Você já ouviu falar do Trem-Bala Brasileiro? Pois fique ligado porque este, com certeza, será um dos nomes mais ouvidos no universo do atletismo nos próximos anos. O apelido que carrega o atleta Eduardo de Deus revela um pouco do talento de um dos competidores de mais alto nível da corrida com barreiras.

Medalhista de Bronze nos Jogos Pan-Americanos que aconteceram na cidade de Lima, no Peru, em 2019, o atleta concedeu entrevista exclusiva ao Esportelândia. Durante a conversa, aproveitou para contar detalhes da sua trajetória no esporte, revelar os principais desafios que enfrentou e quais são os seus sonhos dentro de uma das modalidades mais competitivas do atletismo.

Relembre a medalha de Ouro de Eduardo de Deus nos Jogos Sul-Americanos 2022

Eduardo de Deus, o Trem-Bala Brasileiro

O início

Diferente do que muitos podem pensar, ser um atleta da corrida com barreiras nem sempre foi a vontade de Eduardo de Deus. Conforme contou em entrevista ao Esportelândia, quando ainda jovem, gostava mesmo era de ficar em casa, jogando vídeo games, e não se importava muito com o esporte.

Seu primeiro contato com a modalidade veio quando uma professora levou ele e outros alunos para fazer alguns testes de atletismo na pista da Unicamp, localizada na cidade de Campinas, no Estado de São Paulo, onde nasceu e cresceu.

O primeiro contato que tive com o atletismo foi através minha professora de educação física, France Alencar. Ela levou um grupo de alunos pra fazer testes na Unicamp, em uma pista de atletismo em Campinas, onde nasci e cresci. Lá tiveram três testes: 50 metros, 600 metros e o salto à distância, onde acabei ganhando os três. 

Daí meu primeiro treinador, Alex Lopes, teve interesse em me treinar. Até aceitei, porém, ia pouca vezes no treino porque era muito longe de casa. Em 2011, foi quando tudo começou. Abriram uma pista oficial de atletismo, a Swiss Park, que ficava uns 15 minutos de onde eu morava. Mas, mesmo assim, eu ia pouca vezes treinar, gostava de ficar mais em casa, no vídeo game, não me importava em ir ao treino.

Eduardo de Deus conta, em seguida, que o quê o motivou a ter foco e começar a se empenhar mais na carreira foi uma conversa que a sua professora teve com ele.

Até que um dia, minha professora ficou sabendo disso e teve uma conversa séria comigo, onde eu até chorei. Ela dizia que era pra eu ir aos treinos e levar a sério, que teria uma carreira brilhante. Disse que eu era muito talentoso pra isso.

Então comecei a levar a sério e frequentar os treinos. De 2013 em diante, tive certeza de que estava cominho certo. Estava tendo várias conquistas, como campeão brasileiro, sul-americano e até medalhista pan-americano.

Ainda sobre a motivação para ingressar no esporte, o Trem-Bala Brasileiro conta que a sua professora foi peça fundamental para isso, além do fato de que poderia receber roupas da Nike – fornecedora de material esportivo -, sem precisar pagar nada.

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Desafios na carreira

Apesar de despontar como um grande talento e aparecer como um jovem promissor na modalidade, Eduardo de Deus falou sobre um de seus maiores desafios na carreira, quando ficou sem receber durante todo o ano de 2019, chegando a morar de favor na casa de colegas.

Primeiramente, foi ficar sem receber durante todo o ano de 2019, onde tive que ficar de favor na casa de colegas para poder da continuidade nos treino. No entanto, consegui manter a cabeça muito focada ao longo deste período, sabendo que aquela situação iria mudar.

O problema é que, mesmo após passar por essa situação em 2019, conseguir dar a volta por cima e conquistar medalha nos Jogos Pan-Americanos daquele mesmo ano, o atleta ainda teria de enfrentar um outro obstáculo fora das pistas: a pandemia de Covid-19 que assolou o mundo.

Outro desafio que enfrentei foi durante a pandemia, onde tive uma inflação no joelho por treinar em um campo duro, não adequado para treinamento. Mas era única opção de treino na época, porque as pistas estavam fechadas.

Nisso, eu fiquei dois anos com essa inflação: 2020 e 2021. Cheguei a ir aos Jogos Olímpicos, mas não pude fazer minha melhor performance por conta da dor e do joelho inflamado.

Eduardo-de-Deus
Eduardo de Deus compete na Corrida com Barreiras – Divulgação/Wagner Carmo/CBAt

Momento especial

Apesar da medalha pan-americana, conquistada em 2019, no Peru, Eduardo de Deus classifica outro momento da sua carreira como o mais especial de todos. O atleta conta que quando estava competindo na Suíça e conseguiu alcançar o índice para disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, não conseguiu conter a emoção.

Quando fiz índice olímpico na Suíça, ali esse país se tornou especial pra mim e um dos meus favoritos. Fiquei muito feliz em ter ganhando e ter feito a melhor marca da minha carreira naquele ano.

Eu não sabia que já estava valendo índice para participar dos Jogos Olímpicos. Quando fiquei sabendo, através de atletas e da publicação da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), eu fiquei super feliz e desacreditado com feito.

A preparação para o sonho

De fato, ser um competidor das modalidades do atletismo não é uma tarefa fácil. Quando se trata da corrida com barreiras então, é necessária uma preparação específica para conseguir, literalmente, superar os obstáculos. Ainda durante a conversa exclusiva com o Esportelândia, Eduardo de Deus conta o que um atleta precisa para se sair bem nesse esporte.

Principalmente, a técnica em cima da barreira, como rebote e ataque. Para quem não é muito veloz no chão, a técnica é fundamental pra se correr bem. Nisso sou muito experiente. Me considero o barreirista com a melhor técnica hoje no Brasil. Isso me dá uma vantagem enorme dentro da prova.

Com boa preparação e cheio de autoconfiança para as próximas competições, o Trem-Bala Brasileiro começa a brigar por uma vaga nos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, na França, a partir do próximo mês. Afinal, a medalha olímpica aparece como um dos meus maiores sonhos na carreira.

Meu sonho dentro atletismo é correr em 12 segundos os 110 Metros com Barreiras. Além disso, é claro, as duas medalhas que faltam pra minha carreira: a olímpica e a mundial.

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