Beatriz Ferreira deixou de ser promessa e se tornou a maior boxeadora do Brasil. Desde 2017, ela acumula a maior medalha do boxe feminino brasileiro em Olimpíadas, a prata, em Tóquio 2020, e ostenta um bicampeonato mundial no boxe profissional.

Uma pugilista extraordinária que tem o boxe no sangue, inspirada por seu pai, que também é professor e foi boxeador profissional e campeão. Confira mais sobre Beatriz Ferreira, sua biografia, cartel e títulos.

Quem é Beatriz Ferreira?

Beatriz Iasmin Soares Ferreira é uma boxeadora profissional brasileira, nascida em Salvador, Bahia, em 9 de dezembro de 1992. Desde 2017, ela compete em eventos da AIBA (Associação Internacional de Boxe Amador).

Beatriz Ferreira também possui outra carreira. Isso porque ela é Terceiro-Sargento da Marinha e faz parte do Programa Olímpico da Marinha (PROLIM) como atleta.

Competindo na categoria peso-leve, Beatriz ganhou destaque no cenário esportivo em 2019 ao se tornar a primeira brasileira a conquistar o Campeonato Mundial de Boxe. Esse feito a levou ao topo do ranking mundial em sua categoria.

Reconhecida por sua consistência e força superior à média para sua classe, Beatriz é bicampeã brasileira e conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, entre muitos outros títulos.

Além de seus golpes potentes, Beatriz possui um número impressionante de conquistas internacionais, destacando-se entre as atletas brasileiras.

Sua trajetória vitoriosa, com um número de vitórias seis vezes maior que o de derrotas, reforça sua importância no cenário nacional e também internacional. O número de participações em torneios e pódios, cerca de 30, também atesta seu sucesso.

Beatriz com a medalha de Ouro do Pan 2019
Beatriz com a medalha de Ouro do Pan 2019 (Jonne Roriz/COB)

Biografia de Beatriz Ferreira

O boxe está literalmente no DNA de Beatriz Ferreira. Seu pai, Raimundo Ferreira, conhecido como “Sergipe,” teve uma carreira brilhante nos anos 1990 e 2000, sendo bicampeão brasileiro e tricampeão baiano, além de atuar como sparring do famoso Acelino “Popó” Freitas.

Desde os quatro anos, Beatriz já praticava seus golpes na frente do espelho. Aos 13, ela aplicava esses golpes nos colegas de treino, sempre sob a supervisão atenta e orgulhosa de seu pai e treinador. Aos 15 anos, para ajudar em casa, Beatriz já dava aulas de boxe.

Para Bia, o boxe não era apenas uma herança genética, mas também parte do seu cotidiano. A garagem de sua casa foi transformada pelo pai em uma academia e se tornou um ponto de encontro para aspirantes a boxeadores, incluindo a própria Beatriz.

Apesar de seu rápido e evidente progresso no esporte, Beatriz ficou em um “regime fechado” por cerca de nove anos, não por falta de talento, mas devido à escassez de competições femininas e adversárias em sua categoria.

História de Beatriz Ferreira no boxe

Beatriz Ferreira fez sua estreia oficial no boxe aos 21 anos, vencendo sua primeira luta no Campeonato Brasileiro de 2014. No entanto, ela foi suspensa por dois anos logo depois.

O motivo da suspensão não estava relacionado à sua performance no ringue, mas ao regulamento da AIBA (Associação Internacional de Boxe Amador), que exige exclusividade dos competidores no esporte.

Meses antes de sua estreia no boxe, Beatriz havia participado de um torneio de Muay Thai para não ficar parada, já que havia poucas lutas disponíveis no boxe.

Essa participação em outra modalidade resultou na penalidade de dois anos, quase levando-a a desistir do seu sonho. Contudo, a família e amigos a incentivaram a continuar.

Sem poder disputar uma vaga nos Jogos Olímpicos de 2016 devido à suspensão, Beatriz Ferreira continuou a competir, participando dos Jogos Abertos do Interior.

Embora esses jogos não sejam chancelados pela AIBA, eles atraem muitos dos melhores pugilistas. Beatriz venceu nos Jogos Abertos do Interior tanto em 2014 quanto em 2015, mostrando sua determinação e habilidade.

Beatriz Ferreira
Beatriz Ferreira em ação (Divulgação/COB)

Beatriz Ferreira na Seleção Brasileira de Boxe

Nos Jogos Abertos do Interior, entre os grandes nomes do boxe nacional, estavam os treinadores da Seleção Brasileira. Surpreendidos pelo desempenho de Beatriz Ferreira nas duas edições, eles a convidaram para treinar com a Seleção.

Ainda cumprindo sua suspensão, Beatriz não podia competir pelo Brasil, mas participou de todas as outras atividades da equipe. Em 2016, ela fez parte do projeto Vivência Olímpica, que permite que atletas promissores integrem a delegação para vivenciar a experiência de uma competição olímpica. Beatriz até atuou como sparring para Adriana Araújo, medalhista de bronze nos Jogos de Londres 2012.

Ascensão e consagração

A partir de 2017, Beatriz finalmente pôde voltar aos ringues e mostrar seu potencial. O que se seguiu foi uma sequência impressionante de vitórias e pódios. Quem acompanhava sua trajetória sabia do seu talento.

Em cinco torneios internacionais disputados, Beatriz conquistou três títulos e subiu ao pódio em todos. Em 2018, ela se tornou bicampeã do Campeonato Brasileiro e venceu os Jogos Sul-Americanos.

Naquele momento, Beatriz já era reconhecida como um fenômeno do boxe brasileiro, titular da Seleção e duas vezes premiada no Prêmio Brasil Olímpico. Em 2019, ela alcançou um nível ainda mais elevado.

Primeiro ouro em Mundiais de Beatriz Ferreira

O ano de 2019 foi espetacular para Beatriz Ferreira. Em agosto, ela conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru.

Mais tarde, em outubro, ela fez história ao derrotar a chinesa Cong Wang, por 5 x 0, e vencer o Campeonato Mundial de Boxe.

Com essa vitória, Beatriz fez história. Já que se tornou a primeira pugilista brasileira a conquistar o título mundial, solidificando-se como uma inspiração para futuras gerações de boxeadoras.

Segundo ouro em Mundiais de Beatriz Ferreira

Em 2022, Beatriz Ferreira não conseguiu repetir seu sucesso anterior no Campeonato Mundial, ficando com a prata. No entanto, ela persistiu com paciência e trabalho árduo.

No ano seguinte, Beatriz fez história ao conquistar o bicampeonato mundial. No dia 26 de março, venceu a colombiana Angie Valdéz por decisão unânime.

Essa vitória marcou sua terceira final consecutiva em campeonatos mundiais, resultando em dois ouros e uma prata. Beatriz é a pugilista brasileira de maior destaque em mundiais.

Isso porque seus feitos fizeram com que superasse Robson Conceição (prata em 2013 e bronze em 2015) e Everton Lopes (ouro em 2011 e bronze em 2013).

Além disso, Beatriz Ferreira foi a primeira brasileira a alcançar o topo do ranking mundial de boxeadores ao vencer o Mundial de 2019. Com a conquista do Campeonato Mundial de 2023, ela continua sendo a número um do mundo.

Beatriz Ferreira em Olimpíadas

Devido à sua suspensão, Beatriz Ferreira não pôde disputar uma vaga para os Jogos Rio 2016. Após o fim da penalidade, ela conquistou inúmeras vitórias e seu primeiro Campeonato Mundial, finalmente partindo para sua primeira Olimpíada, em Tóquio 2020.

Chegando como campeã de torneios importantes, Beatriz teve uma performance impressionante nas Olimpíadas e chegou muito perto do ouro.

Para sua primeira participação olímpica, a medalha de prata, o melhor resultado do boxe feminino brasileiro até então, foi uma conquista significativa.

Vale destacar que Bia perdeu sua invencibilidade de 23 lutas apenas na final olímpica contra a irlandesa Kellie Anne Harrington.

Foto: Abaca / Icon Sport
Beatriz Ferreira comemora a medalha conquistada em Tóquio (Icon Sport)

Em Paris 2024, Bia chegou como uma das principais favoritas. No entanto, a brasileira acabou novamente superada pela irlandesa Kellie Anne Harrington, dessa vez na luta da semifinal.

Dessa forma, Beatriz terminou com a medalha de bronze.

Medalhas e prêmios individuais de Beatriz Ferreira no boxe

Nacionais

  • 2x Campeã Jogos Abertos do Interior (2014 e 2015)
  • 2x Campeã Paulista (2016 e 2018)
  • 4x Campeã Brasileira (2017, 2018, 2020 e 2022)

Internacionais

  • 2x Ouros — Campeonato Mundial (2019 e 2023)
  • 1x Prata — Campeonato Mundial (2022)
  • 1x Prata — Jogos Olímpicos (2020)
  • 1x Bronze — Jogos Olímpicos (2024)
  • 3x Ouros — Strandja Tournament (2019, 2021 e 2023)
  • 2x Ouros — Torneio Belgrado Winner (2017 e 2018)
  • 1x Ouro — Continental Feminino Elite (2017)
  • 1x Ouro — XI Jogos Sul-americanos (2018)
  • 1x Ouro — Continental Feminino Elite (2018)
  • 1x Ouro — Torneio dos Balcãs (2018)
  • 1x Ouro — Feliks Stamm Tournament (2019)
  • 1x Ouro — Grand Prix Ustí Nad Laben (2019)
  • 1x Ouro — Jogos Pan-americanos (2019)
  • 1x Ouro — Selesian Tournament (2019)
  • 1x Ouro — Torneio dos Balkans (2020)
  • 1x Ouro — Cologne Worldcup (2021)
  • 1x Ouro — Campeonato Mundial Militar (2021)
  • 1x Ouro — Bosckai Tournament (2022)
  • 1x Ouro — Continental AMBC Elite (2022)
  • 1x Ouro — Grand Prix-Brasil (2022)
  • 1x Prata — Eliminatória Jogos Pan-americanos (2019)
  • 1 x Prata — 69th Strandja Tournament (2018)
  • 1x Prata — Torneio Feliks Stamm (2018)
  • 1x Bronze — Torneio Magomed-Salam Mackhachkala (2017)

Prêmios individuais

  • 2x Melhor Atleta do Brasil (2019 e 2023)
  • Melhor atleta do mundo pela Aiba (2019)
  • 3x Melhor Atleta do Boxe pelo COB (2017, 2018 e 2019)

Cartel de Beatriz Ferreira

O cartel de Beatriz Ferreira inclui mais de 100 lutas, sendo 40 oficiais, das quais 35 são vitórias e apenas cinco, derrotas. A adversária que Beatriz mais venceu foi a estadunidense Rashida Ellis, derrotada por ela em três ocasiões.

Curiosidades sobre Beatriz Ferreira

Raimundo Ferreira, pai de Beatriz, também foi pugilista e obteve destaque como bicampeão brasileiro e tricampeão baiano. Desde cedo, Beatriz demonstrou uma paixão imensa pelo boxe, e aos 15 anos começou a ensinar a modalidade.

Integrante do programa Vivência Olímpica, Beatriz se juntou à equipe brasileira nos Jogos do Rio 2016, onde atuou como sparring para Adriana Araújo, a primeira medalhista olímpica do boxe feminino (bronze).

Beatriz tem como objetivo aumentar o número de categorias no boxe feminino de três para cinco, visando facilitar o caminho para futuras atletas e evitar os desafios que ela mesma enfrentou.

Beatriz Ferreira conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, marcando o melhor resultado do boxe feminino brasileiro em Olimpíadas.

Em julho de 2020, ela se tornou a primeira boxeadora brasileira a liderar o Ranking Mundial da AIBA na categoria leve (60 kg). Além disso, em 2019, Beatriz foi a primeira brasileira a ser nomeada melhor atleta de um Campeonato Mundial de Boxe ao vencer a medalha de ouro.

A atleta tem duas irmãs mais novas, Samira e Maria Antônia. Em uma entrevista, Beatriz revelou que seu pai estava envolvido em uma luta no dia do nascimento de Samira; após acompanhar o parto, ele buscou Beatriz em casa e foi lutar logo em seguida.

Beatriz também se destacou como atleta militar, ganhando a medalha de ouro na categoria até 60 kg nos Jogos Mundiais Militares de Moscou 2021.

Beatriz Ferreira é bronze nos Jogos Olímpicos de Paris 2024

Beatriz Ferreira reencontrou a irlandesa Kellie Harrington em Paris 2024. A lutadora havia superado Bia na final em Tóquio, no ano de 2021. Agora, a luta foi válida pela semifinal olímpica.

Em uma luta difícil, a brasileira não conseguiu fazer valer o favoritismo e foi novamente derrotada pela irlandesa, dessa vez ficando com a medalha de bronze.

Juiz da luta de Bia Ferreira é afastado por suspeita de corrupção

Após o final da Olimpíada de Paris, o árbitro principal da luta entre Beatriz Ferreira e Kellie Anne Harrington foi afastado por suspeita de corrupção.

A informação foi divulgada pelo jornal britânico The Times e revela que Yermek Suiyenish e mais um juiz que participou dos Jogos Olímpicos estão sendo investigados.

Por fim, após conhecer a história da campeã Beatriz Ferreira, confira: