O presidente da CbSurfe, Teco Padaratz, foi o convidado da vez no podcast Surfe 360°, que tem os jornalistas Thiago Blum e Mauricio Ferreira Jr como apresentadores. Dentre muitos assuntos comentados no episódio, o ex-surfista e bicampeão mundial do WQS comentou sobre a escolha de Teahupoo, no Taiti, para ser sede dos próximos Jogos Olímpicos.

De acordo com Teco, a escolha pelas ondas da chamada ‘praia dos crânios quebrados’ para receber os Jogos Olímpicos em 2024, possui suas vantagens e desvantagens. Do ponto de vista positivo, Teahupoo é bastante atrativa na questão econômica por trazer patrocínio, por exemplo.

Entretanto, Teco analisou que o local é bastante perigoso e com muitos acidentes. Além disso, se preocupa com surfistas que não possuem nenhum tipo de experiência no local.

Tem dois lados, um positivo e um negativo. O positivo é que o nome de Teahupoo e do Taiti faz vender muito patrocínio, todo mundo quer assistir, a onda é muito impressionante. Só que as Olimpíadas, a gente sabe, por tradição, tem que olhar para o lado da integridade física de seus atletas. Eu acho extremamente perigoso. 

[…] Já teve inúmeros acidentes com pessoas que treinam lá assiduamente, imagina como vai ser pra surfista feminina de Israel que nunca esteve lá. Não quero criar nenhum preconceito com Israel, mas estou querendo pensar na segurança física daqueles surfistas que nunca lá estiveram. 

[…] Se aquilo já é desafiante a vida inteira para quem está tentando chegar lá, imagina para quem nunca imaginou que ia chegar lá.

Além disso, o presidente da CBSurf também citou o fato de já ter surfado a onda antes e de que seu irmão, Neco Padaratz, quase faleceu no local. Na ocasião, em 2000, quando o surfista disputava sua bateria e ficou preso nos corais de Teahupoo. Por sorte, conseguiu sair com vida.

Tentei fazer uma manobra na junção e caí. Tomei uma onda na cabeça que me arrastou para as fendas entre os corais e fiquei com as pernas e a cordinha trancadas. Depois que passou a série, vi a claridade perto de mim, como se eu tivesse perto da superfície, mas não conseguia sair”, afirmou Neco.

Após o incidente, o surfista teve um verdadeiro trauma das ondas de Teahupoo e até chegou e encaminhar uma carta para WSL desistindo da etapa e afirmando que ainda possuía trauma provocado pelo acidente.

Depois disso, só voltou a disputar a etapa no Taiti em 2005, onde conseguiu tirar um 10 em sua bateria. O fato é lembrado por seu irmão no podcast:

Eu já entrei lá, eu sei o que é aquela onda, já tomei porrada, já fui parar nos corais, meu irmão quase morreu lá. E ele tem um nível casca grossa, tanto que depois de um trauma, a primeira onda foi um 10. 

[…] Eu me preocupo muito com atletas inexperientes naquela onda, acho uma imprudência.

Confira agora o episódio completo da conversa com Teco Padaratz:

Gabriel Queiroz

Nascido em São Luís do Maranhão, com formação em jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB). Amante dos esportes e da escrita.