A divisão de medalha de ouro no Campeonato Mundial de Atletismo em Budapeste, Hungria, se tornou um momento emocionante, cativante, mas curioso para alguns.

Afinal, desde quando é possível dividir o prêmio dessa forma? A estadunidense Katie Moon e a australiana Nina Kennedy mostraram um respeito mútuo diferente.

Não são todos que dividem o pão em uma competição, mas isso já aconteceu. Entenda como funciona a decisão de compartilhar a medalha de ouro no atletismo.

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Divisão de medalha de ouro no Mundial de Atletismo 2023 comove público

(Divulgação/Team USA) A divisão de medalha de ouro se tornou um momento especial entre Katie Moon e Nina Kennedy
(Divulgação/Team USA) A divisão de medalha de ouro se tornou um momento especial entre Katie Moon e Nina Kennedy

Em uma noite quente no Campeonato Mundial de Atletismo em Budapeste, Hungria, as duas melhores saltadoras com vara do mundo se enfrentaram em uma emocionante batalha pelo título.

A atual campeã mundial e medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, Katie Moon, e a talentosa australiana Nina Kennedy, subiram para a pista para competir pelo primeiro lugar em um dos momentos mais emocionantes do evento.

A competição se desenrolou com reviravoltas enquanto as duas atletas buscavam superar a marca de 4,90 metros no salto com vara. O público testemunhou uma batalha física e mental enquanto elas se alternavam na tentativa de ultrapassar a barra.

No entanto, a altura de 4,95 metros provou ser desafiadora demais para ambas, encerrando a competição com um esforço notável e a divisão de medalha de ouro.

Embora a decisão tenha resultado em um empate, as duas atletas optaram pela divisão de medalha de ouro. Em uma cena memorável, Moon e Kennedy concordaram em dividir o título, demonstrando respeito mútuo e esportividade.

Não imaginava que isso chegaria a esse ponto, mas quando chegou, percebi que era a decisão certa” disse Moon, a medalhista de ouro olímpica.

Kennedy compartilhou o sentimento, acrescentando que a escolha da divisão de medalha de ouro era mútua e aliviou a pressão emocional.

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Entenda como funciona a divisão de medalha de ouro

A narrativa encontra paralelos na emocionante cena dos saltadores Gianmarco Tamberi e Mutaz Essa Barshim nas Olimpíadas de Tóquio 2020. Inspiradas por essa atitude esportiva, Katie Moon e Nina Kennedy optaram por compartilhar o pódio, criando um momento de grande significado no mundo do atletismo.

No cenário do salto em altura masculino, o desfecho da competição se tornou uma das histórias marcantes dos Jogos Olímpicos de Tóquio. O italiano Gianmarco Tamberi e o catari Mutaz Essa Barshim, em um empate emocionante, escolheram encerrar a disputa, partilhando o lugar mais alto do pódio com a cobiçada medalha de ouro.

Tamberi e Barshim empataram ao atingir a marca de 2 metros e 37 centímetros. Nesse contexto, os organizadores propuseram um salto adicional de 2 metros e 39 centímetros para determinar o vencedor, ou então, ambos poderiam dividir a honra do ouro. Eles optaram pela segunda alternativa.

Essa situação de empate pôs fim a uma lacuna de 113 anos nos Jogos Olímpicos. A última vez que havia ocorrido uma divisão de medalha de ouro entre atletas foi nos Jogos de Londres, em 1908, quando Edward Cook e Alfred Carlton Gilbert, ambos dos EUA, empataram no salto com vara a 3 metros e 71 centímetros.

Assim como nos Jogos de Tóquio, os árbitros também permitiram a Cook e Gilbert dividirem o precioso ouro na história do atletismo.

Outro exemplo similar de título compartilhado ocorreu na Olimpíada de Estocolmo em 1912, quando o atleta americano Jim Thorpe conquistou as provas de Pentatlo e Decatlo, porém, posteriormente, teve as vitórias revogadas pelo Comitê Olímpico Internacional por violações das regras da época.

Naquela ocasião, a participação olímpica estava restrita a atletas amadores. Thorpe foi desqualificado por aceitar remuneração por jogar beisebol, o que o excluiu dessa categoria. Em 1982, o COI revisou essa decisão e declarou Thorpe como co-campeão, juntamente com Ferdinand Bie e Hugo Wieslander, que herdaram a honra do ouro.

Roteiro de superação: do medo ao extraordinário

Vale lembrar que o italiano Gianmarco Tamberi e o catari Mutaz Essa Barshim são bem amigos. Ambos compartilham momentos na vida pessoal também, não apenas em competições.

De fato, a decisão por dividir o ouro na época pode ter sido “tranquila” até por esse ingrediente, mas a vida de Tamberi não estava nos melhores capítulos até a final em Tóquio.

O italiano vivia momentos de incerteza após sofrer com lesões antes do Rio 2016. Tamberi não participou dos Jogos e ainda havia a preocupação de voltar a competir em alto nível.

Chegando em Tóquio 2020, Barshim já era bicampeão mundial no salto em altura e acumulava duas pratas em Olimpíadas.

Barshim tomou a atitude de procurar por Tamberi no momento de dificuldade, enquanto o italiano sofria com a ideia de não competir mais em alto nível.

Passados cerca de sete anos, ambos se tornaram campeões olímpicos, mas Gianmarco Tamberi viveu outro momento especial.

Gianmarco conquistou seu primeiro ouro em Mundiais de Atletismo em Budapeste. Em um momento Mamma mia, Tamberi se viu também em uma fase de alegria ao lado de seu amigo Barshim que ficou com o bronze nesta edição, mostrando que o esporte pode entregar roteiros que vão além da pura competição.

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