O Mundial de Vôlei Masculino de 2010 entrou para a história com o tricampeonato do Brasil. Porém, os comandados de Bernardinho tiveram que administrar o torneio com muita inteligência e até “forçaram” uma derrota para pegar o caminho mais fácil até a final.

Em entrevista ao podcast Fora de Quadra, o central Rodrigão, campeão olímpico em Atenas 2004, comentou que aquele título foi construído também em cima de uma estratégia polêmica: a derrota proposital para a Bulgária ainda na fase de grupos.

A revelação de Rodrigão sobre a Seleção de Bernardinho no Mundial de 2010

Durante entrevista, Rodrigão foi direto ao ponto quando questionado sobre o episódio. O central admitiu que o Brasil entregou o jogo, mas não como forma de manipulação, mas como um protesto contra o sistema de disputa criado para favorecer a Itália, anfitriã.

A gente já tinha uma noção clara do que vinha pela frente na fase seguinte. Íamos para um grupo, que já tava praticamente desenhado, com Rússia, Cuba e Brasil. Bulgária em nosso lugar. E só um passava.

Não fazia sentido ganhar aquele jogo contra a Bulgária. Era mais estratégico perder e cair em um grupo mais acessível. A culpa não é dos jogadores, e sim de quem organizou um campeonato onde valia mais a pena perder do que ganhar.

A organização ali foi feita para que o time da casa (Itália) chegasse entre os quatro. Ponto. Não vou entrar no detalhe se está certo ou errado… mas o calendário era para isso.

O bastidor com Giba e o capitão da Bulgária

Rodrigão contou que, antes do jogo contra a Bulgária, houve até conversa entre os capitães. O comandante búlgaro questionou Giba sobre como iriam para o jogo, confessando que poupariam seu levantador titular. Como resultado, o Brasil também poupou, mas não tinha reserva:

A gente tava sem o Marlon (levantador) e poupamos nosso titular (Bruninho). Jogamos com o Théo (oposto) levantando. Foi um jogo vergonhoso, totalmente atípico, mas sabíamos que aquela derrota nos levava até a final.

O regulamento e o “caminho facilitado”

Segundo Rodrigão, o formato da competição favorecia indiretamente a anfitriã Itália pela forma como a chave foi montada. Se o Brasil tivesse vencido a Bulgária, cairia em um grupo com Rússia e Cuba, correndo o risco de ficar de fora da semifinal.

Se perdessemos aquele jogo, éramos medalha de prata no mínimo. Porque, do outro lado, a gente sabia que dava conta de ganhar da Itália. E foi o que aconteceu. Na final, não sabíamos quem ia chegar (Rússia ou Cuba).

Se tivessemos vencido a Bulgária, talvez a final teria sido lá naquele grupo e se perde diriam: “Nossa, o Brasil nem chegou na final”, mas ninguém ia dizer que teríamos perdido a final antecipada.

O peso da camisa brasileira na final

Na decisão contra Cuba, a Seleção Brasileira de Bernardinho mostrou maturidade para controlar a pressão. Do outro lado estavam jovens talentos que se tornariam lendas do esporte, como Leal, Leon e Simón.

Tinhamos perdido para Cuba no primeiro jogo por 3 a 2, numa pancadaria muito grande, um jogo de altíssimo nível, no primeiro dia. Mas a final foi diferente. Impomos nossa experiência de fazer eles jogarem…

Porque jogar o primeiro jogo é fácil. Vai para o saque, dá porrada… Agora, jogar uma final… aí pesa a camisa. Pesa a qualidade dos jogadores. Tanto é que a final foi 3 a 0. Esse título foi conquistado com chave de ouro.

Brasil realmente entregou o jogo contra a Bulgária no Mundial de 2010?

Sim. Rodrigão confirmou que a Seleção perdeu de propósito, mas como parte de uma estratégia de grupo. O formato do torneio obrigava seleções a escolherem caminhos mais inteligentes para sobreviver até a decisão.

Por que o Brasil quis perder aquele jogo?

Porque vencer significaria cair em uma chave com Cuba e Rússia, duas potências da época, em um grupo onde somente um avançaria. Perder levava a um caminho mais acessível até a final.

Quem o Brasil enfrentou na final do Mundial de 2010?

A Seleção Brasileira venceu Cuba por 3 a 0, conquistando o tricampeonato mundial de vôlei masculino.

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Eric Filardi Content Coordinator

Coordenador do Esportelândia desde 2021, é jornalista pós-graduado em Jornalismo Esportivo. Autor do livro “Os Mestres do Espetáculo”, que está na biblioteca do Museu do Futebol de São Paulo. Passou por Jovem Pan, Futebol na Veia e PL Brasil.