Antes de mais nada, a direção da Fórmula 1 anunciou na última quarta-feira (30), que a partir de 2023, a maior categoria do automobilismo mundial correrá pelas ruas de Las Vegas. Em suma, é uma grande vitória para a categoria. Principalmente, para a Liberty Media, detentora dos direitos televisivos da Fórmula 1.
Historicamente, sempre foi uma obsessão da F1 correr na terra do Tio Sam. E apesar de já ter conseguido desde a criação da categoria nos anos 50, nunca houve um apelo do público americano pela Fórmula 1 no país. Contudo, isso mudou a partir de 2012, quando a F1 voltou ao território dos Estados Unidos. A partir daí, começou a investida da categoria no país da América do Norte.
Contudo, esta expansão da Fórmula 1 nos EUA passa muito pelas detentoras dos direitos televisivos da categoria. Em suma, durante anos, quem deteve estes direitos foi a própria F1, sendo liderado por Bernie Ecclestone. Assim, desde muto tempo, Bernie e sua equipe vinham tentando expandir a categoria para as terras americanas. Chegaram até a incorporar as 500 milhas de Indianápolis ao calendário da F1. Entretanto, nunca houve apelo popular para a Fórmula 1, algo que incomodava muito Bernie. Então, sua maior vitória neste sentido foi conseguir fazer a F1 correr no Circuit Of The Americas, em Austin, Texas (onde corre até hoje).
Liberty Media e a expansão da Fórmula 1
Todavia, tudo mudou quando a Fórmula 1 resolveu terceirizar os direitos de transmissão da categoria. Portanto, a empresa responsável por distribuir a F1 pelo mundo foi a Liberty Media (empresa do Colorado, Estados Unidos). A partir daí, a Liberty começou um trabalho incansável para expandir a marca da F1 nos EUA, visto que a própria empresa é americana. Em suma, o principal movimento da F1 junto com a Liberty foi estrear uma série na Netflix (principal serviço de streaming do mundo). Assim, “Drive To Survive” (ou Dirigir para Viver, em português) fez um sucesso enorme no mundo inteiro. Principalmente, entre o público jovem americano. Que era o público alvo da Liberty e da F1. Assim, em 2019, ano de estreia da série, o público do GP dos Estados Unidos mais do que dobrou. E em 2021, recorde absoluto: 400 mil pessoas durante os três dias de F1 nos EUA.
Com isso, a Liberty e a Fórmula 1 consideraram que o território dos Estados Unidos havia sido “dominado”. Então, é hora de expandir. E esta expansão já começou no ano passado, com o anuncio do GP de Miami para este ano (que vai acontecer entre os dias 6 e 8 de maio). Não era suficiente para a insaciável Fórmula 1. Era preciso um circuito nos EUA que mostrasse que o público americano comprou a F1. Basicamente, mostrar o poder que a Liberty e F1 tem sobre o público americano.
Expansão concluída
Em suma, esta demonstração de poder foi concluída com o anuncio do GP de Las Vegas. A saber, a F1 não precisava de mais um circuito de rua (atualmente, a categoria corre nas ruas de Baku, Mônaco, Jeddah, Melbourne, Montreal, Singapura e a própria Miami). Já que circuitos de rua são mais desafiadores para pilotos e equipes e mais perigosos também. Contudo, correr no coração de Las Vegas, com os carros passando pela famosa Strip (a rua mais famosa de Las Vegas, onde ficam os maiores cassinos, hotéis e atrações de entretenimento da cidade) é algo muito impactante.
Com esta obsessão praticamente concluída, o novo CEO da Fórmula 1, Stefano Domenicali comemorou muito o acerto do GP de Las Vegas:
“Acreditamos, sem ser arrogantes, que a Fórmula 1 será algo que os fãs americanos vão adorar se envolver ainda mais… Ninguém faz uma festa como Las Vegas e prevejo que esta será a corrida icônica, a principal corrida da F1 dentro de alguns anos”
A saber, estas declarações do chefão da F1 só demonstram como a categoria conseguiu concluir sua expansão nos Estados Unidos. E essa expansão era necessária. Já que, querendo ou não, os EUA são o país do entretenimento. Por fim, a maior demonstração de que a Fórmula 1 se importa (e muito) com o público americano é que o GP de Las Vegas será no sábado a noite. A justificativa para a mudança de horário é que o fã de esporte americano é mais propenso a assistir pela TV num sábado a noite do que num domingo (dia normal das corridas).
Próxima expansão
A expectativa é de que veremos esta expansão em outros países além dos EUA. Meu palpite? China. Já que temos no país asiático a maior população do mundo. Além disso, se costumava ter corridas em Xangai, que acabou sendo cancelada devido a pandemia de Covid-19 e não voltou ao calendário desde então.
Vale lembrar que a corrida de nº 1000 da Fórmula 1 aconteceu em Xangai. E isto foi uma marca emblemática para a categoria. Portanto, não será surpresa se a F1 começar a “desbravar” o território chinês.
Foto Destaque: Divulgação/F1
Jornalista em formação pela Universidade Veiga de Almeida (RJ). Apaixonado pela profissão e por esportes, principalmente Automobilismo e Futebol. Porém, não dispenso nenhum esporte sequer. No que precisar de mim, eu estarei lá. Insta: @jvffreire