Com a medalha de prata conquistada pela Seleção Brasileira na VNL 2025, o debate sobre quem foi a melhor ponteira do torneio ganhou força. Duas atletas brasileiras se destacaram com números sólidos: Gabi Guimarães e Júlia Bergmann, mas apenas uma pode ser considerada a verdadeira referência da posição.

Apesar do destaque da italiana Myriam Sylla, que foi eleita junto com Gabi para o time ideal da competição, os dados frios colocam em xeque essa decisão da FIVB. Será que foi justo? E qual brasileira realmente teve o melhor desempenho ao longo da campanha?

Gabi Guimarães x Júlia Bergmann – Os números revelam: quem foi mais decisiva?

Ao olhar os números completos da VNL 2025, a primeira diferença brutal está no número de jogos: Júlia Bergmann atuou em 15 das 15 partidas, enquanto Gabi esteve presente em apenas 8. Isso interfere diretamente no volume de pontos, mas também abre espaço para uma análise mais justa pelo aproveitamento e pelo peso das atuações nas finais.

Bergmann terminou a competição com 245 pontos totais, sendo a maior pontuadora da Seleção e a sexta no ranking geral da competição. Já Gabi anotou 164 pontos no total, número bem abaixo, mas que ganha peso ao ser diluído em apenas 8 partidas.

Em aproveitamento de ataque, Gabi teve média superior (40,04%) contra 37,23% de Bergmann. A diferença, embora pequena, demonstra a eficiência da capitã brasileira, que ainda teve impacto defensivo superior em bloqueios (20 contra 19) e em recepção (eficiência de 36,9% contra 23,05%).

Além da dupla brasileira, o Esportelândia trouxe um comparativo estatístico que coloca a também premiada Sylla (Itália) no páreo de melhor ponteira. Bem como a dupla japonesa (4ª colocada), Yoshino Sato e Mayu Ishikawa.

🔹Tabela 1 – Fase classificatória com domínio japonês

Na fase classificatória, Gabi Guimarães leva a melhor no aproveitamento de recepções, mas, com menos jogos que todas, não conseguiria disputar em volume.

Bergmann liderou o grupo em bloqueios, mas o grande destaque foi Ishikawa, liderando em pontos, ataque, saques e defesas, além de mais recepções.

Atleta Pontos Ataque Bloqueio Saque % Ataque Defesas Recepção (Eficiência)
Bergmann 202 173 16 13 39.32% 97 89 (22.36%)
Yoshino 214 190 8 16 40.86% 115 90 (28.12%)
Ishikawa 216 192 5 19 40.85% 134 121 (33.80%)
Gabi 112 97 13 2 38.96% 63 45 (36.29%)
Sylla 78 69 8 1 35.20% 57 52 (23.21%)

🔹Tabela 2 – Finais: o peso de Gabi Guimarães foi letal

Considerando que o peso das fases finais seja de uns 60% (especulativo), fica impossível ignorar o desempenho de Gabi Guimarães nas partidas decisivas. Ela foi a maior pontuadora da fase final (52 pontos) e teve o melhor aproveitamento de ataque entre as ponteiras (41,12%).

Bergmann, por outro lado, também teve presença sólida, com 43 pontos, mas caiu em aproveitamento e eficiência defensiva. Mesmo presente em toda a campanha, sua regularidade não foi suficiente para ofuscar a explosão técnica de Gabi nas partidas mais importantes.

Atleta Pontos Ataque Bloqueio Saque % Ataque Defesas Recepção (Eficiência)
Bergmann 43 39 3 1 35.14% 17 23 (20.91%)
Yoshino 37 32 3 2 31.37% 21 32 (30.48%)
Ishikawa 50 46 1 3 35.66% 29 26 (33.33%)
Gabi 52 44 7 1 41.12% 19 24 (38.10%)
Sylla 30 26 3 1 31.71% 22 9 (12.86%)

E a Sylla? Foi justo incluí-la no time ideal?

Aqui está o ponto polêmico. Myriam Sylla atuou em 10 de 15 partidas, teve apenas 108 pontos totais, um aproveitamento ofensivo de 33,45% e ficou atrás de todas as ponteiras mencionadas em defesas e recepções.

Seria Sylla uma escolha política por ter vencido o título com a Itália? Talvez. Mas tecnicamente, não há como colocá-la à frente nem de Gabi, nem de Bergmann.

Sua presença no time ideal, junto com Gabi, parece mais um reflexo do título italiano do que uma real leitura estatística da competição.

Ishikawa e Yoshino, apesar de boas estatísticas, principalmente na fase classificatória, fizeram parte de um Japão que teve 3 derrotas na fase inicial e mais duas na fase final, não sendo decisivas quando necessário.

🔹Tabela 3 – Estatísticas combinadas (fase classificatória + finais) – RESPOSTA

Com base em uma análise objetiva, ponderando 40% da fase inicial e 60% das finais, a melhor ponteira brasileira da VNL 2025 foi Gabi Guimarães.

Mesmo com menos jogos, ela compensou com altíssimo nível técnico e desempenho de elite nas fases finais. Já Bergmann foi essencial pela constância e entrega ao longo de toda a campanha, mas não teve o mesmo brilho decisivo.

A dupla ideal de ponteiras do time dos sonhos da VNL 2025, com base em desempenho, aproveitamento e impacto técnico, deveria ser: Gabi Guimarães e Júlia Bergmann.

Sylla? Não merecia estar no time ideal. Ou seja, os questionamentos não deveriam ser sobre o porquê Gabi Guimarães entrou na lista, mas o motivo de Sylla estar lá.

As três (Ishikawa, Yoshino e Sylla) têm qualidade e renderam bem em seus respectivos sistemas, mas:

  • Gabi Guimarães foi a mais eficiente e decisiva da fase final da VNL
  • Júlia Bergmann foi a mais constante e produtiva ao longo de todo o torneio

Somadas, elas entregam mais impacto ofensivo e um enorme equilíbrio entre ataque, recepção e defesa do que as três adversárias diretas. A VNL premiou popularidade e resultado coletivo. Mas, tecnicamente, a melhor dupla foi brasileira.

Atleta Pontos Ataque Bloqueio Saque % Ataque (média) Defesas Recepção Total (Eficiência)
Bergmann 245 212 19 14 37.23% 114 112 / 367 (≈ 23.05%)
Yoshino 251 222 11 18 36.12% 136 122 / 391 (≈ 28.13%)
Ishikawa 266 238 6 22 38.25% 163 147 / 429 (≈ 34.27%)
Gabi 164 141 20 3 40.04% 82 69 / 187 (≈ 36.90%)
Sylla 108 95 11 2 33.45% 79 61 / 282 (≈ 21.63%)

Qual foi o desempenho de cada ponteira?

Gabi Guimarães

  • Jogos: 8
  • Pontos totais: 164
  • Aproveitamento ofensivo: 40,04%
  • Bloqueios: 20
  • Recepção: 36,9%
  • Defesas: 82
  • Melhor pontuadora das finais

Júlia Bergmann

  • Jogos: 15
  • Pontos totais: 245
  • Aproveitamento ofensivo: 37,23%
  • Bloqueios: 19
  • Recepção: 23,05%
  • Defesas: 114
  • Constância em toda a campanha

Myriam Sylla

  • Jogos: 10
  • Pontos totais: 108
  • Aproveitamento ofensivo: 33,45%
  • Bloqueios: 11
  • Recepção: 21,63%
  • Defesas: 79
  • Presença duvidosa no time ideal

Quem fez mais pontos pela Seleção Brasileira na VNL 2025?

Júlia Bergmann foi a maior pontuadora do Brasil na somatória das fases, com 245 pontos. Ela terminou a competição como a sexta maior pontuadora geral.

Gabi Guimarães mereceu entrar no time ideal mesmo com menos jogos?

Sim. Seu impacto nas finais foi absoluto. Ela liderou em pontos, aproveitamento e bloqueios. A FIVB acertou ao colocá-la no time ideal, mesmo com menor volume de jogos.

Sylla foi melhor que Bergmann na VNL?

Não. Sylla teve números mais baixos em quase todos os quesitos técnicos, com destaque negativo em aproveitamento ofensivo e eficiência de recepção.

Continue no Esportelândia e fique por dentro de todas as melhores histórias do vôlei:

Eric Filardi Content Coordinator

Coordenador do Esportelândia desde 2021, é jornalista pós-graduado em Jornalismo Esportivo. Autor do livro “Os Mestres do Espetáculo”, que está na biblioteca do Museu do Futebol de São Paulo. Passou por Jovem Pan, Futebol na Veia e PL Brasil.