O revezamento 4×100 se destaca no atletismo como uma prova coletiva verdadeiramente única, sendo notavelmente diferente de outras competições esportivas devido à sua natureza especial.
Além de demandar força física, foco e treinamento, o 4×100 requer uma excelente coordenação e uma estratégia bem definida, fazendo dele uma tarefa coletiva essencialmente colaborativa.
Com o andamento da Olimpíada de Paris 2024, reunimos as principais informações sobre o revezamento 4×100, incluindo sua história, regras, recordes e tudo o que você precisa saber!
História do Revezamento 4×100
A trajetória do revezamento 4×100 liga a antiga Grécia aos Estados Unidos, associando a tradicional corrida de velocidade com a antiguidade grega e a prática moderna dos profissionais de combate a incêndios.
Nos Jogos Panatenaicos da Grécia Antiga, que homenageavam os deuses com competições atléticas, Prometeu, o titã que segundo a lenda trouxe o fogo para os humanos, era celebrado com uma corrida de revezamento de tochas.
Essas tochas deveriam ser levadas até uma pira dedicada a Prometeu, onde o fogo precisava permanecer aceso durante todo o percurso.
No final do século XIX, a prova assumiu um novo modelo. Sob a coordenação de bombeiros de Nova York, a competição envolvia a troca de corredores a cada 300 metros, com a passagem de bandeiras vermelhas no final de cada trecho.
A competição ganhou popularidade, e em 1883, ocorreu o primeiro registro oficial do evento em Berkeley, na Califórnia. Pouco depois, o revezamento 4×100 foi incorporado ao programa das Olimpíadas.
O evento estreou oficialmente em 1908, com uma corrida de 1600 metros que dividia a pista em distâncias de 800, 400 e 200 metros. Todavia, somente em 1912, durante a Olimpíada de Estocolmo, a prova assumiu a forma tradicional que conhecemos hoje.
História do Brasil no revezamento 4×100
A supremacia no revezamento 4×100 sempre foi dominada pelos países americanos, começando pelos Estados Unidos, que possuem os recordes mundiais e olímpicos na categoria feminina. Mais recentemente, a Jamaica conquistou destaque, com sua equipe masculina detendo os recordes olímpico e mundial.
Ao considerar a extensa história do esporte, o Brasil tem uma trajetória relativamente nova no revezamento 4×100 masculino. A participação relevante do país começou em 1996, quando Arnaldo de Oliveira, Robson Caetano, Edson Luciano e André Domingos ganharam a medalha de bronze.
As medalhas olímpicas brasileiras na prova masculina são:
- Prata – Claudinei Quirino, Vicente Lenílson, André Domingos e Edson Luciano Ribeiro (2000)
- Bronze – Arnaldo de Oliveira, Robson Caetano, Edson Luciano e André Domingos (1996)
- Bronze – Bruno Lins, José Carlos Moreira, Sandro Viana e Vicente Lenílson (2008)
As medalhas femininas são:
- Bronze – Rosemar Coelho Neto, Lucimar de Moura, Thaissa Presti e Rosângela Santos (2008)
Recorde Sul-Americano no revezamento 4×100
O Brasil viveu seu ponto mais alto na história do revezamento 4×100 em 2019. Brilhando no Campeonato Mundial de Atletismo de Doha, Rodrigo Nascimento, Derick Silva, Jorge Vides e Paulo André fizeram o tempo de 37.72s, terminando em 4º lugar na final.
Na ocasião, além de conquistar a vaga para a Olimpíada de Tóquio 2020, a Seleção Brasileira bateu o recorde sul-americano.
Regras do revezamento 4×100
As regras do revezamento 4×100 são relativamente simples. A sua execução perfeita que representa um desafio maior. Elas falam basicamente sobre três questões: o número de participantes, a largada e a passagem.
São nove equipes por prova, formadas, claro, por quatro corredores. Estes percorrem, em sequência, 100 metros cada, contato que a passagem do bastão seja feita corretamente — e que a largada não seja queimada.
A largada tem as regras tradicionais das provas de corrida do atletismo, com três comandos. O primeiro é “Às suas marcas”, com os competidores iniciais e cada equipe se posicionando na plataforma de sua raia.
O comando seguinte é “Prontos”, em que os corredores devem ficar na postura correta dentro da plataforma, com as mãos atrás das linhas e os pés apoiados corretamente. O terceiro comando é um aviso sonoro igual ao de um tiro, que identifica a largada.
A última regra do revezamento 4×100 é a da passagem do bastão, que deve ser feita da maneira correta e dentro da área certa, a zona de passagem. A corrida do membro seguinte da equipe só é válida com o bastão na mão.
Se o bastão cai durante a passagem, o corredor que segurava anteriormente o bastão deve voltar à zona de passagem e repetir o movimento para o companheiro.
O que é zona de passagem no revezamento 4×100?
A zona de troca no revezamento 4×100 é a área da pista onde o bastão é transferido de um corredor para o outro. Com 20 metros de comprimento, ela se estende da marca dos 90 metros do corredor anterior até a marca dos 10 metros do corredor seguinte.
Essa zona é marcada para garantir a troca correta do bastão: o corredor que receberá o bastão inicia sua corrida no começo da zona e deve recebê-lo antes de sair dela. Os corredores dos trechos 1 e 3 devem segurar o bastão na mão direita, enquanto os dos trechos 2 e 4, na mão esquerda.
Qual é o tamanho do bastão numa corrida de revezamento?
Em uma corrida de revezamento, o bastão tem 30 cm de comprimento e seu formato é cilíndrico e oco. Pode ser confeccionado de madeira, metal ou outro material rígido sintético.
Quais os tipos de passagem no revezamento 4×100?
Existem três tipos de passagem no revezamento 4×100, mas todas elas devem ser feitas com uma única técnica. Nela, o bastão deve ser entregue de baixo para cima.
Aquele que passa o bastão deve erguer o braço, enquanto o que recebe deve mantê-lo esticado para trás com a palma aberta e o polegar apontando para dentro. O que muda em cada tipo de passagem é a orientação dos corpos e das mãos*:
- Primeira passagem: da mão direita de quem passa para a esquerda de quem recebe; o corredor 1 fica à esquerda da raia, enquanto o 2 fica à direita.
- Segunda passagem: da mão esquerda de quem passa para a direita de quem recebe; o corredor 2 fica à direita da raia e o 3 à esquerda.
- Terceira passagem: da mão direita de quem passa para a esquerda de quem recebe; o corredor 3 fica à esquerda da raia e o 4, que disparava até a marca final, fica à direita.
*A orientação usada para direita e esquerda é a dos corredores.
Recorde mundial do revezamento 4×100
- Feminino: EUA/2012 (Tianna Madison, Allyson Felix, Bianca Knight, Carmelita Jeter) 40.82s
- Masculino: Jamaica/2012 (Nesta Carter, Michael Frater, Yohan Blake, Usain Bolt) – 36.84s
Recorde olímpico do revezamento 4×100
- Feminino: EUA/2012 (Tianna Madison, Allyson Felix, Bianca Knight e Carmelita Jeter) 40.82s
- Masculino: Jamaica/2012 (Nesta Carter, Michael Frater, Yohan Blake e Usain Bolt) – 36.84s
Recorde Sul-americano do revezamento 4×100
- Feminino: Brasil/2013 (Evelyn dos Santos, Ana Cláudia Silva, Franciela Krasucki e Rosângela Santos) – 42.29s
- Masculino: Brasil/2019 (Rodrigo Nascimento, Derick Silva, Jorge Vides e Paulo André) – 37.72s
Depois de conhecer tudo sobre o revezamento 4×100, aproveite para se aprofundar no atletismo brasileiro:
- Paulo André: biografia e medalhas do velocista brasileiro
- Os atletas militares do Brasil e porque prestam continência
- Darlan Romani: biografia e recordes no arremesso de peso
- Maiores velocistas do mundo: os 10 melhores da história
- Confira as principais chances de medalha do Brasil em Tóquio