Thiago Pereira, um dos maiores nomes da natação brasileira, é conhecido por suas conquistas e por seu papel na popularização do esporte no Brasil. Em uma entrevista exclusiva com a Esportelândia, na inauguração do Parque Time Brasil, no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, ele compartilhou suas experiências, incluindo a vitória sobre Michael Phelps na Olimpíada de Londres, em 2012.
Na entrevista, Thiago também discutiu os favoritos brasileiros para a Olimpíada de Paris 2024, destacou as principais características que um atleta deve possuir, como disciplina, dedicação e resiliência. Sua visão e contribuições continuam a moldar o futuro da natação brasileira, da qual ele acredita que precisa evoluir muito.
Entrevista com Thiago Pereira, ex-nadador e medalhista olímpico do Brasil
Primeira medalha em Olimpíadas e vitória sobre Michael Phelps
Thiago Pereira refletiu sobre sua jornada e o trabalho árduo que culminou em sua histórica conquista olímpica, a medalha de prata em Londres 2012, superando o lendário Michael Phelps na ocasião, um dos maiores medalhistas das Olimpíadas na história.
O ex-nadador detalhou ao repórter Carlos Soares os desafios enfrentados, ressaltou o longo processo que passou, com 5º e 4º lugares antes, 12 anos de espera, além de uma abordagem multidisciplinar, com uma equipe especializada, para alcançar o sucesso nos Jogos Olímpicos.
Na verdade, é muita coisa [até chegar na medalha olímpica]. Já era o meu terceiro Jogos Olímpicos e muita coisa aconteceu nesse período. Eu já vinha de duas Olimpíadas, eu já tinha sido 5º, já tinha sido 4º, então, eu já tinha batido na trave muitas vezes. Não foi do nada.
Eu já vinha com o [Michael] Phelps e o Ryan [Lochte] de tempos brigando, disputas… Mas o grande diferencial para mim naquele ano foi o trabalho mental que começamos a fazer.
Toda a equipe multidisciplinar que tivemos em 2012, junto com o Pro 16, o Alberto Silva, o Gustavo Magliocca, o [César] Cielo estava junto com a gente nesse projeto também.
Foi todo um contexto, todo o time que tivemos naquele período que acabou fazendo toda a diferença para eu realizar meu grande sonho, que era estar dentro de um pódio olímpico.
Thiago Pereira destaca as principais características de um nadador
Thiago sempre destacou a importância da disciplina e da dedicação na trajetória de um atleta olímpico. Desta vez, o ex-atleta enfatizou que o sucesso nos esportes não é resultado de um esforço momentâneo, mas, sim, de um compromisso contínuo e apaixonado. Thiago Pereira explica:
Não só na natação, mas qualquer esporte olímpico, qualquer atleta, precisa ter disciplina no dia a dia. Porque não é só agora, na hora dos Jogos. Você já está há 4 anos, todos os dias, treinando. Faça frio, faça sol, com lesão…
Então, é todo um processo. E tem que curtir o processo também. O esporte, a gente sabe, que nada vem da noite para o dia. Para você chegar nos Jogos, vai demorar uns 8 anos.
Tem expectativa de medalha? Tem! A minha demorou 12 anos no ciclo olímpico. Claro, varia muito. Acho que tem que gostar muito. É duro, mas vale muito a pena.
Evolução da natação no Brasil e atletas brasileiros para surpreender em Paris 2024
Thiago Pereira abordou a evolução e os desafios da natação brasileira. O ex-nadador reconheceu os obstáculos enfrentados pelo esporte nos últimos anos, mas também destacou os esforços do Comitê Olímpico Brasileiro e o surgimento de novos talentos promissores para a Olimpíada de Paris 2024.
Temos tido uma dificuldade nos últimos anos [na natação]. Até o presidente da confederação, algumas outras coisas que precisamos melhorar e já não é de agora, a gente sabe. Mas o Comitê Olímpico tem ajudado muito dentro da preparação e de todo o processo dos atletas.
Tem alguns grandes nomes [para Paris 2024]. Stephanie Balduccini é uma atleta que já foi para a Olimpíada em 2021 e é uma menina nova. Tem o Fernando Scheffer, que foi bronze em 2021. Foi uma grande surpresa e vai estar lá tentando mais uma vez. E com vários outros.
Obviamente, tem a medalha? Tem. É o sonho de todo atleta. Mas Jogos são Jogos e muita coisa pode acontecer. Eu sempre falo: ‘Se não tivesse a experiência e a emoção dos Jogos, era só chegar lá, pegar os melhores tempos e distribuir as medalhas'. Se eles tiverem a dedicação e buscarem aquilo tudo lá, realmente vão fazer toda a diferença!
O problema do desenvolvimento da natação no Brasil
Além de refletir sobre sua carreira e vitórias, também abordou questões estruturais que impactam o desenvolvimento do esporte no Brasil. Thiago Pereira destacou a necessidade de uma evolução significativa não apenas na natação, mas em todo o sistema esportivo do país.
Falta [evolução], mas não só na natação. Falta o Brasil começar a apoiar mais os esportes nas escolas. A base de todo esporte é o grande problema do Brasil, não é o Comitê Olímpico. Não é nem uma culpa da confederação ou do esporte em si, é do contexto como o todo.
Uma culpa que, hoje, as escolas não se importam com esporte, por exemplo. O Comitê Olímpico cuida da alta performance, não vai cuidar da base. Então, esse é o grande problema que a gente tem.
Thiago Pereira tem a fórmula matemática para o sucesso do Brasil na natação
Thiago ainda ressaltou que para o Brasil se destacar consistentemente no cenário internacional, é essencial que o apoio ao esporte comece desde a escola, criando uma base sólida e ampla de atletas.
Ele comparou o modelo brasileiro com o americano, onde a cultura esportiva começa cedo, nas escolas, permitindo que uma grande quantidade de atletas seja treinada e desenvolvida desde a base, garantindo a renovação constante de talentos.
O USA Team tem 300 mil atletas, a confederação do Brasil tem 10 mil. Só que o esporte já vem desde a escola lá [nos EUA], a peneira é muito maior no contexto como um todo. Por isso que os Estados Unidos se renovam a cada ano. A matemática não tem erro. Não precisa nem inventar a roda, é só copiar e colar.
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Agora que você já sabe toda a opinião de Thiago Pereira em uma entrevista incrível, nade de braçada em nossos conteúdos de natação:
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Coordenador do Esportelândia desde 2021, é jornalista pós-graduado em Jornalismo Esportivo. Autor do livro “Os Mestres do Espetáculo”, que está na biblioteca do Museu do Futebol de São Paulo. Passou por Jovem Pan, Futebol na Veia e PL Brasil.