Bruninho é sinônimo de glórias com a camisa da Seleção Brasileira. Capitão, campeão olímpico e peça-chave em conquistas históricas, o levantador é um dos maiores nomes da história do vôlei mundial. Mas nem sempre a trajetória foi de vitórias. Houve um momento, em especial, que o tirou completamente do eixo.
Na final dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, o Brasil chegou a ter dois match points contra a Rússia. O ouro parecia certo. Mas a derrota veio, e com ela, um impacto profundo na vida e na carreira do camisa 1.
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Bruninho relembra o fundo do poço da sua carreira: “Era burnout total”
É fácil olhar para um esportista de sucesso como Bruninho e imaginar que seu caminho foi sempre recheado de conquistas e vitórias. Porém, a competição às vezes pode destruir o psicológico de muitos atletas.
Em entrevista reveladora no podcast Um Assado com…, de Duda Garbi, Bruninho abriu o coração sobre o período que seguiu a final perdida na Olimpíada de 2012, quando o Brasil perdeu para a Rússia na final.
Ao longo dos anos você vai aprendendo mais. O início era muito mais difícil. Essa é a vida do atleta. A gente é uma montanha-russa o tempo inteiro. É assim: vitória, derrota, vitória, derrota… você tem que aprender a lidar com isso. E quem consegue lidar melhor com isso é quem vai conseguir se dar melhor no longo prazo.
Mas lidar com a queda de Londres foi quase impossível para ele.
Eu lembro da derrota de Londres, eu fiquei acabado. Fui pro buraco. Se tivessem falado na época, era burnout total. Era não querer mais. Eu tinha ódio daquilo. Minha volta pro clube foi terrível. Eu lembro de estar no Rio e a única coisa que eu conseguia fazer era sair, beber, e era a única coisa que me fazia esquecer daquele momento, daquela angústia.

“Voltei a ser eu mesmo por meio do trabalho mental”
Em seguida, o ex-levantador comentou que se perdeu após aquele momento de baixa na carreira. Diante da dor, veio a busca por ajuda. Bruninho não esconde: precisou se reconstruir por dentro para voltar a ter prazer pelo vôlei.
Eu procurei ajuda porque eu lidava muito mal com a derrota. Procurei a terapia, principalmente pela derrota de Londres. Eu estava pronto tecnicamente, taticamente, fisicamente… mas faltava a parte mental.
Não só porque a gente perdeu, mas eu queria controlar melhor as minhas emoções. Eu não queria mais me encontrar num buraco como aquele depois de uma derrota.
Foi uma derrota doída? Sim. Mas como eu vou gerenciar melhor minhas emoções para me equilibrar. Eu continuo sendo um cara que quer ganhar sempre, continuo odiando perder, mas entendendo que a derrota faz parte. Não tem jeito.
A superação de Bruninho: “Você precisa de gente que te apoie”
Após as frustrações, Bruninho explicou como o autoconhecimento ajudou no seu crescimento pessoal e maturidade. Bruninho relembrou ainda as pessoas que foram fundamentais para sua retomada emocional e profissional após o trauma de 2012.
Voltei a ser ‘eu mesmo’ por meio de trabalho mental. Muita respiração. Eu conheci uma pessoa que me indicou o Orlando Cani, no Rio, que fazia yoga. E, através disso, cuidando mais da minha respiração…
Aquela temporada no Rio, com a ajuda de pessoas… Cara, você precisa de gente que te apoie. Na época, eu tive um treinador, o Marcelo Fronckowiak. Ele me ajudou muito naquele ano. E jogadores mesmo: amigos, pessoas próximas. Isso fez a diferença nesse momento difícil.

Bruninho nunca mais voltou ao fundo do poço após o trabalho mental
O amadurecimento após o trauma também moldou o atleta que Bruninho se tornou. Ele admite que ainda odeia perder, mas sabe lidar com as derrotas de forma mais equilibrada.
Hoje, meus dias ruins são muito menores do que eram. Ao longo dos anos foi um entendimento também. É lógico, todas as derrotas doem. Sempre dói. Mas eu nunca mais cheguei no fundo do poço.”
O fundo do poço é você ter esse ódio mesmo, sabe? É você perder a paixão. É você não querer, é você ir, brigar, e perceber que não tá equilibrado.
Bruninho ainda revelou que o tema Londres 2012 é tabu até entre colegas.
Não comentamos. Porque é uma derrota dolorida. Você tem dois match points pra ganhar uma Olimpíada. É difícil entender isso. Você tá muito próximo do sonho da tua vida, entendeu? É como se você perdesse o chão.
É tipo a Copa do Mundo de 2022. Aquele Brasil x Croácia, só que na final. Tá 1 x 0, falta pouco para acabar e a gente toma aquele gol de empate. Se é ruim nas quartas (na Copa de 2022, no futebol), imagine na final (da Olimpíada de Londres 2012). E o Brasil tava dominando, jogando muito.
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