Nelson Piquet relembrou sua trajetória até chegar à Fórmula 1. O tricampeão mundial participou do podcast Pelas Pistas e não economizou em detalhes sobre sua preparação técnica, as dificuldades da juventude e os improvisos que o levaram ao topo.

No bate-papo, ele comparou sua rápida ascensão ao título com a de seu genro Max Verstappen, revelando que, enquanto o holandês levou sete anos para conquistar a Fórmula 1, ele precisou de apenas três, sendo que quase venceu no segundo.

A jornada de Nelson Piquet antes da Fórmula 1 e a “superioridade” sobre Verstappen

Foi nos Estados Unidos que Nelson Piquet começou a moldar a cabeça de mecânico/engenheiro que o ajudaria a dominar o automobilismo mundial.

Fiz intercâmbio nos Estados Unidos e tinha 40 minutos por dia de aula de mecânica. Com 16 anos, eu aprendi funilaria. A gente trabalhava mesmo. Fazia lanterna, montava carro…

Ao voltar ao Brasil, ele já estava em outro nível. Mas o pai não aprovava o envolvimento com carros. Por outro lado, aprendeu, desde cedo, que se ninguém quisesse contratá-lo, ele mesmo criaria as oportunidades.

Meu pai era contra. Dizia que eu tinha que estudar. Mas eu queria trabalhar. Aqui no Brasil é assim: você tem que se formar para tentar um emprego.

Nos EUA, você estuda e já trabalha. Então, comecei a trabalhar de graça. Aprendi a montar câmbio, depois fui fazer curso de retífica em São Paulo.

De funileiro a preparador de motores

Com criatividade e empenho, passou a mexer em motos, depois em karts. Tudo com as próprias mãos. A evolução foi natural: ele entendia o que estava por trás de cada peça e como transformar isso em performance na pista.

Fazia motor de kart com meu irmão, na base da experiência. A gente olhava o tamanho da janela de admissão e mexia no que dava. Ganhamos algumas corridinhas. Tudo sem patrocínio, sem estrutura.

Nelson Piquet sempre gostou de entender o carro em sua totalidade. Quando chegou à Fórmula 3, já era capaz de diagnosticar problemas que engenheiros ainda discutiam. Isso fez com que sua ascensão fosse rápida e respeitada.

Eu sabia mais que muito engenheiro. Sabia o tempo, o torque, o cinto… fazia tudo. E esse conhecimento foi crucial pra subir mais rápido que os outros. Não tinha time.

Corria contra caras como o Ingo, o Fittipaldi… mas o carro, a preparação, era tudo meu. Isso foi o melhor aprendizado pra quando cheguei na Fórmula 1.

A aventura na Europa

A transição para o automobilismo europeu foi digna de roteiro de cinema. O desembarque de Nelson Piquet na Europa foi solitário e desafiador. Não havia staff, patrocinadores milionários ou suporte familiar. Ele foi sozinho, com o mínimo de estrutura.

Quando eu fui correr no início, na primeira ou segunda temporada de Super Vê, eu ia sozinho. Pegava o avião, carregava minhas peças. Não tinha time. Corria contra Ingo Hoffmann, Fittipaldi… eu tinha meu carro, minha carreira.

Sem apoio oficial, foi construindo sua reputação na raça. Conhecia cada detalhe do carro e, mesmo diante da dificuldade de comunicação com engenheiros europeus, impressionava pelo domínio técnico e espírito de liderança.

O primeiro engenheiro que conversei na Fórmula 1 perguntou: o que você acha do carro? Eu disse: isso, isso e isso. E ele concordou. Sabia tudo, porque fiz tudo antes. Meu diferencial foi saber o que estava por trás de cada decisão.

A comparação com Verstappen

Apesar de toda a dificuldade, Piquet não hesita em afirmar que seu caminho até o topo foi rápido. E aproveita para alfinetar, com humor, a nova geração da Fórmula 1.

O Verstappen levou sete anos pra ser campeão. Eu ganhei no terceiro. E olha que eu fazia tudo. Hoje tem duzentos sensores, se cair uma gota no carro os engenheiros já sabem. Na minha época, era no feeling mesmo.

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Eric Filardi Content Coordinator

Coordenador do Esportelândia desde 2021, é jornalista pós-graduado em Jornalismo Esportivo. Autor do livro “Os Mestres do Espetáculo”, que está na biblioteca do Museu do Futebol de São Paulo. Passou por Jovem Pan, Futebol na Veia e PL Brasil.