O Grande Prêmio de Singapura de 2008 era cercada de expectativas, o circuito de rua já se mostrava um espetáculo nos treinos livres e nas classificações. O que não esperavam, era que um simples acidente no início da corrida mudaria a categoria para sempre, fato que ficou conhecido como Singapuragate e que comemora exatos 13 anos.
Primeira corrida noturna da história na F1
O Circuito Urbano de Marina Bay, inaugurado em 2008 para receber o GP de Singapura, era inevitavelmente comparado ao GP de Mônaco. Mas, desta vez, a Fórmula 1 teria um gostinho a mais, uma corrida com iluminação artificial.
Nunca antes realizada na história, a corrida noturna da F1 conquistou ainda mais a atenção do público depois dos treinos livres e classificatórios. O cenário e a dificuldade do traçado, ainda que elogiado pelos pilotos, certamente marcariam aquele 28 de setembro.
Porém, menos de um ano depois, outro fato se tornou a marca daquela corrida: o acidente de Nelsinho Piquet.
Problemas para a Renault na classificação
Primeiramente, lembremos a montanha-russa de sentimentos da Renault naquele fim de semana. Fernando Alonso liderou o segundo e terceiro treino livre, e mesmo com um carro inferior à outras equipes, se colocava favorito para a pole.
Entretanto, um problema mecânico o tirou do Q2 e o sonho de largar na ponta, que veio a se tornar uma 15ª posição. Nelsinho Piquet, companheiro de Alonso, também possuía grandes expectativas, mas o acerto no carro para a classificação não favoreceu o piloto, que terminou logo atrás do espanhol, em 16º.
Voltando um pouco mais no tempo…
Antes de tudo, meses antes do GP de Singapura, no Grande Prêmio da Alemanha, Piquet conseguiu terminar no pódio, mesmo largando no 17º lugar. Um safety-car no meio da corrida beneficiou o brasileiro, sendo que já havia adotado a estratégia de parar apenas uma vez, contra duas do restante do grid.
Enquanto Nelsinho já havia feito seu reabastecimento, ou seja, quando reuniu o pelotão, os demais pilotos teriam de ir mais uma vez aos boxes. Lewis Hamilton venceu, e o brasileiro terminou em segundo.
Portanto, piloto Renault, largando no fundo do grid, se beneficiando de um safety-car, terminou no pódio. E aí, consegue prever o que vem por aí?
Acidente de Piquet e vitória de Alonso
Pois bem, ambos pilotos Renault largaram no fim do grid. Alonso não só foi um dos poucos pilotos a largar de pneus duros, como foi o primeiro a parar na corrida, na volta 12. Apenas três voltas seguintes, Nelsinho Piquet rodou no terceiro setor e bateu na curva 17. Naquele ponto do circuito, um acidente teria de envolver um safety-car.
Logo após todo o pelotão se reunir com a entrada do carro de segurança, começaram os pilotos a irem ao box, e Alonso, que já havia feito sua parada, se beneficiou, ficando perto da liderança. O bom ritmo mantido pelo espanhol no restante da corrida foi mais que necessário para o bicampeão voltar a vencer.
Estratégia perfeita para a vitória, terrível para o esporte. Se conclui então, o Singapuragate.
Demissão de Piquet e início do escândalo
Sempre pressionado por resultados, Nelsinho Piquet não resistiu e foi demitido após o GP da Hungria da temporada seguinte, em 2009. Contudo, após sair da equipe, o brasileiro já havia começado as denúncias.
Um mês depois, Reginaldo Leme, ao vivo na transmissão do GP da Bélgica, veio a ser o primeiro a anunciar o escândalo na mídia, sempre beneficiado com informações privilegiadas direto da família Piquet.
Afinal, o que houve? Nelsinho Piquet foi obrigado a causar o acidente na pista para beneficiar seu companheiro de equipe, Fernando Alonso.
Piquet declarou ser imposto a causar o acidente horas antes da corrida por Briatore e Symonds, chefe de equipe e engenheiro executivo, respectivamente. Também, declarou temer pelo posto de piloto da escuderia por estar em constante pressão.
Foram apresentadas provas como o rádio durante a corrida, onde Nelsinho constantemente perguntava a que volta estavam, e a telemetria do carro, em que o brasileiro não tirou o pé do acelerador durante o acidente, fato que deveria ter ocorrido ao contrário, tirando o pé.
Consequências do Singapuragate
Portanto, ao fim das investigações, ainda em 2009, a FIA, Federação Internacional de Automobilismo, baniu Flávio Briatore da Fórmula 1 para sempre e suspendeu Pat Symonds por cinco anos.
Nelsinho Piquet não sofreu punições por contribuir com as investigações. Fernando Alonso também saiu ileso por não acharem provas de envolvimento com a suja estratégia.
Por fim, a Renault não sofreu banimento ou punições por também contribuir contra o Singapuragate.
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