Por ser um esporte considerado elitizado, o automobilismo muitas vezes não cede oportunidades a pessoas repletas de muito talento e dedicação. No caso da atual pilota da Stock Series 2023, Kaká Magno teve de lutar muito para garantir o seu espaço no esporte e alcançar os objetivos que tanto almejou ao longo da vida.
Durante o final de semana de etapa da Stock Car 2023, a atleta da RTR Sport Team concedeu entrevista exclusiva ao portal Esportelândia, onde contou a sua trajetória no esporte e os desafios que enfrentou por ser mulher em uma atividade tão dominada pelos homens no Brasil. Confira agora tudo o que disse a pilota.
A estreia de Kaka Magno na Stock Series
A entrevista com Kaka Magno
A atleta Kaká Magno começou contanto ao Esportelândia que a sua trajetória no automobilismo teve início ainda quando era criança. Por acompanhar a paixão de seu pai pelo esporte, rapidamente se viu ligada a um sentimento que a motivou a seguir o caminho das categorias de base até o profissionalismo. A pilota revela que passou por diversos campeonatos até chegar na Stock Series.
Tudo começou porque eu era apaixonada desde pequenininha por carrinhos. Meu pai tinha carrinhos e eu brincava bastante. Meu avô foi preparador de kart, meu primo corria também. Essa paixão foi se tornando cada vez maior dentro de mim.
Eu comecei no Kart Indoor, fui passando para o kart profissional, outras categorias, Fórmula, Turismo. Corri na Europa, fiz alguns campeonatos e hoje eu estou aqui na estreia dessa Stock Series.
Faltam mulheres no automobilismo?
Ainda durante a entrevista, a pilota da RTR Sport Team falou sobre a inserção de mulheres no universo do automobilismo. Quando perguntada sobre o fato de existirem poucas no paddock da Stock Series, Kaká Magno afirmou que esse é um problema com carimbo do passaporte brasileiro.
Eu acho que aqui no Brasil. Aqui falta muito essa coisa de apoio às mulheres, eu acho que essa panelinha tem que acabar, tem de colocar mais mulheres na pista, no paddock. Colocar a mulherada para trabalhar, porque tem muita mulher competente.
Kaká Magno utilizou de seu vasto currículo, com passagem por diversos campeonatos ao redor do mundo, para falar que a falta de mulher no automobilismo é um problema frequente no Brasil. Segundo ela, existem diversos trabalhos de base espalhados em outros países que contribuem para a prática esportiva por parte das jovens garotas.
Acho que a gente precisa de mais incentivo, como na Europa, que tem muitas categorias dando apoio feminino, como a Euronascar, na categoria Lady. Não importa se tem uma, duas ou três mulheres, eles dão o benefício para as mulheres que estão entrando na categoria e eu acho que está faltando isso no Brasil.
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Para a competidora da Stock Series, existe uma enorme diferença do esporte que é praticado na Europa, e em outros países, para o que se vê sendo apresentado no Brasil. A diferença é ainda mais presente na questão da participação feminina na modalidade.
Lá eles te dão mais oportunidade, valorizam mais a questão das mulheres entrando no automobilismo. Eu acho que falta muito isso aqui no Brasil. A falta de apoio até da equipe mesmo. Eu acho que as equipes tem de pegar as “minas” e começar a lapidar elas desde pequenas e encorajá-la a chegarem longe.
Eu acho que o Brasil está um pouco atrasado nessa questão de formar meninas. A panela aí que tem, eu acho que tem de dar uma abertura para outras, até no amador. Pegar as meninas que estão no amador, que tem o desejo de entrar no profissional e fazer uma escola ou algumas coisas assim.
O patrocínio no esporte
Kaká Magno fala com orgulho que praticamente tudo que conquistou em sua carreira até hoje é fruto do seu próprio esforço. A atleta não esconde a satisfação de ter alcançado os objetivos que almejava quando ainda era mais nova. Dentre os principais desafios que a pilota diz ter enfrentando, coloca a falta de patrocínio como o maior fator.
Eu lutei e batalhei sempre sozinha. Eu acho que estou aqui porque é meu merecimento. Mas eu acho que todo mundo tem o direito de estar onde quer estar.
Dificuldade sempre tem. A falta de patrocínio e tudo mais, mas eu sempre fui atrás. Sempre batalhei tudo sozinha, busquei patrocinadores, sempre fiz tudo na minha carreira, sozinha. E eu sou a prova de que, se você quer, você consegue chegar aonde você quiser. Hoje eu estou aqui na Stock Series e corria na Europa.
Afirma ainda que, apesar de ter conseguido muita coisa por meio do seu esforço, o incentivo e patrocínio para quem está começando é fundamental. Indo além disso, ela explica que este incentivo tem de partir de dentro para fora, ou seja, com as próprias equipes e patrocinadores motivando os jovens talentos e dando a eles a tão sonhada oportunidade.
É o incentivo do pessoal dar abertura até das próprias equipes, dos patrocinadores. Os patrocinadores eu acho que tem de investir mais, acreditar mais em projetos sociais e também das mulheres na pista, não só dentro do automobilismo, mas também fora.
Por fim, Kaká Magno volta a bater na tecla de que o Brasil precisa tomar uma atitude em relação às suas garotas e outras pessoas envolvidas com diversidade, o que pode ajudar muito na promoção do automobilismo no país.
Eu conheço várias categorias lá que, até a Fórmula Elétrica, que eles tem um projeto com diversidade, com categorias só para quem é da diversidade, o que eu acho muito bacana. No Brasil está bem longe de isso acontecer. É isso, temos que expandir a mente aqui no Brasil.
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Editor no Esportelândia e redator no site Showmetech. Comentarista no portal “De Olho no Peixe” e diretor do documentário “Futebol do Espetáculo”, disponível no YouTube. Passou por Cinerama, PL Brasil e Futebol na Veia. Está no Esportelândia desde 2022.