Bruninho, um dos maiores nomes do voleibol brasileiro, é reconhecido tanto por sua habilidade em quadra quanto por sua liderança. Contudo, sua trajetória não foi marcada apenas por vitórias e conquistas.

Em sua carreira, houve momentos difíceis, como ele mesmo relata. Esses desafios, em um caso isolado, envolveu um conflito com um treinador, o que gerou atritos e mudanças importantes em sua carreira.

A tensão entre Bruninho e o então técnico do Modena foi tamanha que Bruno teve que mudar de clube para seguir sua carreira, pois não acreditava em como o treinador guiava o time. O jogador falou tudo isso no Bola da Vez, da ESPN.

O pior treinador da carreira de Bruninho

A temporada de 2017/18 foi decisiva na carreira de Bruninho. Após retornar para a equipe de Modena, ele enfrentou pela primeira vez um atrito com um treinador. O impacto desse conflito foi grande, e o jogador reconhece que a relação com o comandante foi uma das mais difíceis que já teve.

Acho que tive alguns momentos [difíceis na carreira]. Teve um time em Modena, foi a temporada de 2017/18, quando eu volto para lá. Pela primeira vez, a única vez, um problema, um atrito com um treinador totalmente diferente daquilo que eu imaginava: valores, crenças.

Radostin Stoychev e a diferença de estilo de comando que incomodou Bruninho

O treinador em questão era o búlgaro Radostin Stoychev, que continua ativo na Itália até hoje. Bruninho, que sempre foi conhecido por seu estilo de liderança e comunicação com os companheiros, não conseguiu se adaptar ao comando de Stoychev.

Eu simplesmente não consegui lidar com o tipo de comando que ele tinha e via o quanto o time sofria. Naquele momento, eu estava tão perdido quanto o resto dos jogadores, que eram mais jovens, que tinham menos experiência que eu, porque eu não conseguia lidar com o treinador.

O papel do capitão e a falta de relação com o treinador

O papel de capitão de uma equipe é fundamental, pois exige comunicação constante com o treinador e os jogadores. Porém, no caso de Bruninho, essa relação não se concretizou com Radostin Stoychev.

O capitão tem que ser um cara que vai conversar com o treinador, que vai dar os feedbacks em certos momentos, e a gente não conseguiu ter uma relação.

Aquele ano foi um ano muito difícil para eu conseguir liderar, porque eu não tinha a tranquilidade de conseguir ajudar os outros atletas, que também estavam sofrendo.

Diante da dificuldade em se relacionar com o treinador, Bruninho tomou uma decisão difícil: mudar de equipe.

Tive que abrir mão de ficar em Modena, quando fui para Civitanova, porque eu não tinha condições psicológicas, mentais, de continuar trabalhando com um cara que eu não acreditava.

Valores diferentes e a decisão de Bruninho de sair do Modena

O conflito com Radostin Stoychev não foi apenas uma questão de estilo de comando, mas também de valores. Para Bruninho, um time deve ser mais do que um grupo de trabalho. Ele acredita que é necessário haver uma conexão maior.

Acho que um grupo é necessário ser uma família, ter lealdade, algo que seja mais do que o trabalho, do que o profissionalismo. E o cara tinha valores diferentes dos meus.

Essa diferença de valores foi um dos fatores principais para a decisão de Bruninho de deixar Modena. Embora hoje ele entenda melhor a situação, a convivência com Radostin Stoychev se mostrou insustentável. “Hoje eu entendo, mas eu não poderia trabalhar com ele”.

Os desafios de liderança não se limitam ao aspecto emocional, mas também ao entendimento das novas gerações de atletas. Bruninho admite que, mesmo com sua vasta experiência, é um processo contínuo tentar compreender as mudanças no comportamento e nas necessidades dos jogadores mais jovens.

Trabalho continuamente para tentar entender cada vez mais a nova geração, mas não é simples.

O discurso de saída de Bruninho do Modena

Em 18 de maio de 2018, ao final da temporada 2017/18, Bruninho Rezende chegou ao seu limite e deu um basta na relação com o treinador. Com isso, fez um forte desabafo nas redes sociais, enfatizando seu compromisso com o clube, mas com uma decisão tomada.

Depois de uma temporada toda difícil, com muitos problemas e decepções por não jogar no nível esperado, outra história continuou e agora é hora de encerrá-la. Já expliquei em entrevistas e disse que sempre fiz de tudo para ficar em Modena o máximo que pude. Contanto que eu pudesse ser feliz. Não posso ir contra mim mesmo.

Uma escolha foi feita pelo clube no início da temporada, da qual tentei me adaptar de TODAS as formas, mas não consegui. Nunca perdi um jogo ou treino. Mas sou homem e tenho limites em gerir sensações e pessoas que não têm os mesmos valores que os meus e das pessoas que me rodeiam.

Tive que seguir outro caminho. Uma estrada distante daquele que sempre foi meu primeiro amor. Eu não fui o único. Vi irmãos sofrendo e ficando calados e indo embora. As coisas mudaram 360 graus e meu coração pedia para voltar a uma escolha feita antes. Eu tentei, procurei um jeito e perguntei. Eu não tive sucesso.

Reflito e penso que devo assumir minhas responsabilidades e buscar meus objetivos profissionais. Uma nova aventura, com uma grande equipe e clube à procura de bons desafios. Talvez, sempre colocar a cara na frente e não se omitir cause problemas. É assim que eu sou.

Todos são livres para julgar. Não posso pedir às pessoas que me entendam. Mas quem me conhece sabe de tudo e a verdade dos fatos e as nossas relações e amizade vão além de tudo. Muito obrigado e você estará sempre no meu coração. Eu te amo ❤ Hora de seguir em frente.