No dia 19 de dezembro de 2014, Gabriel Medina colocou seu nome na história do surf. O surfista de São Sebastião se tornou o primeiro campeão mundial do Brasil na modalidade.
Até então, a melhor posição de um brasileiro era de Victor Ribas, que havia terminado como terceiro do mundo na temporada de 1999. Nesta quinta-feira (19), o primeiro título de Medina completa 10 anos. Relembre a trajetória épica do surfista até sua conquista inédita para o Brasil.
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O ano épico de 2014 para Gabriel Medina
Olhando 10 anos no futuro, é difícil lembrar que o Brasil não tinha nenhum título mundial no circuito mundial. No entanto, esse era o cenário em 2014, com os surfistas do país ainda se consolidando na elite. Nomes como Adriano de Souza, Raoni Monteiro, Jadson André, Miguel Pupo, Alejo Muniz e Filipe Toledo representavam o país.
Além desses atletas, o Brasil também tinha um outro jovem promissor, Gabriel Medina, que havia chegado ao tour de forma arrasadora na metade do ano de 2011. Na ocasião, o jovem de 17 anos venceu dois eventos e terminou a temporada na 12ª posição do ranking, mesmo disputando apenas seis etapas.
O caminho estava pavimentado. Medina sabia como chegar a finais e vencer eventos. Após dois anos de adaptação em 2012 e 2013, o paulista iniciou sua caminhada para tomar o controle da elite mundial do surf para os brasileiros.
Início perfeito
O começo de 2014 não poderia ter sido melhor para Gabriel Medina, o jovem de 20 anos venceu a primeira etapa daquela temporada. O brasileiro precisou superar dois dos últimos campeões mundiais para vencer na Gold Coast. Medina derrotou Mick Fanning nas quartas de final e Joel Parkinson na decisão do evento para levar o troféu.
Em seguida, Gabriel manteve um bom ritmo de resultados e acumulou um 5º lugar em Margaret River, 9º em Bells Beach e 13º na etapa do Rio de Janeiro. Isso foi suficiente para manter o surfista entre os líderes do ranking.
Vitórias tubulares
No quinto evento do ano, Medina subiu ao lugar mais alto do pódio mais uma vez. O jovem deu show na decisão da etapa de Fiji e se consolidou de vez na luta pelo primeiro título mundial da história do Brasil no surf.
Em seguida, Gabriel marcou mais um 5º, dessa vez em Jeffreys Bay. Já na sétima etapa do ano, o brasileiro mandou um recado direto ao mundo do surf ao derrotar Kelly Slater na final da etapa de Teahupo'o, no Taiti.
O triunfo diante do maior surfista da história provou de uma vez por todas que Medina era capaz de ser campeão mundial e ainda consolidou o brasileiro como um especialista em tubos, já que conquistou Fiji e Teahupo'o em sequência.
Apreensão com o título de Mick Fanning
Após vencer no Taiti, Gabriel Medina embalou mais dois 5º, o primeiro em Trestles nos Estados Unidos e o segundo em Hossegor na França. Depois disso, o brasileiro fez um de seus piores resultados do ano ao terminar como 13º no penúltimo evento da temporada em Portugal.
Essa colocação causou apreensão, principalmente pelo fato de que Mick Fanning havia sido o vencedor da etapa de Portugal. Dessa forma, o australiano, atual campeão mundial, encostou em Gabriel no ranking.
Gabriel Medina entra para a história do surf
Mesmo com muita apreensão da torcida brasileira, Gabriel Medina seguiu firme e se mostrou gelado sem sentir pressão nos primeiros rounds da etapa de Pipeline, a última do circuito mundial de 2014.
Dessa forma, Medina garantiu sua vaga na fase de quartas de final do evento. Logo em seguida, Fanning caiu na água ainda pelo round 5 para tentar seguir sua perseguição ao brasileiro. No confronto contra o australiano, estava outro atleta do Brasil, Alejo Muniz.
De fato, parecia que tudo estava alinhado para o título de Gabriel. Quais são as chances de Alejo superar um tricampeão mundial como Mick Fanning em uma bateria decisiva em Pipeline? Só se o mar ficasse muito ruim diriam os especialistas. Foi exatamente o que aconteceu.
Em um duelo de notas baixas, Fanning pouco conseguiu produzir e viu Alejo sair vitorioso. Com a derrota do australiano, Gabriel Medina foi coroado ainda na água como campeão mundial de 2014.
No momento da derrota de Mick, Medina estava no mar para enfrentar Filipe Toledo, outro que viria a conquistar o título no futuro, mas isso é conversa para outro texto especial. Gabriel superou Toledo e avançou também pela semifinal do PipeMasters.
Na decisão, Medina já estava coroado como campeão e acabou superado por Julian Wilson. No entanto, a derrota não apagou em nenhum momento a festa brasileira no Havaí e o feito histórico de Gabriel, que também se tornou o surfista mais jovem, junto com Kelly Slater a ser campeão mundial na categoria masculina.
Legado nos anos seguintes
O título de Medina em 2014 provou para os surfistas do Brasil que era sim possível chegar ao topo do mundo. Na temporada seguinte, Adriano de Souza também conseguiu se sagrar campeão.
Além disso, a conquista de 2014 também abriu uma década de ouro para os surfistas do Brasil, que ainda teria mais dois títulos (2018 e 2021) de Gabriel Medina, um de Adriano de Souza (2015), um de Italo Ferreira (2019) e outros dois de Filipe Toledo (2022 e 2023). Nesse período, somente John John Florence conseguiu quebrar o domínio da tempestade que tomou conta do circuito mundial.
Vida longa à Brazilian Storm!
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Editor no Esportelândia. Criador e administrador da página Surf News Brasil, uma das maiores referências de informação sobre Surf no Brasil. Passagens por PL Brasil e Quinto Quarto. Está no Esportelândia desde 2022.