Manoel Francisco dos Santos, mais conhecido como, Mané Garrincha, ou somente, Garrincha, foi um ídolo e craque do futebol brasileiro durante as décadas de 1950 e 1960, tendo grande idolatria no Botafogo e na Seleção Brasileira.
Garrincha nasceu em Pau Grande, Rio de Janeiro, em 1933 e teve infância humilde, o que não impediu o surgimento de um talento excepcional nos campos de futebol. Jogou por Botafogo e Seleção Brasileira com maior destaque.
Passou ainda por times como Flamengo e Corinthians, sem brilhar e já com problemas na carreira, por conta do alcoolismo. Teve uma vida e uma carreira dentro das quatro linhas, muito movimentadas, se tornando um símbolo nacional.
Controverso, Mané Garrincha teve problemas com álcool durante toda sua vida, o que encurtou sua brilhante carreira, ainda assim, é um dos maiores jogadores de todos os tempos, com seus dribles e categoria inigualáveis.
História de Garrincha
Garrincha, cujo nome verdadeiro era Manoel dos Santos, veio de uma família humilde de quinze irmãos em Pau Grande, um bairro em Magé, Rio de Janeiro. Seu apelido foi dado pela irmã, fazendo referência ao pássaro de mesmo nome, abundante na região.
Famoso por seus dribles únicos, ele é amplamente considerado um dos melhores pontas-direitas e dribladores na história do futebol.
Reconhecido mundialmente como uma lenda do esporte, Garrincha é particularmente amado pelos fãs de futebol no Brasil, sendo muitos deles da opinião de que ele superava até mesmo Pelé em habilidade.
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Apesar de sua genialidade nos gramados, Garrincha enfrentou desafios físicos significativos. Ele tinha vários defeitos congênitos, incluindo estrabismo, desequilíbrio da pelve, diferença de comprimento nas pernas e problemas nos joelhos.
Idolatria no Botafogo
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Durante a maioria de sua carreira, cerca de 95% das partidas, Garrincha jogou pelo Botafogo (de 1953 a 1965) e pela Seleção Brasileira (de 1955 a 1966).
Sua estreia no Botafogo ocorreu em 19 de julho de 1953, marcando três gols contra o Bonsucesso no Campeonato Carioca.
Ao longo de 12 anos no Botafogo, Garrincha conquistou o Campeonato Carioca três vezes, marcando 232 gols em 581 partidas e tornando-se uma figura icônica do clube.
Durante seu tempo no time carioca, enfrentou 150 partidas contra equipes do Rio de Janeiro e São Paulo, registrando vantagem sobre cinco times e desvantagem apenas contra Santos e Vasco da Gama.
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Desde os primeiros jogos, Garrincha impressionou com suas habilidades únicas, sendo considerado uma revelação do futebol em 1953.
Suas pernas tortas não foram impedimento para sua destreza e agilidade impressionantes em campo, mesmo que, segundo análises, ainda precisasse aprimorar certos aspectos do jogo.
Em seu primeiro campeonato, o Carioca de 1953, Garrincha foi vice-artilheiro, mostrando seu potencial desde o início de sua carreira.
Mané Garrincha com a camisa do Brasil
Garrincha foi uma peça essencial na Seleção Brasileira, disputando 50 partidas oficiais entre 1955 e 1966, onde marcou 12 gols.
Titular em três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1966) e participando de outras competições como a Copa América de 1957 e 1959, onde o Brasil ficou em segundo lugar em ambas.
Sua estreia foi em 1955 contra o Chile, registrando apenas uma derrota em seus jogos, quando o Brasil perdeu por 3 a 1 para a Hungria em 1966, sem a presença de Pelé.
Garrincha era conhecido por seu estilo irreverente, mantendo seu jeito brincalhão mesmo em jogos oficiais pela Seleção Brasileira.
Sua ausência na Copa do Mundo FIFA de 1954 é atribuída a questões táticas e a preferência por um jogo mais coletivo, além da presença de outros talentos na posição.
Apesar de jogar algumas partidas em torneios sul-americanos, Garrincha foi reserva na Copa Roca de 1957 e na Copa Oswaldo Cruz de 1958, onde Joel era o titular preferido naquela posição.
Copa do Mundo de 1958
Garrincha, mesmo sendo subestimado por testes psicológicos antes da Copa do Mundo de 1958, brilhou intensamente. Conhecido por sua personalidade irreverente, sua história durante o torneio é repleta de momentos emblemáticos.
Embora não tenha sido inicialmente escalado nas duas primeiras partidas do Brasil, sua entrada contra a União Soviética foi memorável.
A lenda da dupla “Garrincha e Pelé” começou nesse jogo, onde Garrincha, com sua ousadia característica, deu o pontapé inicial com dribles incríveis, ficando conhecidos como “os três minutos mais incríveis do futebol”. O Brasil venceu por 2 a 0.
No jogo seguinte, contra o País de Gales nas quartas de final, Garrincha continuou a surpreender, sendo descrito por adversários como um “fenômeno capaz de pura magia”.
Na final contra a Suécia, Garrincha desempenhou um papel fundamental, proporcionando duas assistências para os gols brasileiros, ajudando o Brasil a conquistar sua primeira Copa do Mundo.
1962! A Copa de Garrincha
Garrincha se tornou uma lenda na Copa do Mundo FIFA de 1962, um torneio que o consagrou como um dos maiores jogadores da história do futebol.
Quando Pelé se machucou, Garrincha assumiu a responsabilidade e brilhou intensamente, tornando-se a peça-chave da seleção brasileira.
Destacou-se especialmente em jogos cruciais, como contra a Espanha e a Inglaterra. Na partida contra os ingleses, driblou adversários e marcou dois gols, além de contribuir para o terceiro gol brasileiro.
Sua performance foi tão impressionante que a imprensa britânica o comparou a lendas do futebol inglês.
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Um episódio peculiar aconteceu durante o jogo contra a Inglaterra, quando um cachorro invadiu o campo. Garrincha, entusiasmado com a situação, acabou levando o cachorro para casa como animal de estimação, dando-lhe o nome de “Bi”.
Na semifinal contra o Chile, Garrincha foi decisivo, marcando dois gols e conduzindo o Brasil à vitória por 4 a 2. Sua atuação levou um jornal chileno a questionar de qual planeta ele teria vindo.
Mesmo enfrentando uma febre alta na final contra a Tchecoslováquia, Garrincha jogou e ajudou o Brasil a conquistar o título da Copa do Mundo pela segunda vez consecutiva.
Sua habilidade excepcional e liderança em campo foram fundamentais para a vitória da equipe brasileira.
Títulos e prêmios individuais
Títulos
- Botafogo – 17
- Torneio Interestadual Brasileiro: 1954
- Campeonato Carioca: 1957, 1961 e 1962
- Torneio João Teixeira de Carvalho: 1958
- Torneio Internacional da Colômbia: 1960
- Torneio Início do Campeonato Carioca: 1961, 1962 e 1963
- Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo: 1961
- Torneio Internacional da Cidade do México: 1962
- Torneio Rio-São Paulo: 1962 e 1964
- Torneio de Paris: 1963
- Torneio Governador Magalhães Pinto: 1964
- Torneio Jubileu de Ouro da Associação de Futebol de La Paz: 1964
- Torneio Quadrangular do Suriname: 1964
- Corinthians – 2
- Torneio Rio-São Paulo: 1966
- Copa Cidade de Turim: 1966
- Flamengo – 1
- Copa Mohamed V: 1968
- Seleção Brasileira – 9
- Taça Bernardo O'Higgins: 1955, 1959 e 1961
- Superclássico das Américas: 1957
- Taça Oswaldo Cruz: 1958, 1961 e 1962
- Copa do Mundo FIFA: 1958 e 1962
Prêmio individuais
- Melhor jogador do Campeonato Carioca: 1957, 1961 e 1962[65]
- Ballon d'Or da France Football: 1962
- Melhor Jogador da Copa do Mundo FIFA: 1962[66]
- Seleção da Copa do Mundo da FIFA: 1958 e 1962
- Seleção do Ano (World Soccer): 1962[67]
- Hall da Fama da FIFA: 1999[68]
- Seleção da América do Sul do Século XX (IFFHS): 2000[69]
- Hall da Fama do Futebol Mexicano: 2011[70]
- Lendas do Futebol (IFFHS): 2016[71]
- Bola de Ouro Dream Team (Segunda Equipe): 2020[72]
- Maior ídolo da História do Botafogo (O Globo): 2020[73]
Honrarias
- Busto de Garrincha na Sede do Botafogo
- Busto na Sede do Botafogo Futebol e Regatas [74]
- Busto no Estádio Olímpico Nilton Santos [75]
- Calçada da Fama do Maracanã [76]
- Estátua no Museu do Botafogo [77]
- Calçada da Fama da Neo Química Arena[78]
Declínio e fim de carreira
Garrincha enfrentou o declínio de sua carreira a partir de 1963, quando grandes clubes europeus tentaram adquiri-lo, mas o Botafogo não aceitou o acordo proposto.
Seu joelho já apresentava problemas, e o médico da Seleção alertou para a necessidade de uma cirurgia, que Garrincha recusou. O Botafogo o forçou a participar de amistosos, afetando sua saúde física e mental.
Em 1964, Garrincha finalmente se submeteu à cirurgia, passando o ano em recuperação. Por questões financeiras e problemas pessoais, ele decidiu continuar jogando em 1965, mas sua condição física deteriorada afetou seu desempenho.
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Ele passou por diversos clubes, como Corinthians, Portuguesa Santista, Fortaleza, Flamengo e Olaria, mas sua capacidade de jogo já não era a mesma.
Sofrendo com lesões e lutas pessoais, encerrou oficialmente sua carreira em 1972, embora tenha jogado algumas partidas de exibição até 1982. A trajetória de Garrincha como jogador de futebol chegava ao fim.
Vida pessoal
Garrincha enfrentou sérios problemas financeiros e pessoais, mergulhando em dificuldades conjugais e de saúde. Em janeiro de 1983, aos 49 anos, ele faleceu no Rio de Janeiro, vítima de cirrose hepática decorrente do alcoolismo, após várias internações no ano anterior.
Seus últimos anos foram marcados por um declínio físico e mental, levando-o a um estado de esquecimento, embora sua morte tenha reunido milhões de fãs e amigos em sua procissão fúnebre, homenageando-o do Maracanã a Pau Grande.
Seu epitáfio, “Aqui jaz em paz aquele que foi a Alegria do Povo – Mané Garrincha”, reflete sua importância no futebol brasileiro. Sua associação com a bebida alcoólica, especialmente cachaça, era amplamente conhecida, a ponto de algumas marcas trazerem seu nome.
O legado de Garrincha
Jogador a frente do seu tempo, Garrincha foi um dos maiores nomes do esporte brasileiro. Defendendo as cores do Botafogo o atleta era um dos poucos que batiam de frente com o Santos de Pelé.
Mesmo com “as pernas tortas”, o atleta é uma lenda do futebol. Vale ressaltar que alguns torcedores que o viram jogar o coloca até mesmo maior que Pelé.
A verdade é, Garrincha e Pelé foram nomes lendários do esporte brasileiro e com certeza o jogador do clube carioca é lembrado até hoje por isso.
Carioca, formado em geografia e gestão desportiva, Rafael Singelo é apaixonado por esportes em geral e, principalmente, por futebol.