Não é uma regra começar em um esporte porque nasceu para tal. Tatiana Chagas contou a Esportelândia seu início de carreira e motivos para escolher o boxe.

Tatiana experimentou outros esportes, especialmente capoeira, mas foi no boxe que se encontrou. Curiosamente o desejo surgiu ao assistir outra brasileira na televisão.

A baiana já soma experiência em Mundiais de boxe, é campeã do Sul-Americano, Grand Prix Internacional, Campeonato Brasileiro, além de ter liderado o ranking nacional em 2022. 

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Entrevista com Tatiana Chagas, atleta da Seleção Brasileira de Boxe

Já são cerca de 12 anos no boxe e conquistando títulos. No entanto, engana-se quem pensa que Tatiana Chagas escolheu a nobre arte de primeira.

A baiana estava perdida, não sabia o que fazer após concluir o ensino médio. No princípio, não foram as medalhas que motivavam a futura pugilista da Seleção Brasileira. 

Eu havia acabado de concluir o ensino médio, não conseguia emprego e também estava com a autoestima muito baixa porque eu era um pouco gordinha. Então, procurei fazer um esporte.

Tatiana praticou capoeira antes, mas logo descobriu que não era seu habitat.

Cheguei a fazer capoeira, só que não fiquei muito tempo. Também não sabia o que queria fazer.

Descoberta de Tatiana Chagas na nobre arte

Assim como Tatiana, muitos baianos se tornaram pugilistas e alguns criaram lindas histórias.

De fato, Popó é um deles, mas quem despertou o desejo de praticar a modalidade em Tatiana foi Adriana Araújo. 

A conterrânea Adriana Araújo conquistou a medalha olímpica de Bronze em Londres 2012, se tornando a 1ª mulher brasileira a ganhar uma medalha olímpica no boxe.

Dentro disso, encerrou um jejum de 44 anos sem pódio na modalidade.

Certo dia assistindo à televisão, eu vi uma entrevista da Adriana Araújo um ano antes da Olimpíada que ela foi medalha de bronze (Londres 2012).

Me interessei e comecei a procurar academias para treinar. Um dia fui à padaria e vi uma sede que da dava aula de boxe, capoeira, dança, entre outros.

Entrei, fiquei olhando, conversei com o professor e perguntei como funcionava. Ele falou que era um projeto, só precisava dar uma ajuda de custo no valor de 15 reais.

Cheguei em casa feliz da vida, falei com a minha mãe e ela me apoiou, deu o dinheiro e comecei no outro dia. Era a primeira a chegar e a última a sair.

Um anjo chamado Fabrício

Tatiana Chagas deixou claro na conversa que muitas pessoas a ajudaram nesta caminhada que já passa de uma década.

No entanto, um dos nomes citados com carinho foi também o de Fabrício. A baiana relembrou conversas com o amigo enquanto buscava um espaço na modalidade.

Treinei por uns seis meses naquela primeira academia até que um dos professores viu potencial para algo mais. Me interessei e fui. O dono não estava no dia, só o filho.

Não podia começar sem o dono, então, continuei na primeira sede até que meu amigo Fabrício avisou sobre o Popó Freitas. Fiz um teste, passei e comecei a treinar lá.

Em 2002, já no Popó, competi pelo Brasileiro e fui bem. Ganhei a medalha de prata. Após esse campeonato não parei mais.

No entanto, a academia fechou e Tatiana ficou sem lugar para treinar justo quando começava a ganhar consistência na modalidade.

Desanimada, a tricampeão brasileira pensou em desistir, mas Fabrício incentivou a amiga, treinando-a mesmo sem as condições adequadas de uma academia padrão.

Pensei em parar quando essa academia fechou, mas o Fabrício novamente me ajudou a seguir no esporte.

Treinávamos na rua até conhecermos o professor Marquinhos que me deu todo o apoio.

Aprendi muito com ele e consegui me desenvolver mais, permanecendo no esporte depois de muito suor.

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Metas e experiência no Campeonato Mundial de Boxe

Em suma, a baiana teve no Campeonato Mundial de Boxe 2023 a sua primeira participação.

Parou nas oitavas de final para Enkhjargal Munguntsetseg da Mongólia, mas destaca a grande experiência.

O meu primeiro mundial foi uma experiência incrível, tanto pessoal como profissional.

Pude adquirir aprendizados com todos que estavam envolvidos nesse evento.

Técnicos, atletas, além dos diferentes idiomas em um mesmo lugar. Grande experiência!

Por fim, perguntada se gostaria de lutar MMA, a pugilista descarta essa ideia. A multicampeã construiu uma trajetória de sucesso na modalidade e não planeja parar tão cedo.

Minha meta agora é participar de uma Olimpíada e quem sabe fazer uma luta no boxe profissional. No MMA não penso, mas gostaria de lutar no boxe profissional. 

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