Hugo Hoyama é um ídolo do esporte nacional. Ao todo, participou de cinco Olimpíadas pelo Brasil, venceu 10 medalhas de ouro em Jogos Pan-Americanos e ainda conquistou uma prata e quatro bronzes na competição continental.

Em Jogos Olímpicos, seu melhor desempenho aconteceu em Atlanta 1996, quando terminou na 9ª posição. Garantiu uma grande vitória na campanha, ao superar o favorito daquele ano, o sueco Jorgen Persson.

O mesatenista falou com a equipe do Esportelândia e revelou diversos assuntos, desde sua carreira, passando pelas Olimpíadas disputadas, comentando sobre Hugo Calderano e os atletas da equipe que vai a Paris e até o encontro com Kobe Bryant.

[Exclusiva] Hugo Hoyama fala a verdade sobre chances de Calderano em Paris 2024
Hugo Hoyama ao lado de menino em evento promocional do Tênis de Mesa – Divulgação/Gustavo Medeiros/CBTM

A melhor Olimpíada de Hugo Hoyama

Em Atlanta 1996, Hugo Hoyama conseguiu o seu melhor resultado na competição mundial e fez seu relato sobre como foi a competição. Hugo falou sobre sua preparação e a grande vitória sobre Jorgen Persson:

Em 96, eu estava muito bem preparado. Eu nunca tinha enfrentado o Jorgen Persson. Ele tinha sido campeão mundial em 91 e estava sempre entre os top 5.

Quando eu o enfrentei, sabia que com o meu estilo de jogo, que era muito agressivo, se eu conseguisse acertar a maioria das primeiras bolas de ataque, iria colocá-lo em dificuldade. Ele era um jogador que afastava muito da mesa.

Seguiu falando sobre como conseguiu uma vitória dessa magnitude e realizou o feito histórico:

Isso mostra que você tem sempre que acreditar. Tem que estudar e ter respeito, é claro, mas fora da mesa. entrou na mesa, tenta fazer o seu melhor para poder lutar sempre pela vitória.

Até hoje, pelo menos o pessoal do tênis de mesa, reconhece que foi uma das grandes vitórias de um brasileiro contra um grande atleta em Jogos Olímpicos.

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Hugo Hoyama em partida de Atlanta 1996. – Reprodução

Olimpíadas de Pequim e Londres

As duas últimas Olimpíadas de Hugo Hoyama em sua carreira foram em Pequim 2008 e Londres 2012. Antes do torneio na China, sofreu contusão, mas ainda assim conseguiu uma grande vitória.

Em outubro de 2007, andando na calçada, torci o pé e fraturei meu tornozelo. Quebrou tudo o que podia, a fíbula, rompeu os tendões e luxou.

Após conversar com o médico, Hugo ouviu que ficaria quatro meses parado para poder voltar a treinar e, desde o início, ficou focado em sua recuperação. Retorno em março, e o pré-olímpico aconteceu em abril de 2008.

Seguiu treinando firme e pegou ritmo para os Jogos Olímpicos. Com a confiança do treinador Wei, chinês radicado no Brasil, entrou na primeira disputa da equipe contra a China Taipei, justamente contra Chuan Chi Yuan, número dez do mundo à época.

Quando eu vi a cara do Chi Yuan, mesmo eu tendo perdido o primeiro set, vi que ele estava muito nervoso e ele não sabia que eu estava machucado e voltando de lesão. Eu estava soltando o braço.

Aí começaram a entrar minhas bolas e ele passou a errar. E foi outra vitória. Como eu ganhei do Persson daquela vez foi assim.

Em Pequim, Hugo Hoyama se despediu das Olimpíadas e conseguiu classificação vencendo outros atletas que eram favoritos na seletiva nacional. Disputou os Jogos de Londres aos 43 anos e se aposentou logo depois.

Hugo Hoyama como treinador

Em 2013 passou para o cargo de treinador da Seleção Feminina de Tênis de Mesa e a transição foi muito rápida, já conhecendo as meninas por serem suas parceiras de equipes anteriormente.

Essa transição, eu não tive nem tempo de estudar nada. Não tinha sido técnico. Ajudava no clube, em São Bernardo, nos treinamentos, mas não como técnico.

Com relação aos treinos na Seleção, Hugo completou poderia ajudar de forma diferente, entregando um grande trabalha à delegação do Brasil.

Como técnico eu podia ajudar de uma outra forma, se não na parte técnica. Eu não podia treinar com elas todos os dias, mas ajudava na parte de motivação e na experiência de como se prepararem para os Jogos.

Desde o começo, foi um grande trabalho, onde elas confiaram em mim e conquistamos grandes resultados. Eu falava para elas, agora o show é de vocês.

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Hugo Hoyama como treinador ao lado da equipe feminina – Reprodução

Relação com Hugo Calderano e confronto com o jovem

Hugo Hoyama falou sobre o início de Calderano no tênis de mesa e da última vez que o enfrentou, elogiando muito o companheiro.

Quando eu o vi surgindo no meio, vi a gente ia colher muitos frutos com o Hugo.

Sempre brinco que eu parei na hora certa, que o último jogo que eu fiz eu ganhei dele, exatamente nessa seletiva, e não joguei mais contra ele.

Hoyama falou também sobre a evolução de Calderano ao longo dos anos e que foi exatamente o que ele previu quando viu o jovem pela primeira vez.

A cada temporada ele foi se aprimorando, ficando mais forte fisicamente, mais forte mentalmente e era isso que eu previa quando o vi treinando com a gente.

Felizmente, estamos vendo ele lutando em Paris. Quem sabe possa trazer essa grande conquista, esse grande sonho que temos no tênis de mesa?

Calderano pode vencer os chineses em Paris 2024?

Hoyama falou sobre as chances de Calderano contra os chineses nessa Olimpíada de Paris 2024. Acredita que ele pode conseguir uma vitória, mas que será difícil, apesar da pressão estar toda do lado dos asiáticos.

Wang Chuqin, que é o número 1 do mundo, está num nível um pouco acima, não só do Hugo, mas de todos. O Fan Zhendong ganhou duas vezes um tempo atrás. É jogo duro, é muito difícil, mas chances sempre vão existir.

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Hugo Calderano em campeonato disputado na China. (Icon Sport)

Para Hoyama, Calderano precisa estar focado no passo a passo e focado para conseguir chegar longe e tentar disputar uma medalha.

Ele não vai estar pensando nos chineses só, vai estar pensando no passo a passo, porque até chegar nos chineses, será só numa semifinal. Ele é cabeça de chave número quatro, mas, até lá, ele vai enfrentar muitos atletas difíceis, de bom nível e que o conhecem bastante.

Hugo Hoyama fala sobre Ma Long e a bebida alcoólica

Hugo Hoyama também comentou sobre Ma Long e a ideia de misturar bebida alcoólica com os treinamentos. Para Hugo, se o atleta souber dosar e utilizar isso apenas para descontrair e relaxar, está tudo bem.

Ma Long parece um cara mais fechado. Vai ver que, bebendo uma cervejinha, ele fica mais aberto, começa a conversar bastante, solta todo aquele estresse para dar uma relaxada.

O Ma Long, para mim, é o maior de todos os tempos!

Encontro de Hoyama com Kobe Bryant

Hugo Hoyama diz que sempre teve vergonha de paparicar grandes ícones do esporte mundial. Apesar disso, em Pequim 2008, viu Kobe Bryant e, por ser fã dos Lakers desde pequeno, e do astro americano, ele quis tirar uma foto com Kobe.

Voltando da janta, vi muitos atletas amontoados e fui chegando perto e era o pessoal tirando foto com o Kobe Bryant. Pensei que com ele precisava tirar, pois sempre fui fã do Lakers, desde a época do Magic Johnson.

Ele sentou no banquinho e o segurança falou que fui o último a tirar foto com ele, que ele tinha que descansar.

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Hugo Hoyama e Kobe Bryant em Pequim 2008 – Reprodução/Hugo Hoyama

Hugo Hoyama fala sobre a equipe brasileira em Paris

Hugo Hoyama falou sobre os integrantes da equipe brasileira em Paris e a disputa por equipes, afirmando que Calderano, se for bem, pode fazer os dois pontos. Por outro lado, Vitor e Teodoro podem brigar por mais um ponto para fechar a partida.

Se chegar em umas quartas de final ou até numa semifinal por equipes, já seria excelente. É muito difícil. Mas o Hugo, fazendo os dois pontos, a chance sempre vai existir.

Com relação a equipe feminina do Brasil, Hoyama acha que é bem mais difícil, mas que dependerá do sorteio, elogiando Bruna Takahashi e falando bem também de Giulia, que é a irmã mais nova.

A Bruna está jogando bem, está num ritmo muito bom.

A Giulia é aquela menina que, de todos, é a que tem mais sangue nos olhos, e vai para cima de qualquer adversário.

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Bruna Takahashi em torneio disputado nos Estados Unidos – Icon Sport