A etapa de Teahupo'o, realizada no Taiti, é uma das mais icônicas e desafiadoras do circuito da WSL. Conhecida por suas ondas poderosas e perigosas, essa competição é aguardada com ansiedade pelos fãs de surfe em todo o mundo.

Teahupo'o faz parte do calendário da WSL desde 1999, mas já se tornou uma das etapas mais tradicionais e esperadas da temporada.

Teahupo'o também se tornou o grande palco do surf olímpico nos Jogos de Paris 2024, engrandecendo ainda mais um dos mares mais empolgantes do esporte.

Neste texto, o Esportelândia traz todas as informações essenciais, incluindo a história, os vencedores e curiosidades sobre esse evento imperdível. Fique ligado!

História do evento em Teahupo’o no Taiti

Teahupo’o
WSL/Poullenot

Primeiramente, Teahupo'o é uma vila no Taiti, Polinésia Francesa, que ficou famosa por seus tubos perfeitos para a esquerda e sua rasa e perigosa bancada de corais.

Mais de uma década antes do primeiro evento da elite ser realizado no local, alguns nomes já desbravavam esse perigoso pico. O taitiano Thierry Vernaudaun afirma ser o primeiro a surfar no local.

No entanto, o grande nome que introduziu Teahupo'o na cena foi o multicampeão Mike Stewart, uma lenda do Bodyboard, juntamente com seu compatriota Ben Severson.

O primeiro evento válido pela elite do surf mundial aconteceu na temporada de 1999, com o australiano Mark Occhilupo vencendo CJ Hobgood dos Estados Unidos.

Desde então, a prova se tornou uma das mais tradicionais do WCT, com grandes nomes como Kelly Slater e Andy Irons ganhando etapas no local. O 11 vezes campeão mundial é inclusive o maior vencedor em Teahupo'o, com quatro títulos.

Características de Teahupo’o

O Taiti é a maior ilha da Polinésia Francesa, assim, sua localização privilegiada entre dois vulcões adormecidos recebe as maiores ondulações da Terra. Formando seus inúmeros tubos perfeitos para a esquerda.

Etapa de Teahupo’o, no Taiti: história, vencedores, curiosidades e Paris 2024
Teahupo’o fica localizado na segunda e menor ilha do Taiti. Google Maps

De fato, é preciso ressaltar o quão perigosa é uma onda em Teahupo'o, que tem uma mudança drástica na profundidade da água.

As poderosas ondulações chegam vindas das profundidades oceânicas e se deparam com os recifes rasos bruscamente, fazendo com que as ondas se elevem sobre a bancada, criando, assim, lips grossos, com enorme velocidade.

Além da onda poderosa, a rasa e afiada bancada de corais é um dos maiores perigos em Teahupo'o. Não é à toa que a palavra que dá nome ao local pode ser traduzida literalmente como “quebra crânios”.

Em 2018, o brasileiro Filipe Toledo sofreu com os corais na pele, literalmente. O paulista acabou com enormes ferimentos nas costas.

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Maiores vencedores em Teahupo’o

Kelly Slater
WSL/Cestari

Em mais de duas décadas de competições, o estadunidense Kelly Slater é o maior campeão em Teahupo'o. A longevidade do americano, onze vezes campeão mundial, impressiona, principalmente em eventos com ondas tubulares, sua especialidade.

A primeira das cinco vitórias de Kelly Slater aconteceu logo na segunda edição do evento em 2000; já seu último título ocorreu em 2016. Vale lembrar que depois desse triunfo, Kelly só conquistaria novamente um evento em 2021, prestes a completar 50 anos em Pipeline.

Em seguida, empatados na segunda colocação com dois títulos, aparecem Bobby Martinez, Andy Irons e Gabriel Medina, com o brasileiro ainda em atividade podendo chegar à terceira conquista.

Campeões em Teahupo’o:

          Ano       Campeão   Vice-campeão
         1999 Mark Ochiluppo    CJ Hobgood
         2000      Kelly Slater    Shane Dorian
         2001      Cory Lopez    CJ Hobgood
         2002      Andy Irons     Lucas Egan
         2003      Kelly Slater     Taj Burrow
         2004     CJ Hobgood     Nathan Hedge
         2005      Kelly Slater Damien Hobgood
         2006   Bobby Martinez     Fred Patacchia
         2007 Damian Hobgood   Mick Fanning
         2008    Bruno Santos   Manoa Drollet
         2009  Bobby Martinez     Taj Burrow
         2010      Andy Irons    CJ Hobgood
         2011      Kelly Slater    Owen Wright
         2012     Mick Fanning   Joel Parkinson
         2013   Adrian Buchman      Kelly Slater
         2014    Gabriel Medina      Kelly Slater
         2015     Jeremy Flores  Gabriel Medina 
         2016       Kelly Slater John John Florence
         2017     Julian Wilson  Gabriel Medina 
         2018    Gabriel Medina   Owen Wright
         2019      Owen Wright  Gabriel Medina 
         2022      Miguel Pupo    Kauli Vaast
         2023     Jack Robinson Gabriel Medina 
2024 Italo Ferreira John John Florence

Enquanto isso, a categoria feminina tem apenas sete edições do evento, que retornou para o calendário das mulheres em 2022, após mais de dez anos sem competições em Teahupo'o.

Keala Kennely é a maior vencedora do evento com três títulos, em 2000, 2002 e 2003. Na temporada de 2001, Layne Beachley fez a festa. Em 2004, foi a vez de Sofia Mulánovich, seguida por Chelsea Hedges em 2005 e Melanie Redmond-Carr em 2006.

A competição retornou somente em 2022 e contou com o título de Courtney Conlogue, vencendo Brisa Hennessy na grande decisão. Na etapa de 2023, Caroline Marks foi a campeã em uma final norte-americana diante de Caitlin Simmers.

Em 2024, a local Vahine Fierro foi a grande campeã superando Brisa Hennessy na decisão.

Atuais vencedores

A etapa de Teahupo'o no Taiti foi a sexta da temporada regular da WSL em 2024. Na categoria masculina, Italo Ferreira levou a melhor diante de John John Florence.

Na categoria feminina, Vahine Fierro superou Brisa Hennessy e ficou com o troféu.

Curiosidades sobre o evento de Teahupo’o no Taiti

Gabriel Medina
Gabriel Medina é o maior vencedor brasileiro no Taiti com dois títulos. WSL/Poullenot
  • Kelly Slater participou do primeiro evento em 1999 e ainda segue na atividade, participando também do último realizado em 2023.
  • O brasileiro Neco Padaratz quase morreu afogado depois de ficar preso em um coral no ano 2000.
  • Slater é o maior campeão do evento com cinco títulos. O americano se tornou o primeiro surfista da história a conseguir duas notas 10 em uma final de CT, justamente no Taiti na temporada de 2005.
  • Robbie Maddison, o australiano campeão de FMX. Desafiou as ondas de Teahupo’o em uma moto.
  • Bruno Santos foi o primeiro brasileiro a vencer no Taiti em 2008, a vitória foi ainda mais especial pelo fato do surfista ter conseguido sua vaga nas triagens.
  • A semifinal de 2014 entre John John Florence e Kelly Slater é considerada por muitos a melhor bateria da história. Os dois marcaram 19,79 de 20 possíveis, mas Kelly levou a melhor no critério de desempate, que era a nota mais alta.
  • Quatro surfistas brasileiros já venceram em Teahupo’o, Bruno Santos (2008), Gabriel Medina (2014 e 2018), Miguel Pupo (2022) e Italo Ferreira  (2024).

Teahupo’o nos Jogos Olímpicos de Paris 2024

Gabriel Medina, Filipe toledo, João Chianca, Tatiana Weston-Webb, Luana Silva e Tainá Hinckel (William Lucas / COB)
Gabriel Medina, Filipe toledo, João Chianca, Tatiana Weston-Webb, Luana Silva e Tainá Hinckel (William Lucas / COB)

A cerimônia de abertura do surfe nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 foi um evento especial.

Em Teahupo'o, no Taiti, onde a modalidade será disputada, os 48 surfistas participantes foram calorosamente recebidos pela população local.

A decisão de realizar as competições de surfe em Teahupo’o está alinhada com a visão de Paris 2024 de expandir o alcance dos Jogos por toda a França, incluindo seus territórios ultramarinos.

John John Florence surfa dentro do tubo de uma onda no Tahiti Pro 2023Liga Mundial de Surf (Divulgação/Matt Dunbar)
John John Florence dentro do tubo de uma onda no Tahiti Pro 2023 (WSL/Matt Dunbar)

É um destino dos sonhos para os melhores surfistas, com lendas como Gabriel Medina, Kelly Slater, Jérémy Florès, Andy Irons e Mark Occhilupo conquistando suas ondas.

O local da competição foi cuidadosamente planejado para preservar a beleza natural única do Taiti. A Vila Olímpica conta com casas modulares, garantindo impacto mínimo na linha costeira, já que as ondas quebram longe da costa.

As instalações temporárias usadas durante os Jogos serão removidas, e a Vila Olímpica, inspirada nas casas tradicionais polinésias conhecidas como ‘farès’, será reaproveitada como habitação social para beneficiar as comunidades locais.

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