O revezamento 4×100 é uma das únicas provas coletivas do atletismo. Isso a faz ser completamente diferente de todas as outras do esporte, que só ganha com essa dinâmica.
Além da potência física, da concentração e do treinamento, o 4×100 exige entrosamento e estratégia — trabalho em equipe, enfim. Por isso mesmo, tem um cenário relativamente diferente das corridas individuais. No mínimo reserva algumas surpresas de tempos em tempo. O Brasil que o diga.
No texto a seguir, reunimos as principais informações do revezamento 4×100. História, regras, recordes, enfim, tudo o que você precisa saber sobre esta nobre e centenária prova do atletismo.
O que você vai conferir neste post:
História do Revezamento 4×100
A história do revezamento 4×100 une Grécia e Estados Unidos, deuses e bombeiros. A tradição de uma prova coletiva de velocidade vem da antiguidade do país europeu, enquanto o modelo moderno da competição é traçado dos profissionais norte-amerocanos de combate ao fogo.
Nos “Jogos Panatenaicos” da Grécia Antiga, que homenageavam os deuses a partir de demonstrações atléticas, Prometeu — aquele que, segundo a mitologia, levou o fogo aos homens — era louvado com uma prova de revezamento de tochas, que deveriam ser levadas a uma pira com o seu nome. O fogo, claro, não podia se apagar.
Séculos depois — nos anos 1880, para ser mais exato —, a prova tomou, digamos, o caminho contrário. Protagonizadas por bombeiros nova-iorquinos, as competições revezavam corredores a cada 300 metros, que passavam bandeiras vermelhas ao fim de cada trajeto.
A competição foi um sucesso e em 1883 já aparece o primeiro registro oficial da prova em Berkeley, na Califórnia. Não tardou muito e o revezamento 4×100 foi parar nas Olimpíadas.
Primeiro em 1908, num revezamento de 1600 metros que dividia a pista em trajetos de 800, 400 e 200 metros. Em 1912 enfim, nos Jogos de Estocolmo, a prova surge com a sua configuração atual e consolidada.
História do Brasil no revezamento 4×100
O revezamento 4×100 sempre foi dominado por países norte-americanos. Primeiro pelos Estados Unidos, que detém o recorde mundial e olímpico no feminino, e depois pela Jamaica, cuja equipe masculina é dona de ambas as melhores marcas olímpica e mundial.
Considerando a história centenária do esporte, o Brasil tem uma tradição apenas recente no revezamento 4×100 masculino. Começa de vez em 1996, com a conquista do bronze por Arnaldo de Oliveira, Robson Caetano, Edson Luciano e André Domingos.
As medalhas olímpicas brasileiras na prova são:
- Prata – Claudinei Quirino, Vicente Lenílson, André Domingos e Edson Luciano Ribeiro (2000)
- Bronze – Arnaldo de Oliveira, Robson Caetano, Edson Luciano e André Domingos (1996)
- Bronze – Bruno Lins, José Carlos Moreira, Sandro Viana e Vicente Lenílson (2008)
Brasil campeão mundial no revezamento 4×100
O ponto alto da história recente do Brasil no revezamento 4×100 foi o título mundial conquistado em 2019.
A equipe formada por Rodrigo Nascimento, Derick Silva, Jorge Vides, Paulo André — umas das chances de medalha do Brasil em Tóquio — bateu 37.72s no Khalifa International Stadium, em Doha, no Catar. O tempo é inclusive o recorde sul-americano.
No feminino, a prova ainda carece de maiores desenvolvimentos. O recorde sul-americano, ao menos, é brasileiro: Evelyn dos Santos, Ana Cláudia Silva, Franciela Krasucki, Rosângela Santos fizeram 42.29s no Mundial de Atletismo em 2013, na Rússia.
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Regras do revezamento 4×100
As regras do revezamento 4×100 são relativamente simples. A sua execução perfeita que representa um desafio maior. Elas falam basicamente sobre três questões: o número de participantes, a largada e a passagem.
São nove equipes por prova, formadas, claro, por quatro corredores. Estes percorrem, em sequência, 100 metros cada, contato que a passagem do bastão seja feita corretamente — e que a largada não seja queimada.
A largada tem as regras tradicionais das provas de corrida do atletismo, com três comandos. O primeiro é “Às suas marcas”, com os competidores iniciais e cada equipe se posicionando na plataforma de sua raia.
O comando seguinte é “Prontos”, em que os corredores devem ficar na postura correta dentro da plataforma, com as mãos atrás das linhas e os pés apoiados corretamente. O terceiro comando é um aviso sonoro igual ao de um tiro, que identifica a largada.
A última regra do revezamento 4×100 é a da passagem do bastão, que deve ser feita da maneira correta e dentro da área certa, a zona de passagem. A corrida do membro seguinte da equipe só é válida com o bastão na mão.
Se o bastão cai durante a passagem, o corredor que segurava anteriormente o bastão deve voltar à zona de passagem e repetir o movimento para o companheiro.
O que é zona de passagem no revezamento 4×100?
A zona de passagem no revezamento 4×100 é a área dentro da pista de corrida em que o bastão é passado de um membro da equipe para outro. Mede 20 metros, começando na marca dos 90 metros do corredor anterior e terminando na marca dos 10 metros do seguinte.
Ela é assim demarcada para a execução correta da passagem do bastão: o corredor que receberá o bastão dispara no início da zona e recebe ele antes do fim dela.
Os competidores do trecho 1 e 3 devem carregar o bastão na mão direita, enquanto os dos trechos 2 e 4, na esquerda.
Qual é o tamanho do bastão numa corrida de revezamento?
O tamanho do bastão numa corrida de revezamento é de 30 cm de comprimento. O formato é de um cilindro oco, que pode ser feito de madeira, metal ou outro material rígido sintético.
Quais os tipos de passagem no revezamento 4×100?
Existem três tipos de passagem no revezamento 4×100, mas todas elas devem ser feitas com uma única técnica. Nela, o bastão deve ser entregue de baixo para cima.
Aquele que passa o bastão deve erguer o braço, enquanto o que recebe deve mantê-lo esticado para trás com a palma aberta e o polegar apontando para dentro. O que muda em cada tipo de passagem é a orientação dos corpos e das mãos*:
- Primeira passagem: da mão direita de quem passa para a esquerda de quem recebe; o corredor 1 fica à esquerda da raia, enquanto o 2 fica à direita.
- Segunda passagem: da mão esquerda de quem passa para a direita de quem recebe; o corredor 2 fica à direita da raia e o 3 à esquerda.
- Terceira passagem: da mão direita de quem passa para a esquerda de quem recebe; o corredor 3 fica à esquerda da raia e o 4, que disparava até a marca final, fica a à direita.
*A orientação usada para direita e esquerda é a dos corredores.
Recorde mundial do revezamento 4×100
- Feminino: EUA/2012 (Tianna Madison, Allyson Felix, Bianca Knight, Carmelita Jeter) 40.82s
- Masculino: Jamaica/2012 (Nesta Carter, Michael Frater, Yohan Blake, Usain Bolt) – 36.84s
Recorde olímpico do revezamento 4×100
- Feminino: EUA/2012 (Tianna Madison, Allyson Felix, Bianca Knight, Carmelita Jeter) 40.82s
- Masculino: Jamaica/2012 (Nesta Carter, Michael Frater, Yohan Blake, Usain Bolt) – 36.84s
Recorde Sul-americano do revezamento 4×100
- Feminino: Brasil/2013 (Evelyn dos Santos, Ana Cláudia Silva, Franciela Krasucki, Rosângela Santos) – 42.29s
- Masculino: Brasil/2019 (Rodrigo Nascimento, Derick Silva, Jorge Vides, Paulo André) – 37.72s
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Jornalista formado pela UNESP, foi repórter da Revista PLACAR. Cobriu NBB, Superliga de Vôlei, A1 (Feminino), A2 e A3 (Masculino) do Campeonato Paulista e outras competições de base na cidade de São Paulo. Fanático por esportes e pelas histórias que neles acontecem, dos atletas aos torcedores.