Ayrton Senna é um dos maiores nomes da história do automobilismo mundial. Com três títulos mundiais na Fórmula 1, o piloto brasileiro é admirado até hoje pela coragem e talento que mostrou nas pistas.

Porém, a maneira como sua memória foi tratada após sua morte trágica em 1994 gera discussões entre fãs e críticos.

Flavio Gomes detona idolatria por Ayrton Senna

Um dos mais críticos nesse debate é o jornalista Flavio Gomes. Convidado para participar do podcast Bobbismo, de Lucca Bopp, Gomes fez fortes críticas à idolatria em torno de Ayrton, questionando se o piloto não foi colocado em um status quase mitológico, distante da realidade.

Durante o podcast, Flavio Gomes criticou o que ele chamou de “processo de beatificação” do piloto brasileiro.

O pós-morte do Senna é irritante. O processo de beeatificação dele é insuportável. Insuportável, porque se transformou este piloto, piloto de corrida, numa espécie de padrinho padricíssimo, de santo. E eu não sei porquê.

"Santificação de Senna é insuportável", jornalista detona idolatria ao tricampeão da F1
Senna é tricampeão mundial de F1 (Icon Sport)

Para Gomes, campanhas publicitárias e discursos exaltados ajudaram a construir uma imagem de Senna como um modelo único de virtudes e excelência, mas ele questiona até que ponto essa percepção reflete o verdadeiro Ayrton.

Um exemplo citado é a propaganda que retrata o piloto como alguém simples, apreciador de pratos típicos brasileiros.

Eu convivi com o Ayrton Senna do dia que ele estreou na F1, até ele morrer, e eu nunca vi ele comendo uma quentinha com uma linguiça, dois ovos, estralado, arroz, feijão e um Guaraná Antarctica. Mentira, isso é mentira.

Senna e seus contemporâneos

Outro ponto levantado por Gomes foi a ideia de que o brasileiro teria revolucionado a Fórmula 1, estabelecendo novos padrões de preparação física e técnica.

Para o jornalista, essa narrativa ignora que outros pilotos de sua época apresentavam atributos similares.

O Ayrton estabeleceu um novo patamar na F1. Do quê? De fazer pole? Outros pilotos faziam pole. Ganhar corridas?

Outros pilotos ganhavam corridas. De se preparar fisicamente? Outros pilotos se preparavam fisicamente. Parece que ele era o detentor do monopólio da virtude. E não era.

"Santificação de Senna é insuportável", jornalista detona idolatria ao tricampeão da F1
Senna e Prost no GP de Mônaco em 1987 (Icon Sport)

A comparação com outros grandes nomes da época, como Alain Prost, Nelson Piquet e Nigel Mansell, reforça a ideia de que Senna fazia parte de uma geração excepcional, mas não era necessariamente superior a seus rivais.

Ele era um puta piloto. E como ele, na época dele, havia outros. Havia o Prost, havia o Piquet, havia o Mansell. Em determinado momento, bateu ele, ganhou, foi campeão em cima dele.

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