Repetindo o comentarista da Fórmula 1, Felipe Giaffone. Que utilizou um verso da canção, “mundo animal”, dos Mamonas Assassinas,  para dizer que: “correr em Baku é bom, que pena que dá dor nas costas”. Isso porque no último GP do Azerbaijão, as retas extensas do circuito de Baku intensificaram o efeito porpoising dos carros. Mas o que é esse tal de efeito porpoising, e por que ele machuca tanto as costas de alguns pilotos?

Efeito porpoising x Downforce

Porpoising, que traduzido significa, golfinho. É o nome dado quando o carro começa a trepidar ou quicar, no final das retas e em curvas de alta pressão. Uma alusão ao movimento dos golfinhos. Assim, o efeito porpoising não é uma coisa recente na Fórmula 1. Mas com o novo regulamento de 2022, as especificações do carro têm gerado esse problema com mais frequência.

A princípio, para entender o efeito porpoising, precisamos antes de mais nada, saber que ele é resultado de uma tentativa de deixar o carro mais veloz. O santo graal da Fórmula 1, se chama “downforce”. Esse fenômeno é o responsável por fazer com que a pressão aerodinâmica se concentre na parte superior do carro. Dessa forma, essa mesma pressão irá empurrar o carro contra o solo. Assim, promovendo mais aderência do carro com a pista e, por consequência, mais desempenho.

A saber, a aderência será a responsável por fazer com que o carro consiga contornar as curvas em maior velocidade, e proporcionar mais tração ao carro durante as retas. Em outras palavras, quanto mais aderência, mais velocidade. Mas tudo tem um limite.

Até a temporada de 2021, o downforce era gerado através da aerodinâmica das asas dianteiras, carenagens e difusor. Porém, em 2022, isso ficou a cargo do assoalho. Sendo assim, a pressão vai diminuir o espaço entre o assoalho e o asfalto. Dessa forma, o ar passa com mais velocidade na parte inferior do carro. O chamado efeito solo.

Efeito porpoising e o quique do carro

O problema começa quando esse efeito solo puxa o carro em direção ao asfalto, mas em determinado momento, essa distância entre o carro e o asfalto fica tão pequena, que interrompe a passagem de ar.

Portanto, se a passagem de ar por baixo do carro se torna nula, o carro tende a ser jogado para cima, até que, a força gravitacional o devolve ao solo. Por fim, esse ciclo faz com que os carros comecem a pular.

Assim sendo, o carro além de perder performance, dificulta a vida do piloto. Na última corrida em Baku, esse efeito se intensificou por conta da extensão das retas. Sendo a maior delas com mais de dois quilômetros de extensão. Então, imagine o piloto sofrendo essa pressão, que tem impacto direto na coluna, ao decorrer de 51 voltas.

No vídeo abaixo, enquanto corria na Austrália, é possível ver pelo capacete de Hamilton, que ele está praticamante pulando dentro do cookpit. 

Efeito gera dor nas costas para os pilotos

A intensa oscilação dos carros gerou reclamações por parte dos pilotos. Como foi o  caso de Lewis Hamilton.  Logo após o GP do Azerbaijão, o britânico teve que passar por sessões de fisioterapia e acupuntura para tratar as dores nas costas.

A situação do britânico ficou tão séria, que levantou dúvidas com relação a sua participação no próximo GP do Canadá. Que de acordo com o heptacampeão, ele estará presente. Hamilton utilizou as redes sociais para relatar os problemas que teve após a corrida.

“Ontem foi duro e tive alguns problemas para dormir, mas acordei me sentindo positivo hoje! As costas estão um pouco doloridas e machucadas, mas, felizmente, nada sério”.

O britânico concluiu dizendo:

“Temos de seguir lutando. Não há momento como o agora para nos unirmos e é isso que faremos. Vou estar lá esse fim de semana, não perderia por nada. Desejo a todos um dia e uma semana incríveis”.

Nesse outro vídeo, aparentemente o australiano Ricciardo se queixa de dor nas costas, por conta do efeito porpoising

Como resolver o porpoising?

Embora seja um consenso a necessidade de reduzir os danos causados por esse efeito. O regulamento terá que sofrer alterações e, portanto, algumas equipes poderiam ser beneficiadas. Isso porque equipes como Red Bull e Ferrari, parecem ter o carro mais controlado, diferente da Mercedes.

O argumento por parte da Red Bull, é de que as equipes que não tiveram condições de corrigir esse problema, precisam lidar com isso de forma particular, sem que interfira na configuração de outros carros do grid. Mudanças de regulamento podem desbalancear alguns carros. Em outras palavras, a Red Bull mandou o famoso, ” cada um com seus problemas”.

“Se foi uma preocupação genuína de segurança em todo o grid, então é algo que deve ser analisado, mas se está afetando apenas pessoas ou equipes isoladas, então é algo com o qual a equipe deve lidar.” Disse Christian Horner, chefe da Red Bull.

De fato, um argumento justo. Mas a FIA não pode ignorar os perigos e lesões que isso pode vir causar futuramente. Afinal,  no próximo fim de semana, a Fórmula 1 encontra mais um circuito de retas. O ideal é que o regulamento forneça condições para que todas as equipes possam correr com segurança. E por fim, o que o público quer ver são disputas na pista, e não nos bastidores.

Foto destaque : Mercedes AMG F1 / Divulgação