Érika Coimbra tinha acabado de assinar com o time de Bernardinho e estava ganhando destaque na seleção.
Já em Curitiba, participou do Mundial juvenil, no qual o Brasil acabou sendo desclassificado, e foi nessa ocasião que ela descobriu a síndrome DDS (Desordem no Desenvolvimento Sexual).
Érika detalhou os momentos difíceis da época em que mal saía de casa, se escondendo dos olhares cheios de julgamentos.
Momento da descoberta para Érika Coimbra
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Érika Coimbra relembrou no podcast Ataque Defesa que, no momento em que recebeu a notícia de que essa condição permaneceria em sua vida, foi a mesma época em que havia sido considerada a melhor do mundo. Era comum fazer o exame de feminilidade.
O exame era bucal. Todas faziam, independentemente de toda a documentação que comprovasse que éramos do sexo feminino. Acabei na sala médica do Minas Tênis Clube, mesmo não sendo meu time na época.
O médico conversou comigo e meus pais de maneira brusca. Hoje em dia, as coisas melhoraram, mas muitos valores ainda são difíceis de mudar. Graças a Deus, eu tinha acabado de assinar com Bernardinho. Recebi propostas de várias equipes, mas ele me protegeu em Curitiba.
Fui para a pessoa certa naquele momento. Era apenas uma garota de 17 anos. Os jornais começaram a publicar matérias equivocadas, dizendo que eu era hermafrodita, travesti, alegavam que eu usava drogas, tomava substâncias proibidas, inventavam de tudo o que queriam…
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Virada de chave para Érika Coimbra
Bernardinho foi um anjo da guarda na vida de Érika. Ele não permitia que a televisão se aproximasse da atleta.
Em Curitiba, ela conseguiu a autorização para jogar até comprovar que realmente era uma mulher e que o ocorrido se tratava de uma síndrome rara.
Era difícil ir a uma festa ou sair em público porque as pessoas olhavam. Minha única opção era me esconder e ser forte, porque o voleibol era a oportunidade de uma vida melhor para mim e minha família. Bernardinho me indicou um médico para tratar a DDS (Desordem no Desenvolvimento Sexual).
Foi um processo difícil. Tive que ir à França para obter um documento rosa, comprovando minha identidade. Era uma mentalidade machista de uma geração anterior. Mas sou uma mulher, a prova viva de que é possível alcançar um alto nível de desempenho por mais de 20 anos…
Às vezes, me emociono e choro, mas se não tivesse passado por essa experiência, talvez não teria a capacidade de compartilhar essas informações com mães pelo mundo, pois ainda é uma condição com pouca divulgação. Às vezes, agradeço a Deus por essa síndrome, porque meu caminho era esse” explicou Érika Coimbra.
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Repórter no Esportelândia. Licenciado em Literatura Inglesa. Jornalista com passagens por Quinto Quarto, Blog de Escalada, Minha Torcida, Futebol Interior e Techpost. Está no Esportelândia desde 2022.