Sheilla Castro foi uma das maiores jogadoras da história do vôlei brasileiro. Bicampeã olímpica e ícone de uma geração dourada, ela parecia inabalável dentro de quadra.
Mas, por trás das conquistas, a ex-oposta vivia um momento de exaustão que só anos depois entenderia como um burnout que resultaria na sua decisão de parar de jogar.
Apesar de muita gente achar que Sheilla parou de jogar para engravidar, a jogadora revelou em conversa ao podcast Futeboteco que mentiu para a imprensa sobre o real motivo.
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Sheilla Castro explica burnout que culminou em sua aposentadoria
Hoje eu tenho certeza de que ali, de 2014 a 2016, eu tive um burnout, que na época não era, entendeu? Tanto que eu parei de jogar em 2016, porque eu tinha acabado de fazer 33 anos e minha decisão de parar de jogar, todo mundo acha que foi para engravidar”, afirmou Sheilla.
A ex-jogadora explicou que, embora tenha dito à imprensa que queria engravidar, o verdadeiro motivo foi o desgaste físico e emocional que já não permitia continuar jogando em alto nível.
Eu falei para a imprensa isso, mas, assim, a decisão que eu tomei ali no começo de 2016 foi para parar, porque eu estava num nível… E assim, eu amo voleibol, não vou falar que eu não amava.
Então, eu amava treinar, estar dentro de quadra, e eu não conseguia entender todos aqueles sentimentos que estavam vindo e até hoje eu não consigo explicar sobre isso. Então, assim, a decisão de parar foi porque não dava mais.
Sheilla lembrou que, naquele momento, não se falava sobre saúde mental no esporte e, por isso, acabou mascarando o verdadeiro motivo da pausa.
Depois começaram a me questionar: por que você não está em nenhum clube? Aí, porque eu queria engravidar. Veio isso depois, entendeu? Porque, assim, não se falava disso, eu não entendia o que estava acontecendo comigo.
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O retorno da aposentadoria aconteceu por causa de Zé Roberto Guimarães
Aposentada em 2016, Sheilla Castro voltou às quadras três anos depois, e o retorno aconteceu a pedido de José Roberto Guimarães, técnico da Seleção Brasileira.
Eu realmente me aposentei em 2016. Em 2019, eu volto a jogar três anos depois e já vou para a seleção de cara, inclusive eu voltei a jogar porque o Zé pediu para eu tentar ir para (as Olimpíadas de) 2020.
No entanto, a ideia foi interrompida pela pandemia, quando a bicampeã olímpica definiu que seria realmente o fim de sua carreira no esporte como atleta profissional.
Aí, eu sou convocada para a seleção, de cara, começa campeonato, campeonato, vou para o Minas depois, seis meses de treinamento, mais ou menos, nem sei se chegou a seis meses, começa a pandemia.
Na pandemia, eu falei: ‘Ah, quer saber?’ Já tinha minhas filhas, né? Eu falei assim: ‘Vou parar’. Talvez, se não tivesse tido a pandemia, eu teria jogado mais tempo.
Mesmo assim, Sheilla reconhece que já não sentia a mesma alegria em competir.
Eu não sentia mais aquela felicidade dentro de quadra, apesar de amar o voleibol. Aquele negócio de ir ao treino sempre com prazer, alegria.
“Virou Sheilla do vôlei, não Sheilla Castro”
A ex-oposta também refletiu sobre o peso da identidade construída em torno do esporte e como o fim da carreira profissional trouxe novos questionamentos.
Eu comecei a jogar muito cedo, a ser atleta profissional muito cedo, e o voleibol foi a minha construção como pessoa, né? Eu ser atleta foi a minha construção, é a Sheilla do vôlei. Virou um sobrenome, né? Não é Sheilla Castro, é a Sheilla do vôlei.
Essa relação com o próprio nome ainda a acompanha, mesmo após a aposentadoria.
Aí, quando você para de jogar, para você, a sua identidade é o quê? É a Sheilla do vôlei. No começo as pessoas falavam assim: ‘Nossa, você é a Sheilla da seleção?’. Ah, não, eu não tô mais na seleção. Aí depois você fala assim: ‘Gente, vou ser para sempre a Sheila da seleção, a Sheila do vôlei’.
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Assista ao episódio completo do Futeboteco com Sheilla Castro aqui
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