A ex-atleta de vôlei e atual treinadora, Karine Guerra, revelou em uma entrevista ao podcast Ataque Defesa, do jornalista Alê Oliveira, que sofreu assédio sexual aos 20 anos. Embora não tenha revelado a identidade do agressor, Karine detalhou o impacto devastador que o episódio teve em sua vida e carreira.

Princípios e valores inegociáveis

Karine compartilhou que, após o assédio sexual, decidiu interromper sua carreira, afirmando:

Eu parei porque eu tive uma situação de assédio sexual e eu não consegui lidar bem com a situação. Princípios e valores são inegociáveis. E isso eu trago hoje como técnica. Se eu tenho que passar por isso para continuar a minha carreira, prefiro parar.

A ex-jogadora revelou a dor de considerar encerrar sua carreira prematuramente devido ao incidente e à falta de apoio.

Dentro do meu próprio time, eu não fui acolhida. Nós éramos 15 mulheres, e não houve nem isso dentro do meu próprio time. Eu era muito jovem, tinha 20 anos nessa época.

A luta de Karine Guerra pela recuperação

Após decidir parar, Karine enfrentou um período difícil, tanto emocional quanto profissionalmente. Durante esse tempo, ela precisou de apoio psicológico e psiquiátrico para superar uma depressão profunda.

Eu não conseguia viver sem o vôlei. Tanto que eu me diminuí de novo para poder viver o esporte que eu amava.

Karine destacou a importância da sua reinvenção durante esses anos difíceis:

Foi um processo em que eu tive que me reinventar. E quando eu voltei, estava muito mais forte, muito mais preparada. Não que eu não tenha sido assediada depois desse episódio, mas eu já sabia como lidar.

Proteção das atletas como prioridade

Hoje, como técnica, Karine se preocupa em proteger suas atletas das situações que ela mesma enfrentou, como o assédio sexual. Isso demonstra seu compromisso com o bem-estar das jogadoras sob sua orientação.

Esse foi um dos motivos pelos quais eu quis me tornar técnica: para proteger o máximo de meninas que eu conseguir, de uma situação como essa, o máximo de tempo possível, inclusive a minha filha.

Reflexões sobre o impacto do assédio sexual no esporte

Karine reflete sobre o impacto que esses episódios de assédio sexual podem ter tido no voleibol brasileiro, lamentando as oportunidades perdidas para muitas atletas.

Quantas vieram antes e depois, que passaram por isso, que tinham potencial e que pararam no meio do caminho por, talvez, viver o que eu vivi? A gente nunca vai saber porque elas não se expuseram.

Ela acredita que, com o suporte adequado, muitas dessas jogadoras poderiam ter alcançado grande sucesso. E reforça a necessidade de uma rede de apoio sólida para as atletas.

A menina tem que ter como base um tripé. Ela tem que ter família, pai, mãe, mentor, mentora, alguém com quem ela possa conversar a respeito desse tipo de situação.

Karine Guerra encerrou destacando que, apesar dos desafios após ter sofrido o assédio sexual, não abriria mão de seus princípios e valores:

Eu tive que amadurecer nesses três anos em que fiquei fora. Mas hoje eu não me mudaria. E também nunca na vida eu negociaria meus princípios e meus valores.

Não perca nada do que acontece no mundo do vôlei! Acesse nossos outros conteúdos sobre o assunto: