O contato no futebol americano é tão intenso que pode causar lesões cerebrais, como foi retratado no filme baseado em fatos reais “Um homem entre gigantes”. Não é à toa que o esporte da bola oval, normalmente, é associado a lances violentos.

Entretanto, apesar desse estigma, há um grupo cada vez maior de mulheres esquecendo os preconceitos quanto a fragilidade e delicadeza e abrindo espaço para o futebol americano feminino num mundo que antes era restrito aos homens.

Assim como um grande público briga pelo crescimento do “soccer” disputado entre mulheres e o desenvolvimento de campeonatos femininos como a Copa do Mundo de futebol, há um volume cada vez maior de entusiastas e jogadoras do Futebol Americano Feminino.

A modalidade na versão entre mulheres já tem Campeonato Brasileiro desde 2014 e o Mundial de Futebol Americano tem visto o aumento de participantes a cada edição.

Se você ainda não está por dentro do crescimento do futebol americano, não tem problema. Nós vamos te contar todos os detalhes do desenvolvimento do esporte entre as mulheres!

Infográfico: história do futebol americano feminino

Infográfico história do futebol americano feminino

História do Futebol Americano Feminino

Não há um registro claro do momento exato em que uma uma mulher começou a praticar o esporte tal qual os homens, mas há fatos históricos que mostram como foi desenvolvida essa história. Como era de se imaginar, ela começou nos Estados Unidos.

Em 1926, um time de futebol americano na cidade de Filadélfia, nos Estados Unidos, chamado Frankford Yellow Jackets, contratou equipes femininas com o objetivo de fazer algumas apresentações nos intervalos dos jogos masculinos.

No entanto, esse foi um episódio isolado. As primeiras ligas surgiram somente 40 anos depois.

Surgimento da primeira liga de futebol americano feminino

Em 1965, em Cleveland, Ohio, um agente de talentos chamado Sid Friedman iniciou uma liga de futebol americano feminina com o nome de Women's Professional Football League.

Inicialmente, somente um time de Cleveland e outro de Akron, também em Ohio, participavam. Mas, com o tempo, equipes de outras localidades se juntaram à liga.

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Primeiras jogadoras de futebol americano feminino em destaque

No início da década de 1970, o Orlando Panthers, um time semi-profissional, entrou para a história do futebol americano ao promover a estreia da primeira mulher em uma equipe masculina. O nome dela era Patricia Barzi Palinkas.

Patricia Palinkas era holder — jogador responsável por receber o snap em tentativas de field goal ou ponto extra e posicionar a bola para o chute do kicker. No caso dela, ela posicionava a bola para o seu marido, Stephen Palinkas, fazer o chute.  

Depois de Patricia Palinkas, outra jogadora se destacou na história do futebol americano. Linda Jefferson era uma running back do Toledo Troppers, um dos times da National Women's Football League (NWFL), uma liga formada em 1974, logo após o desaparecimento da Women's Professional Football League (WPFL).

A NWFL era uma liga que contava com 7 times, e Linda Jefferson se destacou tanto que foi eleita Atleta do Ano da revista Women's Sports em 1975. Sua carreira no futebol americano incluiu 5 temporadas consecutivas de 1.000 jardas.

Surgimento de liga feminina de futebol americano na Alemanha e na Austrália

Em 1976, a NWFL chegou a ter três divisões, mas problemas financeiros levaram ao fim da liga no início da década de 1980. Ainda nos anos 80, mais precisamente em 1986, a Associação Americana de Futebol da Alemanha foi formada, e o primeiro jogo foi a vitória da equipe Hannover Ambassadors por 56 a 20 sobre Berlin Adler Girls.

A liga alemã avançou ao ponto de ter 10 equipes. Já na Austrália, surgiu, em 1987, a Australian Football League.

Ressurgimento da Women’s Professional Football League (WPFL)

Em 1999, Terry Sullivan e Carter Turner, dirigentes de futebol americano masculino de ligas menores, lançaram a Liga de Futebol Profissional Feminina (WPFL, na sigla em inglês). Michigan Minx e Minnesota Vixens foram os dois primeiros times da liga, que conseguiu expandir nacionalmente nos Estados Unidos e teve 11 times em sua edição de 2000.

Porém, a liga de maior repercussão no futebol americano feminino é a Legends Football League.

Legends Football League

Liga de lingerie de futebol americano feminino

Conhecida antigamente como Lingerie Football League (LFL), a Legends Football League é uma liga de futebol americano tackle 7×7 (com contato físico e times de 7 jogadoras), criada em 2009. Mas como o próprio nome original destaca, as jogadoras vestem roupas íntimas.

O conceito da liga se originou no Lingerie Bowl, um evento iniciado em 2003 e um evento pay-per-view transmitido anualmente de maneira simultânea ao Show do intervalo do Super Bowl.

A Lingerie Football League se tornou a Legends Football League em 2013. Os jogos são realizados durante o outono e inverno em arenas e estádios da NFL, NBA, NHL e MLS.

Mas se você está pensando que o futebol americano se destacou mesmo com as mulheres jogando de roupa íntima, se enganou. Uma Copa do Mundo, em moldes similares ao que vemos na NFL, é disputada desde 2010.

Copa do Mundo de Futebol Americano Feminino

Estados Unidos são tricampeões da Copa do Mundo de Futebol Feminino da Iaaf

A Copa do Mundo de Futebol Americano Feminino é uma competição disputada desde 2010. Sua segunda edição aconteceu em 2013 e, desde então ela passou a ser realizada a cada 4 anos.

Ou seja, veremos novas campeãs mundiais em 2025. O torneio mundial conta com 8 equipes e é organizado pela Federação Internacional de Futebol Americano, a IFAF, na sigla em inglês.

Por enquanto, a seleção dos Estados Unidos foi a única campeã, vencendo todas as 4 edições já disputadas. A próxima edição do campeonato será realizada na Finlândia.

O Brasil ainda não participou da Copa do Mundo, mas o futebol americano feminino tem crescido a cada ano por aqui.

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Futebol americano feminino no Brasil

Sinop Coyotes campeão brasileiro de futebol americano feminino
Sinop Coyotes foi campeão brasileiro de futebol americano feminino em 2018

Em fevereiro de 2018, a Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) abriu inscrições para o primeiro Campeonato Brasileiro de futebol americano feminino.

A proposta era fazer uma competição de baixo custo, com jogos casados com os das ligas masculinas. Assim, em 2018 foi disputada a primeira Copa do Brasil de futebol americano feminino com chancela da CBFA.

Por questões de patrocínio, o torneio recebeu o nome Copa Sport America do Brasil Feminino. Com 7 times na disputa, a equipe campeã foi o Sinop Coyotes, de Mato Grosso.

Contudo, outras quatro edições do Campeonato Brasileiro de futebol americano feminino, organizadas pelas próprias equipes, já haviam sido disputadas nos anos anteriores.

Em 2017, as campeãs foram as jogadoras do Fluminense Cariocas, enquanto o Sinop Coyotes ficou com o título de 2016.

Já em 2014 e 2015, a competição recebeu o nome de Torneio End Zone. Nas duas edições, a equipe campeã foi o Cariocas FA, que passou a representar o Fluminense nos anos seguintes.

Maiores campeãs brasileiras de futebol americano feminino

  1. Fluminense Cariocas (antigo Cariocas FA) – 3 títulos (2014, 2015 e 2017)
  2. Sinop Coyotes – 2 títulos (2016 e 2018)
  3. Curitiba Silverhawks – 2 títulos (2019 e 2023)
  4. Portuguesa FA – 2 títulos (2021 e 2022)

Como funciona o Futebol Americano Feminino

Você deve estar se perguntando quais as diferenças do Futebol Americano Feminino e Masculino, se há regras específicas para as mulheres. A melhor resposta para essa dúvida é que as regras dependem das competições.

As regras do Futebol Americano Feminino na Copa do Mundo se assemelham àquelas que vemos em jogos da NFL, com direito a tackles e contato físico. Essa modalidade é chamada de tackle football.

Já nas competições da modalidade flag, as jogadoras devem tirar uma faixa do adversário para parar a jogada.

Por sua vez, as regras da Legends Football League (antiga Lingerie Football League) são diferentes, a começar pelo tamanho do campo.

Na Legends Football League, o campo tem 50 jardas de comprimento, por 30 de largura. Além disso, o jogo é disputado em dois tempos de 17 minutos, e as equipes são formadas por 7 jogadoras.

O sistema de pontuação também é diferente. Não há field goals e, quando uma equipe marca um touchdown, ela pode ou recuar uma jarda e tentar converter em 1 ponto ou recuar 3 jardas e tentar converter em 2 pontos.

Independentemente das regras utilizadas no futebol americano feminino, o esporte tende a crescer a cada ano e em diferentes países. Ou você duvida do poder das mulheres?

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