A participação da tenista bielorrussa Aryna Sabalenka no WTA 1000 de Miami foi marcada por uma série de emoções difíceis. O Esportelândia conversou com um psicólogo para entender a importância do luto no esporte. Confira mais a seguir.
Luto no esporte: psicólogo responde caso de Aryna Sabalenka
No sábado, Sabalenka enfrentou a ucraniana Anhelina Kalinina em sua segunda partida no torneio, ainda lidando com o impacto da recente perda de seu ex-namorado, Konstantin Koltsov.
Atualmente classificada como número dois do ranking mundial, Sabalenka não conseguiu superar Kalinina, que ocupa a 36ª posição no ranking. A partida foi decidida em três sets, com parciais de 6-4, 1-6 e 6-1, resultando na eliminação da bielorrussa na terceira rodada.
Durante o confronto, Sabalenka demonstrou sua frustração, batendo repetidamente sua raquete no chão da quadra. Apesar do esforço e da determinação, ela não conseguiu evitar a derrota, que foi confirmada após duas horas de jogo.
Mesmo enfrentando esse momento pessoal difícil, Sabalenka optou por continuar no torneio após a trágica notícia do falecimento de Koltsov, ocorrido no início da semana. A polícia de Miami classificou a morte como um “aparente suicídio”.
O processo de luto pode variar de pessoa para pessoa porque pode muitas vezes estar relacionado às crenças do indivíduo, sua cultura, histórico familiar e até religiosidade… – disse o psicólogo clínico Marcelo de Oliveira (CRP 06/75882).
Luto no esporte: atletas que enfrentaram em suas carreiras
Famoso internacionalmente, Adriano Imperador teve um declínio em sua carreira esportiva logo após perder seu pai. Adriano via no pai mais do que um espelho paterno; era um verdadeiro amigo.
Sua partida afetou consideravelmente seus passos no futebol desde então, levando ao término de sua carreira em 2016, com um auge encurtado. No entanto, ele teve um último lampejo do que o mundo do futebol já havia visto em 2009, quando liderou o Flamengo ao título do Campeonato Brasileiro.
Não é incomum ver grandes atletas optarem por encerrar suas carreiras esportivas em um momento que muitos consideram o ápice. Khabib Nurmagomedov perdeu seu pai, Abdulmanap Nurmagomedov, em 2020, após complicações com a Covid-19. A morte de seu querido pai e treinador o fez repensar seu futuro.
O tempo que dedicava aos treinos poderia ser compartilhado com a família e a mãe, que havia acabado de perder o companheiro. Mesmo sendo o então campeão peso leve do UFC, Khabib mostrou que a família era mais importante naquele momento e decidiu se aposentar do octógono.
Respeitando as fases do luto, é provável que seja um momento ou estágio difícil de lidar, mas é claro que, dependendo do histórico da pessoa e de suas formas e percepções de encarar as situações, ela até pode reverter isso como algo que impulsiona a ressignificar situações e alcançar metas e objetivos, especialmente quando falamos de performance esportiva. – disse o psicólogo clínico Marcelo de Oliveira.
Luto no esporte: histórias de superação pós-luto no esporte
Uma história inspiradora é a de Richard Norris Williams, conhecido como Dick. O tenista sobreviveu ao naufrágio do Titanic em 1912, mas infelizmente seu pai não teve a mesma sorte e foi uma das vítimas da tragédia.
Apesar de ter suas pernas severamente congeladas, a ponto de um médico considerar a amputação, Dick tinha o sonho de ser um grande tenista e conquistar uma medalha olímpica de ouro.
Recusando-se a desistir, ele superou a lesão, levantando-se e andando a cada duas horas, 24 horas por dia. Alguns anos depois, nas Olimpíadas de Paris em 1924, Dick realizou seu sonho ao conquistar a tão desejada medalha de ouro nas duplas.
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Para alguns atletas, é compreensível fazer uma pausa em suas carreiras ou treinos para poder elaborar o processo de luto com o tempo necessário, encontrando o equilíbrio mental e físico para continuar competindo ou treinando. – finalizou Marcelo de Oliveira.
Um exemplo de sucesso em diversos setores é Michael Jordan. Considerado por muitos como o melhor jogador de basquete da história, MJ perdeu seu pai em 1993, alguns meses depois de conquistar o tricampeonato da NBA pelo Chicago Bulls. O período de luto de Jordan foi mais longo do que muitos imaginavam.
Inicialmente, ele decidiu se aposentar do basquete, seguindo uma paixão que compartilhava com seu amado pai: o beisebol. Foi no beisebol que Jordan encontrou consolo e redescobriu o prazer de jogar basquete, retornando cerca de um ano e meio após a morte de seu querido pai e amigo, James Jordan.
Apesar da perda, Michael conseguiu voltar ao seu grande nível de jogo, conquistando mais três campeonatos seguidos antes de se aposentar, o que para muitos foi considerado a aposentadoria definitiva. (Isto porque MJ ainda retornaria em 2002 para defender o Wizards, franquia da qual era um dos proprietários, decidindo jogar para ajudar no marketing do grupo usando seu nome, que costuma ter muito sucesso nos negócios).
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A importância do equilíbrio entre mente e corpo
Por fim, outro exemplo de superação é o de Cristiano Ronaldo. O astro do futebol português e mundial perdeu seu pai em 2004, quando ainda buscava um lugar mais sólido no olimpo dos grandes nomes do esporte. CR7 recebeu a notícia de que seu pai havia falecido de cirrose pouco tempo antes de realizar uma partida pela Seleção Portuguesa.
Cristiano teve seu momento de luto na concentração para a partida, mas optou por jogar, explicando que seria uma forma de honrar seu pai. A morte de seu pai foi um baque para toda a família Aveiro, mas que Ronaldo soube lidar, contornando esse período difícil com o apoio da família e amigos e se mostrando um verdadeiro atleta estelar.
Hoje, com diversos recordes de artilharia, prêmios individuais e amplamente considerado um dos maiores da história do futebol e o principal nome da história do futebol português, Cristiano Ronaldo é uma das figuras para aqueles que perdem entes queridos e não sabem o que fazer com suas carreiras após tamanha perda.
Em última análise, o equilíbrio entre mente e corpo é essencial para que os atletas lidem com o luto e continuem a performar em alto nível. O luto é um processo complexo e individual, especialmente para atletas de alto rendimento como Aryna Sabalenka, que enfrentam desafios emocionais enquanto continuam a competir em alto nível.
No caso mais recente, a decisão de Sabalenka competir pode ter sido uma forma de honrar a memória de seu ex-namorado e encontrar forças para seguir em frente. Exemplos de figuras como Michael Jordan e Cristiano Ronaldo, que enfrentaram tragédias pessoais durante suas carreiras, mostram como o esporte pode ser uma fonte de superação e inspiração.
- Forma de contato com o psicólogo Marcelo de Oliveira (CRP 06/75882): WhatsApp (011) 983367899
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Repórter no Esportelândia. Licenciado em Literatura Inglesa. Jornalista com passagens por Quinto Quarto, Blog de Escalada, Minha Torcida, Futebol Interior e Techpost. Está no Esportelândia desde 2022.