Antes de se tornar o maior nome da história do MMA brasileiro, Anderson Silva quase trocou as luvas por mangueiras, água e sabão. Em um dos momentos mais difíceis de sua carreira, o “Spider” pensou seriamente em abandonar o octógono para abrir um lava-rápido.

O motivo? Decepção profunda com a politicagem dentro das equipes e a falta de reconhecimento. O Anderson campeão parecia distante. O homem por trás do mito só queria paz, sustento e dignidade.

Eu estava muito decepcionado com algumas coisas e muito desapontado com os líderes da época da equipe que eu fazia parte. E em todo lugar existe politicagem.

Minotauro foi fundamental para que Anderson Silva não desistisse do MMA

Anderson Silva já não estava mais satisfeito com as lutas. Isso porque, segundo ele, as coisas não estavam andando como planejado devido à sacanagem de muitas pessoas.

Eu falei: ‘Quer saber? Tenho uma graninha aqui. Ou vou embora para os Estados Unidos, ou vou abrir um lava-rápido’.

Ele havia perdido espaço no Pride, se afastado da equipe e começava a considerar uma nova vida, longe dos holofotes. Sem saber, estava prestes a encontrar um novo caminho, graças a uma rede de solidariedade que mudaria seu destino para sempre.

A virada que começou no fundo do poço

Decepcionado, sem lutar e com contas para pagar, Anderson Silva estava a um passo de desistir. Mas o encontro com Rodrigo Minotauro, um dos maiores nomes do MMA mundial, foi um divisor de águas.

Ele me levou para o Rio. Fiquei uma semana lá treinando. Quando fui embora, ele me chamou no quarto e falou: ‘Cê não vai desistir, tá maluco?’”. O Spider resistiu: “Não dá, cara. Tenho filhos para criar. Contas para pagar. Só quero paz.

Foi então que Minotauro fez o impensável: deu a Anderson R$ 30 mil do próprio bolso para ele pagar suas contas e retomar os treinos.

Ele falou: ‘Pega essa grana, resolve tua vida em casa e volta para treinar’.

E assim, ao invés de abrir um lava-rápido, Anderson reabriu o caminho até o topo do UFC. Voltou ao Pride, lutou no Cage Rage e, com apoio de Joinha e Minotauro, chegou ao UFC. O resto é história – e das grandes.

“Dediquei tudo até aqui. Não tem como continuar”, disse ele, exausto. Mas Minotauro insistiu. Apostou. Ajudou. E, no fim, foi esse empurrão, esse gesto de irmandade rara, que reacendeu o fogo no Spider.

De um quase lava-rápido para o trono do UFC. O que separou Anderson Silva de desistir do esporte foi uma amizade verdadeira que dura até hoje. O brasileiro, apesar de mais velho, enxerga Minotauro e Minotouro (os irmãos Nogueira) como seus irmãos mais velhos.

Às vezes, tudo o que a gente precisa é de alguém que diga: ‘Não desiste, não agora’.

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Eric Filardi Content Coordinator

Coordenador do Esportelândia desde 2021, é jornalista pós-graduado em Jornalismo Esportivo. Autor do livro “Os Mestres do Espetáculo”, que está na biblioteca do Museu do Futebol de São Paulo. Passou por Jovem Pan, Futebol na Veia e PL Brasil.