Antes de mais nada, Ale Canova é Diretor de Arbitragem da SPFF (São Paulo Fisiculturismo e Fitness), e estará no comando da arbitragem no Novice Open 2022, que acontece neste sábado (26), a partir das 9h (horário de Brasília), no Teatro Gamaro, na região da Mooca, na Zona Leste de São Paulo-SP.

De antemão, o árbitro descomplicou algumas dúvidas comuns do público e até atletas sobre a avaliação dos juízes. Confira a entrevista com Ale Canova tornando fácil o entendimento da arbitragem bodybuilding.

Exclusiva com Ale Canova sobre arbitragem de fisiculturismo

Antes de tudo, o árbitro comentou sobre os aspectos avaliados nos eventos bodybuilding e fitness. Bem como, alertou sobre as diferenças na avaliação das categorias. Além disso, confessou que também existem similaridades nas categorias de fisiculturismo.

As diferenças

As diferenças estão no desenho do shape do atleta e cada categoria tem um desenho específico que precisa ser respeitado para que esse atleta tenha sucesso. Então, a silhueta desse atleta e um bonito físico, são fundamentais para ele ter um bom resultado na categoria.

As similaridades

Todos os atletas precisam ter o que se chama de hipertrofia muscular, que é o aumento do volume muscular, a quantidade de espaço ocupado por aquele músculo. Então, todos eles tem diferentes tamanhos em cada categoria e precisam ser respeitados dentro das proporções da silhueta.

Demais itens observados durante a avaliação, segundo Ale Canova

Densidade

Existe um item que se chama densidade, que é a quantidade variada de músculos que ocupam o mesmo espaço. Fazendo uma analogia: quando você pega uma bexiga em uma festa de criança, você a enche, dá o nó e ela está ‘durinha'. Ou seja, aquela bexiga está com densidade alta.

Mas, no dia seguinte, ela acaba perdendo um pouco da pressão que tinha, ficando murcha. Então, na avaliação, tem o tônus muscular alto e o não tão alto quanto deveria. De fato, isso é um item que todos os atletas precisam ter para serem campeões.

Definição muscular

A definição muscular é a capacidade do atleta ter um baixo percentual de gordura no corpo dele e você consegue ter visualizações do detalhe da musculatura e está relacionado também a uma perda de água, uma desidratação. Então, essa definição muscular é muito variável de acordo com as categorias.

A bodybuilding, por exemplo, exige muito mais definição muscular e as categorias fitness não tão rigoroso quanto as bodybuilding. Apesar de que, nos tempos atuais, todas as categorias têm sido exigida uma definição muscular bem acentuada, ou seja, de alto nível.

Proporção muscular

Outro item chama-se proporção muscular, que é uma harmonia de formas, contornos, medidas e dimensões. Proporção é o seguinte: o atleta precisa ter, dentro daquela silhueta, tanto na parte de tronco quanto de braços e pernas, precisam ser proporcionais uns aos outros para que dê aquele desenho do corpo mais bonito. Isso faz com que o atleta tenha sucesso no resultado em sua competição.

Simetria

E um dos itens que é muito polêmico em relação ao entendimento é a simetria, pois nós temos a simetria sagital, transversal e coronal. Isso acaba sendo uma coisa muito complexa para ser discutida. Porém, dá para definir como uma conformidade, em medida, forma e posição relativa, entre as partes dispostas em cada lado de uma linha divisória, um plano médio, um centro ou um eixo. Mas para entender tudo, é preciso fazer um curso de arbitragem.

– Todo árbitro pode avaliar todas as categorias ou existe alguma especialidade?

Em primeiro lugar, Ale Canova afirmou que na SPFF é uma exigência sua, como Diretor de Arbitragem, que todos os seus árbitros saibam avaliar todas as categorias, mas respeita as entidades que não fazem neste formato.

Na SPFF todo árbitro precisa saber avaliar todas as categorias, é uma exigência minha. Existem outras entidades que podem fazer diferente. Mas, na minha visão, quando você se torna árbitro, você precisa saber todas as regras do jogo, de todas as categorias fitness e bodybuilding. De modo geral, a forma de avaliar os atletas é similar, com algumas pequenas diferenças de proporções, que pode variar de uma entidade para outra.

– A carreira de árbitro neste esporte é autossustentável ou precisa complementar a renda com outro trabalho?

Por fim, Ale Canova comentou que nenhum árbitro de fisiculturismo tem essa profissão como carreira. Além disso, afirmou que, apesar de todos ter estudados, se dedicado e fazerem tal trabalho com extrema competência e seriedade, tratam isso com um hobby.

No geral, os eventos são mensais, quinzenais… E esses árbitros têm seu trabalho durante a semana e no final de semana fazem essa arbitragem. É um trabalho que acaba sendo um hobby, apesar do estudo e da seriedade. Então, eu não considero isso um trabalho ou que eu vá viver dele, não tem condições. Não sei como funciona no resto do mundo, mas no Brasil é assim.

Foto destaque: Divulgação / Arquivo Pessoal