Érika Coimbra quase se tornou a famosa promessa que não passa da base. A lenda da Seleção Brasileira de vôlei relembrou recentemente um momento difícil em sua carreira.

Coimbra por pouco não desistiu permanentemente do vôlei. Antes de ser treinada por Bernardinho ou Zé Roberto, Érika contou com a ajuda de outra pessoa importante em sua vida.

O período de desistência de Érika Coimbra no vôlei

 

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Fiquei com medo quando cheguei ao Mackenzie porque todos os pais levavam as meninas de carro, os tênis delas, tudo a gente repara na adolescência quando não tem tanto conhecimento…

As mães assistiam aos treinos, meus pais tinham mais dificuldades porque tinham que pegar 4 ônibus, não entrava no orçamento… então comecei a ver aquilo assim muito diferente do meu mundo.

Aí comecei a falar para minha mãe que não queria continuar e ela indagava o porquê. Na época não sabia me expressar e inventava uma desculpa de que caía num buraco ou algo assim, desisti do voleibol naquele momento.

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As sábias palavras que salvaram a carreira de Érika Coimbra

Érika destacou Regina, sua treinadora nos tempos de Mackenzie, como uma pessoa muito especial em sua carreira. Érika ficou alguns meses sem treinar. Não se sentia mais animada para jogar até que Regina transformou sua mente.

Regina ligava para a casa da avó de Érika para falar com os pais dela, dizendo que a jovem deveria treinar. A treinadora já tinha visto Érika jogar no final da categoria mirim, enquanto treinava o infantil, uma categoria acima.

Ligava para casa da minha vó porque não tinha telefone em casa. De tanto insistir, minha mãe começou a me levar. Fui com a Regina, conversei com ela em uma salinha no Mackenzie e ela transformou minha cabeça… isso foi em 1994.

Ela falou: ‘Olha, você vai para a Olimpíada, você tem todo o potencial, eu vou te lapidar porque sei que você vai chegar, você é a melhor…’

Encheu minha cabeça com essas informações e eu acreditei. Então segui no Mackenzie e ajudei o time a ganhar o Metropolitano depois de anos sem conquistar um título.

Dali participei do Sul-Americano na base pela seleção, me destacando mais e mais” revelou Érika Coimbra no podcast Ataque Defesa.

Quem é Érika Coimbra?

Érika Coimbra é um dos nomes mais marcantes do voleibol brasileiro, não apenas pela sua longa trajetória em quadra, mas também pela história de superação que a acompanhou desde muito jovem.

Início

Mineira, nascida em 23 de março de 1980, começou sua carreira ainda nas categorias de base do Mackenzie EC, em Belo Horizonte. Foi no tradicional clube mineiro que deu os primeiros passos no esporte, defendendo o Mackenzie EC Sub-20 entre 1990/91 e 1996/97.

O talento precoce chamou a atenção e logo ganhou espaço também no time adulto do Batavo Mackenzie, onde atuou entre 1994/95 e 1996/97, confirmando-se como uma das grandes promessas da nova geração.

Ascensão no Brasil

A evolução foi rápida, e Érika passou ao Rexona Paraná Vôlei Clube, onde jogou de 1997/98 a 2000/01. Destacou-se de forma decisiva, sendo peça importante no time e ganhando ainda mais projeção. Em seguida, transferiu-se para o MRV/Minas, entre 2001/02 e 2002/03, continuando a construir sua reputação de atacante de alto nível.

O próximo passo foi o Finasa/Osasco, um dos clubes mais fortes da época, onde atuou entre 2003/04 e 2004/05, em meio a grandes disputas da Superliga. Na temporada seguinte, 2005/06, vestiu a camisa do Oi Macaé.

Jornada internacional e idas e vindas ao Brasil

Logo depois da temporada em Macaé, partiu para o cenário internacional, defendendo o BigMat Sanpaolo Chieri, da Itália, em 2006/07. O retorno ao Brasil aconteceu na temporada 2007/08, quando jogou pelo Brasil Telecom/Brusque.

Já em 2008/09 e 2009/10, viveu um dos momentos mais marcantes da carreira ao defender a Unilever Vôlei, comandada por Bernardinho, com quem já tinha uma relação de confiança e proteção desde muito jovem.

Sua trajetória internacional voltou a ganhar força em 2010/11, quando atuou pelo Galatasaray Medical Park, da Turquia, e, na temporada seguinte, 2011/12, foi para o Azerbaijão jogar pelo Igtisadchi Baku. Em 2012/13, reforçou o Atom Trefl Sopot, da Polônia, onde conquistou destaque e prêmios individuais, como o de melhor jogadora da Liga Tauron e melhor recepção da Copa da Polônia.

Caminho para o final da carreira

Aos 33 anos, em novo retorno ao Brasil, Érika defendeu o Terracap/BRB/Brasília Vôlei entre 2013/14 e 2014/15, seguindo depois para o Concilig/Bauru na temporada 2015/16. Logo em seguida, atuou pelo Vôlei Hinode Barueri, de José Roberto Guimarães, entre 2016/17 e 2017/18.

Sua última passagem profissional foi no Maccabi XT Haifa, em Israel, na temporada 2018/19, encerrando a carreira em alto nível depois de mais de duas décadas de dedicação ao esporte. Ao longo desse percurso, Érika Coimbra somou títulos, prêmios e histórias que a tornaram única.

Érika Coimbra na história

Foi eleita melhor sacadora no World Grand Prix de 2000 e no Montreux Volley Masters de 2002, além de melhor jogadora em competições de base como o Campeonato Mundial Sub-19 de 1997 e a Copa do Mundo Sub-21 de 1999. Na Polônia, em 2013, conquistou o título da Copa Nacional e foi reconhecida como melhor atleta do torneio.

Sua carreira, no entanto, vai além dos números e das conquistas. Érika precisou enfrentar dificuldades pessoais, como a descoberta da síndrome de DDS (Desordem do Desenvolvimento Sexual), que veio à tona justamente no auge de sua ascensão. O episódio marcou sua vida, mas também fortaleceu sua trajetória, mostrando a resiliência de uma atleta que nunca se deixou abater pelo preconceito.

Protegida por Bernardinho em momentos críticos, inspirada por treinadoras como Regina nos tempos de Mackenzie e apoiada pela família em meio a muitas dificuldades, Érika Coimbra transformou a dor em força e seguiu como referência no voleibol brasileiro e mundial.

Sua história é a de uma ponteira que brilhou por mais de 20 anos em quadra, mas, acima de tudo, de uma mulher que soube enfrentar barreiras, vencer estigmas e se tornar inspiração para gerações futuras.

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Jamis Gomes Jr.

Repórter no Esportelândia. Licenciado em Literatura Inglesa. Jornalista com passagens por Quinto Quarto, Blog de Escalada, Minha Torcida, Futebol Interior e Techpost. Está no Esportelândia desde 2022.