Tricampeão de Roland Garros, líder do ranking mundial por 43 semanas e membro do Hall da Fama do Tênis, Gustavo Kuerten, conhecido como Guga, é o maior tenista brasileiro de todos os tempos. Guga deixou uma marca indelével na história do esporte, tornando-se um ídolo tanto no Brasil quanto internacionalmente. Seu carisma, além de suas conquistas, conquistou uma legião de fãs.
Infelizmente, as gerações mais novas não tiveram a oportunidade de vê-lo em ação, pois ele se aposentou em 2008.
Se você faz parte desse grupo ou simplesmente sente saudade de ver Guga jogar, junte-se a nós! Vamos compartilhar todos os detalhes da incrível trajetória de Gustavo Kuerten!
Infográfico: títulos e recordes de Gustavo Kuerten
Quem é Gustavo Kuerten?
Gustavo Kuerten, conhecido como Guga, é o maior tenista brasileiro de todos os tempos e membro do Hall da Fama do Tênis. Tricampeão de Roland Garros em 1997, 2000 e 2001, Guga alcançou a posição de número 1 do mundo por 43 semanas, atingindo o topo do ranking da ATP em 2000.
Antes de se tornar o melhor tenista do mundo, Guga já era um ídolo nacional. No entanto, ele era um desconhecido para o grande público até começar a se destacar na chave principal de Roland Garros em 1997.
Foi ali que Guga começou a conquistar uma legião de fãs no Brasil e ao redor do mundo. Mas a trajetória do tenista catarinense começou alguns anos antes.
Quando e como Gustavo Kuerten começou no tênis?
Nascido em Florianópolis em 10 de setembro de 1976, Gustavo Kuerten, conhecido como Guga, começou sua trajetória no tênis incentivado por seu pai, Aldo Kuerten. Tragicamente, Guga perdeu seu pai aos 9 anos, após um ataque cardíaco que ele sofreu durante uma partida de tênis juvenil na qual era árbitro.
Aos 14 anos, Guga conheceu Larri Passos, que se tornaria seu treinador por quase toda a carreira. Larri assumiu o papel de mentor e figura paterna para o jovem tenista. A parceria deles durou 15 anos, até que, em 2005, Guga decidiu continuar no circuito mundial viajando sozinho. Três anos depois, em 2008, ele anunciou sua aposentadoria.
Sob a orientação de Larri Passos, Guga conquistou três títulos de Roland Garros. No entanto, essa não foi sua primeira vitória no Aberto da França. Em 1994, antes de se tornar tricampeão no torneio de simples como profissional, Guga venceu o torneio de duplas masculinas juvenis de Roland Garros, ao lado do equatoriano Nicolas Lapentti.
Como profissional, Guga ajudou a equipe brasileira a chegar à primeira divisão da Copa Davis em 1996. No ano seguinte, ele se tornou o número 2 do Brasil, ficando atrás apenas de Fernando Meligeni.
Em 1997, Gustavo Kuerten escreveu seu nome na história do tênis mundial ao vencer o torneio de Roland Garros, um dos quatro Grand Slams do circuito mundial.
Antes de Guga, as maiores conquistas do tênis brasileiro eram atribuídas a Maria Esther Bueno, que chegou ao topo do ranking mundial em 1959, ainda na era amadora. Maria Esther venceu sete títulos de simples em Grand Slams, 11 em duplas e um em duplas mistas.
Títulos de Guga em Roland Garros
Guga conquistou o primeiro de seus 3 títulos em Roland Garros em 1997, dando início à mais vitoriosa carreira de um tenista brasileiro em toda a história.
Grande parte da idolatria de Guga veio com seu perfil atípico no mundo do tênis. Cabeludo, o brasileiro usava uma faixa na cabeça e roupas em amarelo e azul. Aos poucos, ele foi surpreendendo os grandes tenistas do mundo.
Nas quartas de final de Roland Garros 1997, Guga derrotou o russo Yevgeny Kafelnikov, por 3 x 2. Nas semifinais, a vitória sobre o belga Filip Dewulf foi por 3 x 1.
Já na final, Gustavo Kuerten encontrou o espanhol Sergi Bruguera, que havia conquistado Roland Garros em 1994 e 1995.
O brasileiro derrotou o bicampeão do Aberto da França com 3 x 0, sagrando-se à época o segundo tenista com o pior ranking a ser campeão de um Grand Slam.
Guga passou então a ser o 15º melhor do mundo na lista da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais).
Bicampeonato de Guga em 2000
Campeão de Roland Garros em 1997, Guga caiu na segunda rodada do ano seguinte, ao ser derrotado pelo russo Marat Safin. Já em 1999, Gustavo Kuerten foi até as quartas de final, quando perdeu para o ucraniano Andriy Medvedev por 3 x 0.
Se passasse, Guga faria uma semifinal brasileira em Paris contra Fernando Meligeni, que também foi eliminado por Medvedev. Depois de ser algoz dos brasileiros, o ucraniano perdeu a final para o norte-americano Andre Agassi.
Após dois anos sem conseguir chegar às semifinais, Guga voltou a ser campeão de Roland Garros em 2000. Assim como em seu primeiro título em Paris, o brasileiro eliminou o russo Yevgeny Kafelnikov nas quartas de final.
Depois, passou pelo espanhol Juan Carlos Ferrero nas semifinais e venceu o sueco Magnus Norman na final. O título do Grand Slam francês ajudou a levar Gustavo Kuerten ao topo do ranking mundial de tênis.
Guga tricampeão de Roland Garros
Gustavo Kuerten chegou a Paris em 2001 como atual campeão de Roland Garros e carregando também na bagagem a conquista de 1997.
Nas duas primeiras rodadas, eliminou os argentinos Guillermo Coria e Agustín Calleri. Também passou pelo marroquino Karim Alami e pelo norte-americano Michael Russell, até reencontrar Yevgeny Kafelnikov. Mais uma vez, o brasileiro derrotou o russo.
Na semifinal e na final, Guga bateu os espanhóis Juan Carlos Ferrero e Alex Corretja, sagrando-se tricampeão de Roland Garros.
Na final do Aberto da França de 2001, o triunfo de Gustavo Kuerten sobre Corretja, por 3 x 1, teve direito a um pneu (6 a 0) no quarto set.
Vitorioso, o brasileiro utilizou a raquete para desenhar um coração no saibro de Roland Garros e se deitou no centro desse coração, demonstrando todo o seu carinho e amor pelo torneio de Paris.
Em 2018, a Federação Francesa de Tênis anunciou que Guga seria o primeiro embaixador mundial de Roland Garros.
Na era aberta do tênis (iniciada em 1968, permitindo a participação de profissionais em Grand Slams), Gustavo Kuerten é o terceiro maior vencedor do Aberto da França, ao lado de Mats Wilander e Ivan Lendl.
Com três títulos, o brasileiro está atrás apenas de Rafael Nadal, 12 vezes campeão em Paris, e Bjorn Borg, dono de seis títulos.
Quantas vezes Gustavo Kuerten foi campeão na carreira?
Os três títulos em Roland Garros marcaram a carreira de Guga, mas são apenas algumas das grandes conquistas do tenista brasileiro. Ao longo de sua carreira, Gustavo Kuerten somou 28 títulos, sendo 20 em simples e oito em duplas.
Em 2000, temporada que ele encerrou como número um do mundo, Guga venceu o ATP World Tour Championships. Para chegar ao título, ele passou por dois dos melhores tenistas de todos os tempos: Pete Sampras nas semifinais, com placar de 6-7 (5-7), 6-3, 6-4, e Andre Agassi na final, com 6-4, 6-4, 6-4.
Em toda sua carreira em simples, Gustavo Kuerten venceu 358 partidas e perdeu 195. Em duplas, o histórico foi de 108 triunfos e 95 reveses. Assim, Guga totalizou 466 vitórias, contra 290 derrotas.
Segundo dados da ATP, Guga recebeu U$ 14 milhões e 807 mil em premiações até sua aposentadoria em maio de 2008. Guga foi número 1 do mundo por 43 semanas.
Guga ainda disputou os Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, além de ter representado o Brasil na Copa Davis entre 1996 e 2003 e, após uma cirurgia no quadril, entre 2005 e 2007.
Todos os títulos de Gustavo Kuerten ano a ano (Simples)
Ano | Títulos | Torneios |
2004 | 1 | Costa do Sauípe |
2003 | 2 | St. Petersburg
Auckland |
2002 | 1 | Costa do Sauípe |
2001 | 6 | ATP Masters 1000 Cincinnati
Stuttgart Roland Garros ATP Masters 1000 Monte Carlo Acapulco Buenos Aires |
2000 | 5 | Tennis Masters Cup (ATP Finals)
Indianapolis Roland Garros ATP Masters 1000 Hamburgo Santiago |
1999 | 2 | ATP Masters 1000 Roma
ATP Masters 1000 Monte Carlo |
1998 | 2 | Mallorca
Stuttgart |
1997 | 1 | Roland Garros |
Todos os títulos de Gustavo Kuerten ano a ano (Duplas)
Ano | Títulos | Torneios |
2001 | 1 | Acapulco (com Donald Johnson) |
2000 | 1 | Santiago (com Antonio Prieto) |
1999 | 1 | Adelaide (com Nicolas Lapentti) |
1998 | 1 | Gstaad (com Fernando Meligeni) |
1997 | 3 | Stuttgart (com Fernando Meligeni)
Bologna (com Fernando Meligeni) Estoril (com Fernando Meligeni) |
1996 | 1 | Santiago (com Fernando Meligeni) |
Frases famosas de Gustavo Kuerten
- “Acho fundamental incentivar as crianças desde cedo a praticar esportes, não só por uma questão de saúde, mas também pelo desenvolvimento do raciocínio, da aprendizagem. O esporte também é essencial para a educação”
- “Nas minhas primeiras raquetadas, em Florianópolis, eu era um garoto desengonçado, meio sem jeito para o esporte; precisei sair para o mundo para arriscar a sorte”
- “O sentimento de compartilhar a vida de outros atletas é uma coisa abstrata, mas bem legal. Em grupo, a vitória parece ser maior, e a derrota, mais dolorida”
- “Se precisar jogar sem camisa e pintar a bandeira do Brasil no peito, não tem problema”
- “O que me conforta bastante é a sensação de dever cumprido. Eu me entreguei para o esporte de corpo e alma. Fiz tudo que podia e ele me devolveu ainda mais”
- “O tênis sempre me proporcionou muito mais do que eu esperei. E agora eu pretendo retribuir ao tênis tudo que ele trouxe a minha vida”
- “Sempre quando eu tiver ao lado da quadra vai dar saudade. E isso que eu acho bom porque prova que o que eu vivi foi de verdade”
- “Cada dia a gente tem sonhos novos. Quanto mais você conquista as coisas, vai sonhando mais. Sonho em estar feliz sempre, com muita saúde para todos e de estar sempre curtindo as coisas que faço”
- “Todo mundo pensa que eu perdi um pai, quando o meu pai morreu, mas na verdade eu ganhei mais três, porque sei que ele está olhando lá de cima. O Larri, meu irmão Rafael e a minha mãe, são os meus outros três pais e ao lado de todos os pais do Brasil merecem esse título”
- “Tem uns 14 anos que sinto dores sem parar, um dia atrás do outro”
- “Quando era criança e comecei a jogar tênis, jamais imaginei que poderia ganhar um título de Grand Slam, chegar a Master e, muito menos, sair da competição como o número 1”
- “Fui número 1, mas não vivi como tal. Segui curtindo como um cara normal. Sabia que dali a pouco viria outro. Um dia ia acabar”
O que é o Instituto Guga Kuerten?
Com a intenção de homenagear seu irmão Guilherme, que sofreu danos cerebrais durante o parto e contraiu paralisia cerebral, Gustavo Kuerten fundou o Instituto Guga Kuerten em 2000.
A instituição se dedica à inclusão social para crianças, adolescentes e pessoas com deficiência, fornecendo oportunidades de desenvolvimento, esportes e educação.
Qual é o livro de Gustavo Kuerten?
Longe das quadras de tênis, Gustavo Kuerten contou sua história no livro “Guga, um brasileiro”.
Em sua autobiografia, Guga relata todas as dificuldades que passou desde a infância, com tragédias familiares, e como o apoio da família e de seu treinador Larri Passos o ajudaram a conquistar o tricampeonato de Roland Garros.
Hoje membro do hall da fama do tênis, Guga é um exemplo a todos nós de que o sucesso pode ser conquistado sem perder o carisma e a simpatia.
Por fim, após essa história, confira as de outros grandes nomes do tênis:
- Novak Djokovic: história, títulos, recordes e maiores rivais
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Marcelo Cartaxo é jornalista, redator e repórter no Esportelandia, um dos maiores sites olímpicos do Brasil. Com passagens por Futebol na Veia, Premier League Brasil, Minha Torcida, Quinto Quarto e ShaftScore, adquiriu experiências que hoje somam na equipe de redação do site.