Não estamos muito acostumados a ver brasileiros na NFL, mas que eles estão lá, estão. São poucos, claro. Natural para um país em que a popularidade do futebol americano só não é mais recente que sua prática competitiva.
Mas são esses casos, essas histórias que deixam a liga e o esporte todo ainda mais divertidos de se acompanhar e se torcer.
Entre os brasileiros na NFL, há um judoca que saiu da fazenda para proteger uma das melhores personalidades do campeonato e um boleiro que fez história em sua temporada como jogador universitário.
As trajetórias, as carreiras e os desempenhos dos nossos representantes na mais rentável liga esportiva do mundo você confere no texto abaixo.
Damian Medeiros da Silva Vaughn: 1º brasileiro na NFL
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De fato, Damian Medeiros da Silva Vaughn foi o primeiro jogador brasileiro da NFL. Ele atuou como tight end pelo Cincinnati Bengals de 1998 a 2000 e pelo Tampa Bay Buccaneers de 2001 a 2002.
Vaughn nasceu em Anchorage, Alasca, filho de um pai americano e uma mãe brasileira. Quando ele tinha seis meses, sua família mudou-se para Divinópolis, Minas Gerais, antes de retornar aos Estados Unidos, onde estudou espanhol na Orrville High School e negócios internacionais na Miami University em Ohio.
Atualmente aposentado, Vaughn estabeleceu o Vaughn Center em Scottsdale, Arizona, que oferece meditação e treinamento de liderança para atletas.
Ele também prosseguiu com sua educação, estudando Neurociência Cognitiva, Consciência e Neurobiologia Interpessoal em várias instituições, incluindo a Claremont Graduate University, onde está realizando seu doutorado em psicologia positiva.
Cairo Santos: o primeiro brasileiro nato na NFL
O primeiro dos brasileiros na NFL foi Cairo Santos. O kicker estreou em 2014 no Kansas City Chiefs, franquia pela qual atuou até 2017.
Nesse período, participou de 51 jogos da temporada regular. Seus percentuais de aproveitamento de field goals sempre ficaram acima dos 80% e nos extra points no mínimo 92%.
Esteve também em três partidas de pós-temporada entre 2015 e 2016 e acertou absolutamente todos seus chutes de pontuação. De 2017 em diante conviveu com lesões e problemas extra campo.
Pulou entre Chicago Bears, Los Angeles Rams, Tampa Bay Buccaneers e Tenessee Titans e não chegou a fazer vinte jogos. Sua média de FG caiu bastante, só chutando acima dos 80% nas duas partidas que atuou pelo Rams.
Em 2020, foi contratado mais uma vez pelo Chicago Bears, numa muito bem-vinda segunda chance na carreira e no time.
A temporada perfeita de Cairo Santos no College
A trajetória de Cairo Santos até a NFL não é lá muito diferente de um jogador profissional estadunidense. O brasileiro jogou pelo time da Universidade de Tulane, no estado de Nova Orleans, mas não foi draftado.
A sua ausência nas listas de escolha das franquias foi um tanto surpreendente. Dois anos antes do draft de 2014, Cairo fez uma temporada perfeita. O brasileiro acertou todos os 24 field goals, um deles, de 57 jardas, bateu o recorde de distância da sua Universidade.
O ótimo ano de 2012 rendeu o Lou Grouza Award, que premia o melhor kicker da temporada da NCAA. De qualquer maneira, em 2014 Cairo Assinou com o Kansas City Chiefs. Lá, bateu o recorde da franquia de aproveitamento de chutes e de field goals feitos numa única partida.
Duzão: o judoca que foi o primeiro dos brasileiros na NFL a chegar através do FABR
Durval Queiroz Neto alcançou outra marca histórica. Foi o primeiro jogador brasileiro de linha a estar num time da NFL. Duzão, como é chamado por aqui — nos EUA sua camisa é estampada com o sobrenome Queiroz —, foi contratado pelo Miami Dolphins em 2019.
Originalmente um Defensive Tackle, o brasileiro alterou sua posição para um Guard após alguns meses de treinos no Dolphins. Se antes seu objetivo era derrubar os quarterbacks adversários, sua missão agora é proteger o lançador do seu próprio time.
Na franquia de Miami, as jogadas são armadas pelo jovem Tua Tagovailoa, quinta escolha do Draft de 2020, e pelo veterano Ryan Fitzpatrick, eleito a quarta melhor personalidade da NFL em 2020.
Duzão ainda não entrou em campo em partidas oficiais. Na metade de 2019, foi realocado para a Practice Squad do Dolphins, uma espécie de equipe B para os atletas se desenvolverem enquanto esperam uma oportunidade. Ainda assim, as perspectivas são boas: em 2020, o jogador teve seu contrato renovado.
A descoberta de Duzão no NFL Undiscovered
O caminho de Duzão para a NFL foi um pouco mais longo. Lutador de judô na juventude, tendo vencido algumas edições do Campeonato Brasileiro de Juniores, o atleta se aproximou do futebol americano um pouco antes de começar a cursar engenharia agrônoma.
Não só seu porte físico era vantajoso como ele parecia ter jeito para a coisa. Em 2011, chegou a receber uma proposta para cursar o último ano do colegial nos EUA e tentar o caminho da NFL via NCAA.
Duzão fez a faculdade por aqui mesmo. Só que o sonho de cuidar da fazenda do pai acabou substituído por tornar-se jogador profissional de futebol americano. A rota foi um tanto tortuosa, mas bem-sucedida.
Em 2017, atuou pela Seleção Brasileira; em 2018, começou a receber seu primeiro salário, cerca de 65 vezes menor do que o recebido semanalmente na NFL.
Em 2019, o sonho: por meio do NFL Undiscovered, programa de garimpo de talentos internacionais para a Liga, foi selecionado e contratado pelo Miami Dolphins.
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Os brasileiros na NFL que bateram na trave
Os caminhos de Duzão e Cairo Santos são bastante diferentes, mas há uma coisa em comum: a raridade. A concorrência para uma vaga na NFL é enorme já entre americanos. Para atletas de lugares de pouca tradição no futebol americano, maior ainda.
Que o diga o Offensive Lineman Otávio Amorim, que passou pelo mesmo processo de Duzão no NFL Undiscovered 2020, mas não conseguiu um contrato na Liga.
O ex-jogador do Timbó Rex, chegou a passar pelo combine, série de rigorosos testes físicos e psicológicos, mas não bateu a concorrência na fase final.
Mais perto ainda chegou o kicker Maikon Bonani, que em 2013 assinou contrato com o Tenessee Titans, foi dispensado e contratado novamente em 2014. Infelizmente, não chegou a fazer nenhum jogo oficial, atuando somente na pré-temporada.
Giacomini, Blankeship e os filhos de brasileiros na NFL
O maior sucesso do Brasil na NFL é de Breno Giacomini. Filho de mineiros de Governador Valadares, mas nascido e criado em Cambridge, Massachusetts, o jogador foi campeão da NFC e do Super Bowl em 2014, jogando pelo Seattle Seahawks.
Transitando entre um Offensive Tackle e um Right Tackle, Breno foi draftado pelo Green Bay Packers em 2008 e teve maior destaque jogando pelo New York Jets, onde foi titular absoluto por duas temporadas.
A última franquia pela qual atuou foi o Houston Texans, em 2017. Chegou a ser contratado pelo Oakland Raiders em 2018, mas ficou somente na Practice Squad.
Quem agora segue seus passos é o kicker Rodrigo Blankeship, filho de uma brasileira. Formado da Universidade de Georgetown, onde também recebeu o troféu Lou Grouza, Rodrigo foi contratado pelo Indianapolis Colts em 2020 após um período no mercado de não-draftados.
Nascido e criado em Marietta, Geórgia, o kicker ficou com a vaga do veterano Adam Vinatieri. Para isso, teve de vencer a concorrência do experiente Chase McLaughlin.
Próximos brasileiros na NFL
Cairo Santos se tornou referência para muitos brasileiros. De fato, é o mais popular. O aumento de fãs da NFL não para e a tendência é seguir assim, visto que outros representantes do Brasil podem jogar na liga em breve.
Sem dúvidas que o mais badalado é Davi Belfort, filho de Vitor Belfort. Davi já carrega uma atenção por ser filho de uma lenda do MMA, no entanto, sua posição também é de destaque na modalidade.
Davi Belfort joga como QB (quarterback), mesma posição que gigantes do calibre de Tom Brady atuaram.
Davi está no High School, mas já fechou com a universidade Virginia Tech. A saber, termina o ensino médio em 2024 e parte para faculdade, onde disputará o College Football, última etapa antes de chegar à NFL.
Da mesma maneira, Davi não está sozinho. Outros dois brasileiros são cotados para vestirem uniformes das equipes da NFL. Os Kickers João Lima e Thiago Kapps.
João está na Alderson Broaddus University, pertencente à Divisão 2 da NCAA.
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E Thiago Kapps, cujo desempenho na Divisão 1 da NCAA, especificamente no College Football, tem chamado a atenção de alguns analistas, se tornando outro prospecto brasileiro.
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