Os arremessos no beisebol são os momentos do jogo onde há a maior reunião de técnicas, de história, de possibilidades de debate. Talvez seja o mais rico aspecto do esporte.
Existem diferentes tipos de lançamentos, e cada um possui uma diversidade própria de modalidades — sem falar nas assinaturas pessoais dos arremessadores para cada bola, com posições específicas de dedos, de movimentos do braço, do punho, do corpo…
O texto a seguir não conseguiria dissecar todas a complexidade do assunto. Mas consegue reunir, listar e explicar todos os tipos de arremessos no beisebol, dos principais aos mais raros. Então vamos nessa, com olho na bola e cuidado com o strike!
Tipos de arremessos no beisebol
Existem treze diferentes arremessos no beisebol. Alguns são bastante diferenciados, outros bem similares entre si, mas com sutilezas na trajetória da bola que tornam o desafio da rebatida completamente distinto de um para o outro.
Esses treze lançamentos estão divididos em três categorias, em três tipos de arremessos, separados principalmente pela posição de mão e dedos na bola e pelo tipo de viagem que esta faz até chegar no home plate. São eles:
- Bolas rápidas (Reta ou Fastball)
- Offspeed
- Bolas de efeito (Breaking ball)
A bola rápida é a que, como diz o nome, aposta na velocidade. Tem uma trajetória mais regular (por isso chamada também de “bola reta” no Brasil) e a sua mudança de direção é geralmente mais brusca.
Os arremessos Offspeed também são precisamente definidos pelo nome. São bolas que perdem a velocidade (“Off”=fora; “speed”= velocidade) ao final da viagem, feitos de maneira a confundir o batedor.
Já as bolas de efeito são as que, além de ter variações na sua trajetória, giram e rodam durante a viagem. A ideia desse tipo de lançamento é não só atrapalhar a visão do rebatedor, mas dificultar a precisão da rebatida.
A seguir, mergulharemos dentro de cada lançamento, com imagens e uma explicação objetiva dos movimentos e trajetórias que os caracterizam.
Arremessos de bola rápida
- Bola rápida de 4 costuras
- Bola rápida de 2 costuras
- Cutter
- Sinker
- Splitter
Bola rápida de 4 costuras
A fastball de quatro costuras é o arremesso mais rápido do beisebol, podendo ir além de 160 km/h. É assim chamado pela maneira em que se segura a bola, com os dedos apoiados em quatro pontos da sua costura.
Neste arremesso, a bola parece se “esticar”, com uma leve subida ao final, para dar um último obstáculo ao rebatedor.
Bola rápida de 2 costuras
A fastball de duas costuras é um dos principais arremessos no beisebol. É um pouco mais lento que a de quatro costuras, mas conta com um espaço para, digamos, a personalização do pitcher, que pode fazer a bola variar um pouco mais em sua viagem.
O nome, como você deve imaginar, também se dá pela maneira em que a bola é segurada, com apenas dois pontos da costura tocados pelos dedos.
Cutter
O cutter, ou cut fastball, é um dos mais enganadores arremessos no beisebol. O nome descreve bem a armadilha que ela arma para o rebatedor, fazendo um “corte” na trajetória e guinando a bola para outra direção bem perto do final da viagem.
Mariano Rivera, lendário pitcher do New York Yankees, era um especialista nesse tipo de lançamento. Era de longe o seu preferido, e todo mundo sabia disso. Difícil era saber quando e para onde a bola ia cortar.
Sinker
O sinker é um dos mais famosos arremessos no beisebol. Sua lógica é similar ao do cutter. A diferença é que, ao invés da guinada para os lados, a bola afunda no fim da trajetória, dificultando bastante a rebatida.
Splitter
Dá para dizer que a splitter é uma variação da sinker. A diferença técnica está no maior afeito aplicado na bola, que gira muito mais. A diferença visual está na “agressividade” da queda, que acontece de maneira mais rápida e muitas faz a bola tocar o chão.
Este arremesso, portanto, é mais arriscado. Se cai muito antes, pode ser contado um wild pitch; se ele não sai corretamente, pode dar uma bola facilmente convertida num home run.
Arremessos de offspeed
- Changeup
- Circle change
Changeup
O changeup é um arremesso estratégico no beisebol, projetado para confundir o rebatedor em dois momentos cruciais.
Inicialmente, ele se parece com uma fastball de 4 costuras ao sair das mãos do arremessador, mas logo perde velocidade e apresenta uma leve queda lateral.
Esse truque faz com que o rebatedor, antecipando uma bola rápida, acelere o movimento e acabe cometendo um erro, resultando em um strike fácil.
Além disso, o próprio giro da bola adiciona um elemento de incerteza, pois sua rotação intensa causa variações sutis em sua trajetória, tornando-a ainda mais difícil de prever.
Circle change
A circle change não deixa de ser uma variação da change up. Se esta ludibria um rebatedor que se preparara para uma bola reta de 4 costuras, aquela se passa por uma de duas costuras.
Para isso, a flutuação de sua trajetória deve ser lateral. É comum inclusive que a bola caia para o lado da mão do arremessador — fazendo dela ideal para pitchers com a mão dominante oposta ao do rebatedor.
O giro empregado na bola faz deste um dos mais bonitos arremessos no beisebol.
Arremessos no beisebol de bola de efeito
- Bola de Curva
- 12-6 Curve
- Slider
- Slurve
- Knuckleball
- Eephus
Bola de Curva
A bola de curva, ou curveball, é outro dos mais populares arremessos no beisebol. Quando arremessada, a bola não sai tão veloz, e vai perdendo velocidade e altura quase que simultaneamente, além de ter uma trajetória praticamente lateral.
Trata-se de um lançamento estratégico. Num primeiro momento, parece buscar um strike, mas o seu desenvolvimento busca mais um erro do rebatedor. Um bom artifício para as batalhas mentais que acontecem entre o pitcher's plate e o home plate.
12-6 Curve
A 12-6 curve é uma variação um pouco mais ousada da curveball, com uma trajetória mais vertical. O nome, inclusive, se refere ao caminho que a bola faz até o home plate, como se alcançasse as 12 horas (ponto mais alto) e as 6 horas (ponto mais baixo) de um relógio.
Como é comum em bolas de efeito, é um lançamento para ser usado estrategicamente, de forma a tirar o rebatedor de sua zona conforto.
Slider
O slider é outro dos arremessos no beisebol que são muito legais de se assistir. E um baita complicador de rebatedores.
No slider, a bola traça uma trajetória curvilínea desde o começo, mas com uma aceleração no final que costuma dificultar bastante as rebatidas. A ideia por trás dele é induzir o rebatedor a se preparar para a bola de um lado e ela “escapar” para o outro.
Slurve
O slurve é um arremesso que combina as bolas de slide com as curveballs.
A sua trajetória é mais similar ao do slide, sem muitas variações na direção, mas traçando uma curva clara. A sua queda que é mais parecida com as curveballs, mais acentuada e acelerada.
É outro dos arremessos no beisebol usados para quebrar o ritmo do rebatedor, se necessário.
Knuckleball
A knuckleball é a bola de um arremesso raríssimo, até porque é de uma execução bem difícil — e completamente imprevisível.
Nela os dedos indicador e médio são fincados no topo da bola e a empurram depois que a base, formada pelos dedos anelar e polegar, a liberam. A força, portanto, do lançamento está nos knuckles, nas juntas dos dedos.
Este arremesso tem o objetivo de confundir completamente o rebatedor, já que não tem uma trajetória nem velocidade característica.
Eephus
Outros dos mais raros arremessos no beisebol, o eephus é o correspondente do saque “jornada das estrelas no vôlei”. A bola, assim, é jogada para o alto, lenta, e cai de maneira veloz e de difícil cálculo para o rebatedor.
Mal-executado, este lançamento é uma bola perfeita para um home run. Mas quando bem feito, gera lances curiosos. Dá quase um nervoso de ver a trajetória da bola, de tão devagar que é.
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Repórter no Esportelândia. Licenciado em Literatura Inglesa. Jornalista com passagens por Quinto Quarto, Blog de Escalada, Minha Torcida, Futebol Interior e Techpost. Está no Esportelândia desde 2022.