No mundo do vôlei, poucos jogadores conseguiram alcançar tanto sucesso quanto Marcelo Negrão, amplamente reconhecido como um dos maiores opostos de todos os tempos, principalmente desde a Olimpíada de 1992, no ouro olímpico sob comando de Zé Roberto Guimarães.

Ele não apenas brilhou nas quadras nacionais e internacionais, mas também conquistou um lugar no Guinness Book, o livro dos recordes. No entanto, apesar de seu talento indiscutível, em uma fase da carreira que ele se viu na situação de “reserva”.

Mas não por uma mudança de qualidade e sim por uma adaptação de função dentro do time. Joel Monteiro, oposto reserva de Marcelo na Seleção Brasileira, detalhou como colocou Negrão no “banco” do Banespa.

Marcelo Negrão, maior oposto da história, mas um reserva estratégico de Zé Roberto

Joel Monteiro compartilhou com Marcelo momentos importantes no Banespa e, segundo ele, o compatriota é o maior oposto da história do vôlei. Entretanto, foi, de certa forma, um “reserva” de Joel, devido a uma decisão estratégica de posição.

A história, curiosa e cheia de surpresas, revela não só o caráter de Negrão, como o espírito de equipe e a visão de Zé Roberto Guimarães, técnico da equipe na época, que não permitiu que Marcelo fosse titular pelo status.

Tive uma passagem em clube com o Marcelo Negrão. Quando eu estava no Banespa, o Zé Roberto Guimarães veio para ser o técnico. Eu era o oposto do time, mas eles contrataram o Marcelo.

Eu falei: “Vou embora! É o Marcelo, eu não vou jogar” [desacreditado]. Aí falei com o Zé Roberto e ele disse: “Quem estiver melhor joga” [sereno]. Eu questionei: “Como assim, quem tiver melhor joga? E o Marcelo?”. Ele respondeu: “Quer que eu assine para você? Quem tiver melhor joga”.

Aí pensei: “Agora você tem que jogar melhor que o Marcelo [apreensivo]”. Conclusão: Marcelo jogou de ponta com o Nalbert e eu joguei muito de oposto naquele time.

Essa mudança não diminuiu o brilho de Marcelo, mas, sim, ampliou as possibilidades da equipe, permitindo que ambos mostrassem seus talentos e jogassem juntos. Por outro lado, mostrou como Zé Roberto impõe meritocracia em seus times.

Marcelo Negrão apontado como o maior oposto da história do vôlei

Marcelo Negrão é amplamente considerado o maior oposto da história do vôlei e tem feitos que poucos conseguem replicar. A destreza de Marcelo não se limitava a parte física, mas também estratégica.

Ele atacava todas as bolas, com uma força impressionante – especialmente na paralela -, um movimento que exigia precisão e rapidez.

Não é à toa que ele foi um dos pilares do time que conquistou a medalha de ouro olímpica em 1992, aos 19 anos, e foi eleito o melhor jogador da Olimpíada. Joel Monteiro relembra a trajetória e entoa o coro de GOAT dos opostos:

Marcelo Negrão é o maior oposto de todos os tempos, eu não tenho dúvidas. Tem outro que está no Guinness Book? Ele atacava por cima de Bas van de Goor (2,09 m) e Peter Blangé (2,05 m) na paralela.

O Marcelo tinha um encaixe que não era de oposto, era de ponteiro. Uma coisa louca. Era muito bom. Foi campeão olímpico com 19 anos. Não só campeão, foi o melhor da Olimpíada.

Se não fosse a quantidade de lesões que teve, teria quebrado recorde atrás de recorde. Ele só percebeu que foi o maior oposto de todos os tempos agora. Na época, ele não tinha dimensão do seu tamanho. 

Por que Marcelo Negrão é considerado o maior oposto da história do vôlei?

Marcelo Negrão se destacou pela combinação de força, técnica e inteligência tática. Aos 19 anos, foi campeão olímpico e eleito o melhor jogador da Olimpíada de 1992. Ele também é conhecido por seus ataques potentes, que chegavam a 150 km/h e atingiam alturas impressionantes. Seu impacto no esporte foi tão grande que entrou para o Guinness Book com recordes históricos.

Marcelo Negrão chegou a ser reserva durante a carreira?

Sim, embora fosse uma estrela internacional, houve momentos estratégicos em que Marcelo foi colocado no banco, como no Banespa, sob o comando de Zé Roberto Guimarães. Nessa ocasião, jogou em outra posição (ponteiro), enquanto outro atleta assumia a função de oposto.

Quais são os principais recordes de Marcelo Negrão no vôlei?

Marcelo Negrão entrou para o Guinness Book por alcançar 3,60 metros de altura em ataques e por realizar ataques com velocidades de até 150 km/h. Em uma partida pelo Gabeca de Montichiari, na Itália, ele colocou 74 bolas no chão — um feito histórico que ainda impressiona o mundo do vôlei.

Eric Filardi Content Coordinator

Coordenador do Esportelândia desde 2021, é jornalista pós-graduado em Jornalismo Esportivo. Autor do livro “Os Mestres do Espetáculo”, que está na biblioteca do Museu do Futebol de São Paulo. Passou por Jovem Pan, Futebol na Veia e PL Brasil.