Poucos brasileiros podem dizer que venceram dois dos maiores tenistas da história. O brasileiro Júlio Silva é um desses raros nomes.
Ex-número 144 do mundo, Julinho derrotou Novak Djokovic e Andy Murray ainda no início das carreiras dos astros. Mas a história por trás dessas vitórias é tão incrível quanto o feito em si.
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A trajetória de um gigante silencioso do tênis brasileiro que derrotou Djokovic e Murray
Em uma época em que poucos brasileiros conseguiam furar o top 200 do mundo, Júlio Silva ia além. Com talento, garra e superação, ele alcançou feitos históricos — sem holofotes, mas com muita dignidade.
O paulista se profissionalizou em 1999 e logo começou a frequentar o circuito de Futures e Challengers. Em 2005, já entre os 200 melhores do mundo, Júlio era visto como uma promessa para o top 100. Mas o mundo nem imagina como foi que ele venceu Novak Djokovic.
Eu tinha que ganhar. Eu não tinha dinheiro nem para pagar o hotel na Suíça. Dormi na estação de trem.
A inacreditável vitória de Júlio Silva sobre Novak Djokovic
O ano era 2004. Júlio estava na Europa, sem grana para hotel e com um jogo marcado no Challenger de Reggio Emilia, na Itália.
A gente pegou um trem lá de Braunschweig (Alemanha) e tinha que chegar até Milão para pegar outro trem até Reggio Emilia. Só que, quando chegou na Suíça, tava em greve.
Aí eu e meu treinador começamos a procurar hotel, mas na Suíça era tudo muito caro — tipo, 300 euros, 200 dólares a diária. Eu falei: ‘Putz, uma noite? Não vou pagar isso aí’.
Aí ele falou: ‘Meu, dorme na estação que eu fico cuidando das malas’. Como tava em greve, só no dia seguinte os trens iam voltar a funcionar. No outro dia, peguei o trem chegamos em Reggio Emilia, ganhei meu jogo, ele ganhou o dele e nos encontramos no quali.
Aí eu fui perguntar: ‘Quem que é esse moleque aí?’. Me falaram: ‘Meu, esse moleque é a sensação da Europa. Djokovic. Acabou de ganhar um Challenger semana passada!’. Não acreditei. Já tava sem grana para pagar hotel, precisava ganhar o jogo sim ou sim, né? E aí eu falei: ‘Putz, justo contra esse moleque?
Fiquei pensando: ‘Caraca, velho, não é possível… Se eu perder esse jogo aqui, não tenho dinheiro nem pra pagar o hotel’. E ainda bem que joguei demais da conta! Ganhei dele 6-4, 6-3.
Ele também venceu Andy Murray
No ano seguinte, em 2005, o cenário se repetiu. Desta vez no Challenger de Nápoles, o jovem Andy Murray, com apenas 18 anos, era considerado um prodígio do tênis britânico.
E mais uma vez, Júlio Silva venceu. Com personalidade, técnica e a mesma calma de quem já dormiu em estação de trem por falta de dinheiro.
Ranking, carreira e reconhecimento de Júlio Silva
Júlio Silva teve sua melhor fase entre 2009 e 2011. Chegou a ser o terceiro melhor tenista brasileiro em atividade, atrás apenas de Thomaz Bellucci e Marcos Daniel.
- Melhor ranking de simples: 144° do mundo (16 de novembro de 2009)
- Melhor ranking em duplas: 132° (28 de setembro de 2009)
Jogou Roland Garros, furou o quali do US Open e venceu o Challenger de Belo Horizonte em 2011. Um verdadeiro guerreiro.
Júlio Silva ainda está no tênis?
Sim, e como! Hoje ele atua como técnico e referência na formação de novos talentos. Seu perfil no Instagram, @juliosilvatenis, mostra treinos, dicas e muita história boa.
Djokovic e Murray lembram dessas derrotas?
É claro que, com carreiras tão recheadas de títulos, eles talvez não mencionem essas derrotas. Mas os registros estão lá. E a história também.
Quantos brasileiros venceram Djokovic e Andy Murray?
Até hoje, pouquíssimos brasileiros venceram Novak Djokovic e Andy Murray. Júlio Silva é um dos primeiros da lista. Além dele, Thomaz Bellucci chegou a derrotar Murray e dar um pneu em Djoko, mas perdendo de virada.
Chico Costa foi o primeiro tenista a aplicar um pneu em Djokovic, embora também derrotado. Guga chegou a vencer Djokovic em um torneio de exibição, o qual não valia muita coisa.
Onde Júlio Silva mora atualmente?
Júlio Silva vive em São Paulo, onde também comanda suas atividades como treinador e mentor esportivo.
Júlio Silva já venceu torneios ATP?
Não. Seus principais títulos foram em Challengers e Futures, mas com vitórias marcantes contra adversários de peso e participações em Grand Slams.
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