para cima e com tanto a ponta quanto as “lâminas”.
  • Espada: A espada é a menos flexível e, portanto, mais lenta. Tem 110cm de lâmina e pesa 770g. É a categoria ideal para atletas mais altos. Pode pontuar em qualquer lugar do corpo, da ponta do pé ao topo da cabeça, mas somente com a ponta da arma.

Como se contam os pontos da esgrima?

É bastante simples a maneira em que se contam os pontos da esgrima. Basicamente, o esgrimista que tocar primeiro o ponto do corpo permitido com o ponto da arma permitido, faz o ponto.

Em caso de toque simultâneos, duas categorias — florete e sabre — contam com o adendo de uma das mais honrosas regras da esgrima, a “convenção”. Nela, o ponto vai para quem iniciou o ataque. Na espada, os pontos são dados aos dois.

Como é a pista de esgrima?

Inspiradas nos corredores dos castelos onde o esporte começou, a pista de esgrima é uma plataforma elevada, estreita e alongada. Tem 14 metros de comprimento (e mais dois metros de área de recuo para cada lado) e apenas dois metros de largura.

Uma linha central divide a pista em duas partes iguais de 7×2, os campos de cada um dos esgrimistas.

Duas outras linhas intermediárias, uma de cada lado, dividem simetricamente essas porções de 7 metros. São chamadas de “linhas de guarda” e marcam o reinício do combate após cada ponto e/ou tempo.

O combate da esgrima

Yiwen Sun e Miho Yoshimura competindo durante o primeiro dia dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 (Iconsport)
Yiwen Sun e Miho Yoshimura competindo durante o primeiro dia dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 (Iconsport)

As regras da esgrima se alteram levemente entre países e competições. Ainda assim, o mais comum é que existam dois tipos de combate, os preliminares e os eliminatórios.

  • Preliminares: Um tempo de três minutos. Cinco pontos dão a vitória automática. Um minuto de prorrogação em caso de empate.
  • Eliminatório: Três tempos de três minutos cada. Vitória automática aos 15 pontos. Um minuto de prorrogação em caso de empate. Quantas prorrogações forem necessárias.

As modalidades espada e sabre até admitem disputas coletivas, mas os combates são sempre individuais.

Independentemente do tipo de partida, o ritual do combate é sempre o mesmo. Antes de começar, ambos os jogadores devem tirar os capacetes e saudar o árbitro, a torcida e um ao outro.

Depois, posicionam-se na linha de guarda e esperam o comando do árbitro. Este anuncia três frases: “Guarda” (do francês en-guarde, como nos filmes), “Prontos?” e “Combate!”. E inicia-se o duelo.

As regras da esgrima para paralisações do combate

Durante o combate, são quatro momentos em que as regras da esgrima permitem que ele seja paralisado:

  • Quando algum dos oponentes pontuam. Os esgrimistas então voltam a linha de guarda e esperam a liberação dos árbitros;
  • Quando alguém pisa na linha de advertência, o que automaticamente dá um ponto ao adversário. O combate é retomado na linha de guarda;
  • Quando alguém sai da pista lateralmente. Isso é permitido, mas o combate retoma um metro para trás do campo onde o esgrimista saiu. Se esse um metro der na área de advertência, ponto para o adversário e o duelo volta à linha de guarda.
  • Quando algum oponente derruba a arma. Se isso acontece durante um movimento válido, ponto para o adversário; se acontece antes do golpe, o combate é paralisado para a retomada da arma. De qualquer maneira, o duelo volta à linha de guarda.

Como é medida a pontuação na esgrima?

Na maioria das grandes competições, a medição da pontuação se dá numa união entre árbitros e um sistema elétrico que acusa automaticamente o golpe válido. Quando o movimento é correto, o capacete do esgrimista que fez o ponto se acende.

Os movimentos e golpes da esgrima

Nardin Ehab e Shirwit Gaber competindo no primeiro dia dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 (Iconsport)
Nardin Ehab e Shirwit Gaber competindo no primeiro dia dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 (Iconsport)

A esgrima conta com alguns movimentos específicos e, principalmente, com um vocabulário específico. Listamos os principais deles:

  • Marchar: movimento frontal em direção à linha central.
  • Romper: movimento para trás em direção à linha de guarda.
  • Afundo: ataque básico da esgrima, com o joelho frontal flexionado e o braço da arma esticado.
  • Estocada: combinação da marcha com o afundo, seguindo o movimento para frente mas sem flexionar tanto o joelho.
  • Flecha: ataque rápido, em pé, correndo para cima do oponente com o braço esticado.
  • Balestra: união da flecha com o afundo, um pequeno salto em direção ao oponente que termina em afundo.
  • Contra-ataque: ação logo após a defesa de um ataque. Se o primeiro golpe entra, não é possível um contra-ataque. No máximo ao mesmo tempo.
  • Parada: a parada é um movimento de deflexão de um golpe, desviando a arma do oponente com a lateral da sua arma.
  • Resposta: o movimento após a parada, um ataque curto após o desvio da arma adversária.
  • Guarda: a posição de defesa. A técnica da guarda divide o tronco em quatro porções: quarta, sexta, sétima e oitava. As duas primeiras são porções superiores, e a quarta e a sétima são do lado oposto do braço que empunha a arma.

A esgrima em cadeira de rodas

A esgrima em cadeira de rodas é uma das modalidades mais antigas dos Jogos Paralímpicos. Originada nos anos 1950, a modalidade foi desenvolvida para permitir que atletas com deficiência física competissem em igualdade de condições.

No Brasil, a esgrima em cadeira de rodas foi adotada nos anos 2000, mas o país rapidamente se destacou. Especialmente na década de 2010, os atletas brasileiros conquistaram reconhecimento, incluindo ouro em mundiais e Jogos Paralímpicos

Divisão de categorias

Para melhor organização das competições, a esgrima em cadeira de rodas é dividida em três categorias de acordo com o nível de equilíbrio e mobilidade dos atletas.

A Categoria A é destinada a atletas com bom equilíbrio sentado, incluindo paraplégicos com lesões na T10 a L12 e amputados abaixo do joelho.

A Categoria B é para aqueles com total equilíbrio sentado, mas com paraplegia entre T1 e T9 ou tetraplegia incompleta com movimento do braço.

Já a Categoria C é reservada para os atletas com dificuldades motoras nos braços e mãos e sem equilíbrio sentado, conhecidos como “atletas PC”.

Modalidades e regras da esgrima em cadeira de rodas

As modalidades da esgrima em cadeira de rodas são as mesmas da esgrima convencional: florete, sabre e espada. Cada uma dessas categorias é disputada em todas as três classes de competição, resultando em um total de nove tipos de provas.

As regras da esgrima em cadeira de rodas seguem de perto as da esgrima convencional, com algumas adaptações para atender aos atletas cadeirantes.

Desenvolvidas pela Federação Internacional de Esgrima (FIE), essas regras garantem que o esporte mantenha a mesma intensidade e complexidade.

Os atletas utilizam cadeiras fixadas ao solo, o que assegura estabilidade durante os combates, enquanto preserva a rapidez e a dinâmica do esporte.

As partidas de esgrima em cadeira de rodas têm uma duração específica, com duelos na primeira rodada sendo realizados em 4 minutos ou até que um dos atletas alcance cinco pontos.

Nas rodadas seguintes, o formato é de três tempos de três minutos ou até 15 pontos. Em caso de empate, há uma prorrogação com um minuto para decidir o vencedor.

A principal regra é que as cadeiras não podem ser movidas; se um atleta move a cadeira, o combate é interrompido.

A pontuação na esgrima em cadeira de rodas é similar à da esgrima tradicional, mas com algumas diferenças nas áreas válidas do corpo e na arma utilizada.

  • No florete, os pontos são marcados somente com a ponta da lâmina no tronco do adversário, e a pontuação depende da preferência de ataque;
  • No sabre, pode-se pontuar tanto com a ponta quanto com a lâmina, mas apenas acima do quadril.
  • No espada, os pontos são concedidos somente com a ponta da arma em qualquer parte acima do quadril do rival.

Agora que você sabe todas a regras da esgrima, que tal conferir o funcionamento de outros esportes olímpicos?